Paralelo 42

Paralelo 42 John Dos Passos




Resenhas - Paralelo 42


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Daniel Rolim 26/05/2010

Paralelo 42 é o livro mais criativo que eu já li; com diversas histórias, biografias, poemas, colagens de jornais da época, e, ao estilo de James Joyce, o recurso do "olho da câmera". Ao final do livro, tem-se a impressão que os primeiros 30 anos do século XX nos EUA foram passados na sua cabeça em pouco tempo, como num filme. Mas, o mais espantoso, o leitor fica com a incômoda sensação de que presenciou tudo aquilo realmente, que viveu o período, e o relembra agora com imensa nostalgia.
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Mario Miranda 21/04/2019

O sonho americano em discussão
"Dos Passos inventou apenas uma coisa, uma arte de contar histórias. Mas isso é o bastante... Eu o considero o maior escritor dos nossos tempos."
J.P. Sartre

John dos Passos - autor norte-americano filho de portugueses - foi um dos maiores integrantes da "geração perdida", que contava com outros nomes de relevância, como Hemingway e Fitzgerald, numa época que a literatura nos deu Autores como Faulkner, Thomas Mann, Camus, S. De Beauvoir, além do próprio Sartre, atento observador da qualidade literária de Dos Passos.

A Trilogia USA, da qual Paralelo 42 é a primeira obra, visa reconstruir o universo estado-unidense do início do sec. XX.

A obra não é centrada em um personagem exclusivo. Ao contrário, no melhor estilo modernista que a geração anterior - Virgínia Woolf, James Joyce - nos forneceu, é separado em três estruturas narrativas distintas: i) um personagem não-nominado que narra sua história; ii) recortes de jornais da época; e iii) a história de cinco personagens que tentam, a qualquer custo, sobreviver a evolução capitalista dos Estados Unidos.

Se pudéssemos materializa-lo, o personagem central seria o "sonho americano", a crença generalizada de que pessoas determinadas têm o seu sucesso garantido naquele país. A visão a época de Dos Passos, representada em seus personagens, é que a crença é mais uma falácia do que uma realidade do capital.

site: https://www.instagram.com/marioacmiranda/
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Lista de Livros 23/12/2022

Lista de Livros: USA (01): Paralelo 42, de John dos Passos
“A comida é o último prazer do velho.”
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“— Evidentemente, não podemos ter certeza, mas todas as minhas melhores decisões são tomadas de estalo.”
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“- Todo o meu futuro eu já deixei para trás.”
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jota 18/09/2023

Primeiro volume de uma trilogia, conta a história de cinco personagens singulares ao mesmo tempo em que desenha um panorama social e político dos EUA no início do século passado
Entre os anos de 1930 e 1936 o escritor americano John dos Passos (1896-1970), de ascendência portuguesa, publicou sua trilogia USA, composta pelos seguintes títulos: Paralelo 42, 1919 e O Grande Capital. Com esses volumes ele buscava traçar, através da ficção, um extenso painel social e político dos Estados Unidos das décadas iniciais do século passado. Um tempo em que o país ainda não era a potência em que se viu transformado nas décadas seguintes. Claro está que a leitura da trilogia por si só não vai substituir os livros de história sobre o período, mas ela contribui bastante para entender a alma do pais, dos seus habitantes.

Paralelo 42 se passa entre 1900 e 1918, quando termina a guerra na Europa. Ocupando em sua maior parte a região central da América do Norte os Estados Unidos localizam-se a 42 graus do plano equatorial terrestre, e isso tem a ver com o conteúdo da obra, claro. Os personagens principais, que são cinco - Mac, Janey, Eleanor, Ward e Charley - todos em busca de sucesso e ou riqueza, provêm de diversas regiões do país e viajam pelo território enquanto se desenrolam suas histórias. Quase todos acabam de um modo ou de outro atingindo Nova York, já uma grande e importante cidade, que atraía não apenas americanos, igualmente estrangeiros. Sindicatos, trabalhadores, empresários, fábricas, oficinas, ferrovias, portos etc. adquirem grande importância na narrativa.

Aqui e ali aparecem também vários personagens que de fato existiram, como Thomas Edison (1847-1931), chamado por dos Passos de o mago da eletricidade, que ganhou seis páginas de texto. Da mesma forma, é destacado todo o trabalho de Andrew Carnegie (1835-1919), o milionário magnata do aço, nascido na Escócia. Os capítulos iniciam e terminam com notícias de jornais, trechos de canções, pequenas biografias, citações, etc., uma colagem que agradou profundamente o francês Jean-Paul Sartre, que anotou: "Dos Passos inventou apenas uma coisa, uma arte de contar histórias. Mas isso é o bastante... Eu o considero o maior escritor dos nossos tempos." Bem, mas e Fitzgerald, Hemingway, Steinbeck etc.?

Para o leitor comum a invenção de dos Passos, elogiada pelo autor francês (as colagens ou recortes), ajudaria muito se ele tivesse um ótimo conhecimento da história e da cultura norte-americana do período. Mesmo que não tenha, entretanto, isso não vai atrapalhar tanto assim, pode-se ficar sem entender alguma (ou muita) coisa dos recortes, pois o que importa mesmo são as histórias dos cinco personagens, o que há de melhor no volume. Elas não são narradas exatamente em sequência, mas em diversos capítulos espalhados pelo volume entre as colagens, exceto a história de Charley Anderson, que fecha o livro, contada de uma vez só. Esse jeito diferente de narrar ganhou não apenas a admiração de Sartre, também os elogios de Norman Mailer e de muitos especialistas em literatura americana.

Finalmente: me parece que as narrativas de Paralelo 42 ficam melhores se o leitor não seguir a disposição dos capítulos como eles aparecem na edição e ler a história de cada um dos personagens, começando com Mac, passando por Janey, Eleanor e Ward e terminando com Charley. Depois pode ler os tais recortes, as colagens, as pequenas biografias etc., sem prejuízo algum para o entendimento total da obra. Vale a pena conhecer a trilogia USA ou mesmo este ou aquele volume apenas: eles podem ser lidos separadamente.

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