Lina DC 16/04/2016A história começa em julho de 1980 em Damasco, Síria. Narrado em primeira pessoa pelo protagonista, observamos uma situação crítica: ele, sua mulher e filha estão em perigo. Inicialmente é confuso para o leitor, pois sentimos a tensão que transborda das páginas. O protagonista é um agente secreto e sua visão poderia ser vista como paranoica. Infelizmente ele tem motivos para isso, pois logo no início sua mulher é assassinada e ele precisa sumir da vida de sua filha, deixando-a com os avôs maternos.
Anos se passam. Décadas. A bebê sobrevivente se torna uma mulher. No final do ano de 2013 Klara Walldéen tem um emprego estável no Parlamento Europeu em Bruxelas, Bélgica e um pseudo relacionamento com Cyril Cuvelliez. Pseudo porque Klara sempre foi introspectiva, apesar da necessidade de se conectar com outras pessoas. Ter perdido a mãe cedo e nunca ter ouvido falar do pai a deixaram vivendo na borda emocional.
Mas ela teve alguém em seu passado que foi importante quando ela estudava em Uppsala na Suécia: Mahmoud Shammosh.
Mahmoud também tem suas dificuldades em expor os sentimentos e por conta disso, o relacionamento dos dois terminou. Só que agora ele anda recebendo ligações estranhas e mensagens que o remetem a seu passado sombrio. Então ele resolve procurar ajuda de Klara, a única pessoa em quem ele confia no momento.
Em paralelo, temos George Lööw que trabalha na Merchant & Taylor, a maior empresa de relações públicas do mundo. Seu papel inicialmente é estranho, mas vai ganhando forma conforme a trama avança. George é arrogante, cheio de si e tem uma visão bem prática do mundo. Em alguns momentos se mostra alguém inescrupuloso, interessado apenas se favorecer.
Quando Mahmoud encontra-se com Klara a ação propriamente dita começa. Os dois percorrem toda a Europa em busca de respostas e de um lugar seguro.
A obra tem capítulos alternados em torno desses quatros protagonistas: o agente, Klara, Mahmoud e George. Apenas o agente secreto é narrado em primeira pessoa. Por não sabermos sua real identidade, a narração em primeira pessoa possibilitou um tom intimista e permitiu ao leitor conhecê-lo um pouco mais. É um homem que vive como um camaleão, disfarçando-se em vários ambientes, mas que tem um único propósito pessoal: vingança.
A trama como um todo é muito bem desenvolvida e prende a atenção do leitor do começo ao fim. As diversas perspectivas dá uma visão panorâmica dos acontecimentos e faz com que o leitor se prenda ainda mais a história. A escrita do autor é simples e direta, com uma linguagem concisa e fluida. Há um certo lirismo nas descrições, principalmente nos trechos de primeira pessoa, quase poéticos.
Em relação à revisão, diagramação e layout a editora realizou um ótimo trabalho.
"Toda vez que a abraço é a última vez que a abraço. Soube disso desde o primeiro momento. E, quando você voltou e segurei nossa filha em meus braços insones, tudo o que pude pensar foi: "Está é a última vez"." (p. 09)
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