Carous 09/06/2020Eu não gostei deste livro aka preparem-se para uma resenha longa.Nunca li nenhum outro livro da autora, apenas um conto, mas tenho certeza de que este não é o melhor que ela já escreveu.
A primeira parte vai muito bem. Reid apresenta como a relação entre Jesse e Emma começou e como a relação entre Sam e Emma se iniciou. Eu tinha alguns comentários a fazer, mas guardava pra mim porque, no geral, estava focada na leitura. Após metade do livro - literalmente - já não pude mais ignorar o incômodo. De repente a narrativa ficou melodramática e já não gostava tanto dos personagens - principalmente Emma e Sam.
A prosa dela é deliciosa, o que te faz avançar na leitura sem perceber e, no meu caso após 50% do livro, mesmo que não estivesse curtindo.
Gostei mais quando Emma contava sobre sua vida do que a questão principal do livro: "Quem Emma vai escolher?". Porque apesar de ser o ponto principal da história, eu não poderia me importar menos. O problema não é Jesse nem Sam. Eles são caras legais [naturalmente ambos são bonitos. Do tipo mais comum em romances como esse porque o amor em livros nunca é reservado a pessoas normais ou feias. Eu ficaria mas tranquila se Emma tinha enfatizado que >para ela< Jesse e Sam são absolutamente lindos, mas que os demais personagens não viam nada demais.], suas personalidades foram apresentadas, mas não os achei marcantes. Não tinha torcida, só queria uma boa história.
Porém, após umas páginas, minha torcida tendeu pro lado do Jesse. Sam tinha uma vibe tão esquisita. É compreensivo e bonzinho demais. Em um diálogo com Emma ele insinua que ela deve a ele escolhê-lo já que ele a ama desde a adolescência, mas ela não correspondeu na época, só depois que eles se reencontram quando são adultos. Não achei legal.
Em outra passagem, Emma comenta como ele a corta quando ela está falando da amiga porque quer falar sobre eles. Achei ridículo.
E o principal: no mesmo dia em que Jesse retorna para casa, Sam fica como abutre em volta da carne questionando Emma se ela já sabe o que fazer (óbvio que não).
Não ter capítulos narrados por Sam nem por Jesse pode ter prejudicado minha conexão com eles e a má impressão que tive de Sam.
Um verdadeiro balde de água fria para mim foram as mudanças que Emma sofreu. Eu gostava dela no início porque ela parecia original. Filha de livreiros que não gosta de livros. Herdeira de uma livraria que quer qualquer coisa menos assumir os negócios da família porque é o desejo dos pais. Ela queria tanto trilhar seu próprio caminho, ganhar experiências e ver o mundo, mas no final se contentou em ser a filha que os pais queriam que ela fosse.
Não é uma crítica a mudar de ideia. Rearranjar a vida é normal. Mas todos os planos que a Emma adolescente fez para si pareceram petulância só pra afrontar seus pais. Também achei desagradável que a relação deles só tenha melhorado quando ela começou a ser a filha obediente que eles sempre quiseram que ela fosse.
A meu ver, Emma fica dividida entre o marido e o noivo porque tem uma visão limitada de amor. Só se pode amar intensamente e só se pode amar uma pessoa assim. Enquanto a existência de relações não- monogãmicas é esquecida no churrasco. Isso pouparia de tanto drama e indecisão.
Eu nem sei o que comentar sobre Emma transando ora com o marido ora com o noivo. As prioridades delas estavam meio distorcidas.
A cota "tem que aprender a voar" by Glória Perez é a explicação de como Jesse sobreviveu ao acidente. Nem completamente chapado (o leitor, no caso) dá pra engolir.
No fim, a sequência de decisões que TJR tomou para sua história e para seus personagens que estragaram a leitura para mim. Ela tem o direito de escrever como quiser e eu de não gostar. Sei que tudo resultou no meu arrependimento de ter pego este livro para ler.
P.s.: Talvez esteja amargurada que Emma não demonstrou apoio ao marido quando ele voltou dos mortos. Nem felicidade. Ela só queria resolver logo com quem ficaria e seguir em frente. Sempre seguir em frente. Nunca vi alguém mais obcecada em segui em frente com a vida.
Nunca se comentou se ele teve estresse pós-traumático.