40 novelas

40 novelas Luigi Pirandello




Resenhas - 40 Novelas


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Anica 11/10/2011

40 Novelas (Luigi Pirandello)
Embora seja mais conhecido como dramaturgo, o siciliano e ganhador do Prêmio Nobel Luigi Pirandello (1867-1936) produziu literatura dos mais variados gêneros, incluindo a poesia e as novelas. São essas que se encontram reunidas no volume 40 Novelas que faz parte da Coleção Prêmio Nobel da Companhia das Letras, com seleção, tradução e (excelente) prefácio de Maurício Santana Dias. Todos os textos dessa coletânea depois foram desenvolvidos por Pirandello em peças de teatro (das 40, 31 peças foram originadas), por isso serve como apresentação para os que não conhecem o autor, e como aprofundamento para quem já conhece a porção dramaturgo de Pirandello.

As novelas presentes na coletânea lembram muito a definição que Nádia Gotlib apresenta em Teoria do Conto: não tanto ligada ao tamanho do texto (alguns são curtos o suficiente para serem definidos como contos), mas por levar “a marca do eu criador (…) que tenta representar uma parcela peculiar da realidade, segundo seu ponto de vista único”. São indiscutivelmente marcados por um tom único que só Pirandello conseguiria imprimir aos pequenos retratos daquela Itália de Pirandello, vivendo a transição do passado com a modernidade, e talvez por isso mesmo misturando a melancolia com o humor de um jeito único. São pequenos recortes, alguns de momentos até bem banais (como o da novela que abre a coletânea, Limões da Sicília), com outros que trazem um toque sutil de fantástico, como O filho trocado.

Considerando as novelas o que Maurício Santana Dias chama no prefácio de “laboratório teatral” de Pirandello, é interessante notar como são realmente proto-roteiros, dando pouca atenção para o espaço em sua maioria, e focando muito mais na fala das personagens (algumas novelas como Com a morte em cima são só diálogos) ou nas motivações e o psicológico dessas – como fica nítido em O ninho. Essa característica do texto de Pirandello o torna extremamente atemporal, soa ainda moderno, tanto que é uma surpresa para o leitor quando em dado momento bate os olhos em palavras como “charrete” e aí lembra que são textos do início do século passado.

Dá para perceber também que Pirandello experimenta bastante. As novelas não são organizadas em ordem cronológica, mas dá para perceber como o autor vai tentando coisas novas em seus textos aos poucos, mesmo com a chegada ainda tímida do humor que então aparece firme em textos como Não é coisa séria (que termina com a engraçadíssima frase “Perezzetti se casara para se resguardar do perigo de contrair matrimônio“) ou quando passa a adotar o foco narrativo em primeira pessoa (o mais recorrente é em terceira), como em Tirocínios ePersonagens.

Aliás, Personagens somado com A tragédia de um personagem e Conversas com personagens são o ponto alto da coletânea, sem dúvida os melhores textos dos 40. Essas três novelas se transformaram na peça Seis personagens em busca de um autor, uma das peças mais famosas de Pirandello. Aqui, o autor constrói uma ironia sobre a atividade do escritor, da sua criação. O humor se constrói principalmente no choque entre o real (representado pelo narrador) e a ficção (representada pelos personagens). São realmente ótimas histórias, que fazem por si só já fazer toda a coletânea valer a pena.

Mas é evidente que isso não quer dizer que os outros textos de Pirandello não sejam bons. Alguns deles mexem muito com as emoções do leitor, como por exemplo O Ninho, no qual você sente a força do texto, do drama criado pelo autor principalmente quando chega nos momentos finais da história. É difícil ler alguma novela e depois não ficar com alguma curiosidade sobre como ficou a peça de teatro da qual ela se originou.

Considerando a qualidade dos textos, mais o fato de terem sido traduzidos por alguém que entende de Pirandello (pense em nota de tradutor que explica o uso da palavra coonestar, por exemplo), além dos mimos da edição caprichada da Coleção Prêmio Nobel, o livro é uma boa pedida não só para quem quer conhecer Pirandello, mas para quem está um pouco cansado daquele mesmo grupo de escritores anglófonos que volta e meia acabamos lendo. A coletânea saiu também pela Coleção Listrada.
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luizhenriquefcunha 22/05/2020

Luigi Pirandello e suas personagens
Comprei este livro, anos atrás, por conta de uma pesquisa que fiz sobre a construção de personagens para a ficção literária. Lembro-me de ler primeiro a sequência "Personagens", "A tragédia de um personagem" e "Conversas com personagens". Em resumo, Pirandello faz audições com as personagens que lhe ocorrem para qualificá-las ou não para suas novelas. O tratamento do autor ao elemento "personagem" foi a maior influência para minha escrita e meu primeiro livro publicado. Não posso negar que este livro foi um março em minha história literária. Recomendo muito. Todas as novelas, ao final, revelaram um nível altíssimo de construção literária, para além da preocupação com as personagens.
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Gláucia 27/09/2016

40 Novelas - Luigi Pirandello
Apesar do título o volume reúne contos, publicados entre 1894 a 1916 e muitos serviram de base para várias de suas famosas peças. Fui lendo aos pouquinhos e gostei da maioria. Grande parte se passa no sul da Itália e traz personagens típicos da região vivendo situações peculiares, algumas gerando ambiguidade de escolhas e comportamentos com desfecho surpreendente e desenvolvimento elaborado.
Para ficar num exemplo amei o conto "A Morta e a Viva" onde um homem do mar se descobre viúvo, casa-se com a cunhada e eis que a morta estava apenas desparecida e retorna. E agora, o que fazer? Muito divertido e parece retratar bem o modo de pensar daquela sociedade tão conservadora.
Alguns contos parecem se repetir e certamente serviram de base à sua tão citada e encenada peça "Seis Personagens em Busca de Autor".
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Ramon 21/03/2010

Coletânea tão desigual quanto fascinante. Interessante notar o movimento e afastamento gradual destes textos, de um neo-realismo um tanto rotineiro e tedioso a um fascinante absurdismo: histérico, absurdo,surreal, filosófico,energético e profundo.Os contos escritos a partir da segunda metade dos anos dez do século XX por si só já valem o investimento.
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