jota 04/11/2016Do jazz e de outros ritmos...Seis Contos da Era do Jazz e Outras Histórias começa muito bem, com um ótimo ensaio introdutório de Brenno Silveira, A Era do Jazz e F. Scott Fitzgerald; ele também é o tradutor desta edição. São 34 páginas em que Silveira nos fornece um extenso panorama da história dos EUA do tempo de Fitzgerald e também muita informação sobre a literatura do autor de O Grande Gatsby.
Depois temos outra Introdução, mais curta (são 9 páginas apenas), mas não menos interessante, pois foi escrita pela filha de Fitzgerald, Frances Fitzgerald Lanahan, que procura esclarecer algumas coisas sobre seu pai e a mãe (Zelda). Ela insiste em que o pai não foi um escritor apenas da era do jazz: conforme o lendário editor Maxwell Perkins, citado por Frances, Fitzgerald transcendia esse tempo, ele "(...) não pertencia a nenhuma época em particular, mas a todas as épocas..." Por isso é que é reconhecido como um dos grandes autores americanos, como o são Ernest Hemingway ou William Faulkner, para citar apenas dois.
Esta edição da José Olympio traz nove contos que para alguns críticos estão entre as melhores obras curtas que F. Scott Fitzgerald escreveu nos anos 1920, a chamada Era do Jazz. Outros contos conhecidos dele podem ser encontrados numa edição de 2004 da Companhia das Letras, 24 Contos de F. Scott Fitzgerald, traduzidos por Ruy Castro, que também reúne o que de melhor em contos escreveu Fitzgerald, cerca de 160 histórias. Acho que essas histórias ficam melhores quando lidas intercaladas com outras leituras mais longas. Li enquanto lia/leio o volumoso e fabuloso livro de John Irving, As Regras da Casa de Sidra.
Temos aqui, pela ordem: O Boa-Vida; As costas do camelo; O curioso caso de Benjamin Button; Tarquínio de Cheapside; "Ó feiticeira ruiva"; O resíduo da felicidade; O conciliador; Sangue ardente, sangue frio; A soneca de Gretchen. Ainda que um ou outro conto tenha um fundo humorístico, seja em parte engraçado, contenha uma ou outra anedota etc. - e o melhor exemplo disso é, sem dúvida, As costas do camelo, que você pode terminar de ler com um sorriso nos lábios -, a maioria dessas histórias encerra certa dramaticidade, como é dramática em maior ou menor escala a vida de todos os seres humanos. Do mesmo modo que foi dramática a imaginária vida de Benjamin Button, vivida de trás para frente...
Lido entre 20/10 e 04/11/2016. Minha avaliação: 4,2.