César Augusto 16/06/2022
Horrores que jamais devem ser esquecidos
Em pouco mais de um ano, cerca de 260 mil judeus europeus foram mortos em câmaras de gás no campo de extermínio de Sobibor, na Polônia ocupada pelos nazistas, o menor dos campos destinados exclusivamente à execução da Solução Final de Hitler, até a revolta e fuga em massa ocorrida em 14 de outubro de 1943, com pelo menos 400 fugitivos obtendo sua liberdade (mas um número bem menor testemunhou o fim da guerra dois a os depois) e o local sendo destruído pelos nazistas para tentar esconderem os crimes A gênese da fuga e os percalços até sua realização são narrados com base em relatos de sobreviventes, procurados pelo escritor americano Richard Rashke no início dos anos 1980, que conseguiu derrubar a barreira do silêncio e do medo dos que fugiram daquele inferno em contar seus dramas (no livro fica bem explicada a razão). Além de narrar os terrores vividos pelos prisioneiros, as surras, os assassinatos e o comportamento animalesco de comandantes e guardas, também são mostradas as dificuldades enfrentadas pelos fugitivos após o êxito da ação: muitos conseguiram abrigo de antigos vizinhos, mas muitos foram traídos pela ganância e o ódio de poloneses antissemitas, que levou à morte vários dos que escaparam de Sobibor. O livro serviu como base para o telefilme "Fuga de Sobibor", de 1987 (cabe ressaltar que, em muitas resenhas sobre o filme, Rashke é identificado equivocadamente como um dos sobreviventes). É uma obra dolorosa de ler, sobretudo na parte em que o autor narra como foram seus contatos com os sobreviventes e a forma como ficaram marcados pela tenebrosa experiência.