@livrodegaia 27/03/2016
Rainha das Sombras (4º volume da série Trono de Vidro) - Selene de Anjos da Noite (Underworld), versão feérica, loira, boca suja e respondona.
Conheci a série Trono de Vidro por indicação da Maria Angélica do canal Vamos Ler (obrigada, Geli!), e posso dizer que hoje sou obcecada pelo universo criado pela Sarah J. Maas. Depois que iniciei a leitura em fevereiro deste ano durante o Carnaval, foi um volume atrás do outro. São livros que "atrapalham" a vida do ser humano. Digo isso, porque fiquei completamente absorta e quando não estava lendo, me pegava pensando na história, nos personagens ou tentando prever o futuro da série, ou seja, virei refém e só sosseguei (?) depois que abracei tudo que já foi publicado. Depois veio a fase da "sofrência": aguardar o próximo lançamento.
Vários fatores me levaram a me apaixonar pela série:
1- A escrita da Sarah é poderosa, diferente de tudo que já li (pelo menos não me lembro de ter lido nada parecido), porque apesar da narrativa ser em terceira pessoa, a autora passeia pelo ponto de vista de vários personagens, logo, conseguimos ter uma boa noção do todo, não ficamos presos à apenas uma linha de raciocínio. Essa também foi uma ótima maneira de surpreender, porque a protagonista conseguiu guardar vários segredos que foram sendo revelados aos poucos, e isso só foi possível, porque nós, leitores, não ficamos ilhados na cabeça dela.
2- Os personagens foram MUITO bem construídos, tanto os mocinhos quanto os vilões (menção honrosa à Harobin Hamel que lacrou como antagonista). Todos têm uma personalidade marcante, têm seus conflitos pessoais, sua história de vida que, em algum momento, logicamente, acaba se ligando a da protagonista.
3- A personagem principal, Celaena/Aelin, é incomum justamente por ser uma assassina, guerreira, casca dura, forte, destemida, segura de si, cheia de iniciativa, dona do próprio destino, mas ao mesmo tempo, feminina e vaidosa. Ela não precisa ser salva por ninguém, ela simplesmente vai lá e faz, e ai daquele que se colocar na frente da espada dessa mulher. Ela não perdoa. Ela é F*! Celaena/Aelin me lembra muito a Selene de Anjos da Noite (Underworld) em alguns aspectos, como por exemplo, sua desenvoltura numa luta, sua independência, insubmissão e principalmente no quesito guarda-roupa, porque em várias passagens dos livros aparece algo do tipo: "ela parecia a morte encanada vestida toda de preto". Nessa hora eu sempre imaginava a Selene versão feérica, loira, boca suja e respondona.
4- Os diálogos são bem elaborados, cheios de significados e de ironias. Não são aquelas conversas previsíveis, rasas, chatas e manjadas, muito pelo contrário, são bem trabalhadas, inteligentes.
5- A trama é uma fantasia deliciosa envolvendo a realeza, humanos, criaturas místicas, seres malignos e muito mais! Uma mistura de ação, mistério, suspense, intrigas, armações e romance. Tem um tom bem sombrio, violento, mas também tem um toque de humor e amor. É uma montanha russa de emoções. O leitor fica apreensivo, sente medo, arrepio, até nojo, mas também torce pelos personagens que ora arrancam suspiros e risadas, ora levam lágrimas. Um verdadeiro turbilhão de sentimentos.
6- Os CRUSHES desta série são sensacionais. Uma obra prima à parte! A Sarah J. Maas sabe, definitivamente, criar um clima de romance como ninguém. Sério! E o mais engraçado foi ela conseguir trocar o chush da Aelin de modo a convencer o leitor (a maioria pelo menos) a acompanhar essa mudança (foi a primeira vez que eu simpatizei com um, depois torci pra outro, depois gostei dela com o companheiro de infância e finalmente me peguei shippando loucamente a protagonista com um certo carinha de orelhas pontudas). O bacana é que tudo acaba rolando naturalmente, de forma convincente. Aqui não tem aquele amor-relâmpago do tipo "olhou, ferrou". Não. Tudo acontece de forma gradual e vai esquentando. Desconfio que seja uma técnica para manter o leitor sempre ávido por mais romance, e se for isso mesmo, olha... a Sarah foi MUITO bem-sucedida nessa empreitada.
No quarto volume, a autora amarra bem alguns pontos que ficaram em aberto nos livros anteriores: Aelin retorna a Adarlan, consegue resolver, de uma vez por todas, sua história mal-acabada com Harobin Hamel; reencontra Aedion; a questão do Dorian, que tinha sido dominado por um príncipe Valg, tem seu desfecho; o interesse amoroso da Aelin é finalmente definido (pelo menos eu acho que agora não tem mais como mudar); Aelin ganha uma nova melhor amiga que, ironicamente, é uma velha inimizade da nossa protagonista; ficamos sabendo um pouco mais sobre as monstruosidades que estão sendo criadas em Morath; os caminhos dela e de Manon se cruzam; a Corte da Rainha de Terrasen se reúne para enfrentar o Rei de Adarlan. De uma forma bem sucinta e tentando evitar spoilers, é isso que acontece basicamente.
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Agora, peço licença para tecer alguns comentários com spoilers. Eu ia começar falando das partes que mais gostei, mas foram tantas que resolvi me ater apenas a mais memorável, a que me fez sorrir feito uma tonta: o reencontro de Aelin e Rowan. O que foi aquilo, gente? Perfeito! Todos os momentos desses dois juntos foram perfeitos. A química, toda aquela tensão sexual entre eles é de matar!
Aproveitando o gancho, já que estamos falando do interesse amoroso da Aelin, nada mais justo do que comentar algo que está me incomodando a respeito da situação do Chaol. Gente, eu era #TeamChaol antes de ler Herdeira de Fogo e, ironicamente, morria de medo de deixar de ser, porque havia lido alguma coisa sobre o rompimento deles ser definitivo. Mas como já disse, tudo foi acontecendo de forma tão natural com Rowan que quando dei por mim já estava shippando.
No entanto, quando olho em retrospecto, não consigo deixar de pensar que a história de Celaena e Chaol também tinha tudo pra continuar sendo linda, porque foi linda, e justamente por isso não entendo a hostilidade descarada entre os dois. Sabe, é como se nada tivesse acontecido entre eles. NADA. É como se a autora estivesse mandando uma mensagem para nós leitores dizendo: "Olha, desse mato não sai mais coelho". Ok! Aelin está em outra, beleza, a gente entende, mas havia necessidade dela e Chaol virarem quase desconhecidos, por que não dizer, inimigos? Não sei... Fiquei triste principalmente por conta do Capitão que, de certa forma, foi muito maltratado nesse quarto volume. Concordo que ele tomou algumas atitudes absurdamente equivocadas, mas foi tentando acertar, e qual personagem dessa série não fez merda em algum momento? Poxa, a Celaena está aí e não me deixa mentir. E o mais chocante de tudo isso foi que ELA, mais arrogante do que nunca, foi quem mais esculachou o Capitão, que aliás, já estava se sentindo um lixo sem precisar da ajuda de ninguém. Sabe chutar cachorro morto? Então... Aí, pra completar a esculhambação, geral sai ileso da invasão ao Castelo com exceção de quem? De quem? Enfim... Fiquei com dó.
Fora esse fato que me incomodou um pouco e que não teria como deixar de mencionar, continuo achando essa série incrível, uma das melhores que já li. Falta muito pra data de lançamento da continuação? 5 estrelas com certeza!
27/03/2016