Andréa Bistafa 28/04/2016http://www.fundofalso.com"Pois deveria saber. É por isso que é tão difícil assistir a filmes desse tipo. Queremos que ela saiba. Queremos que se defenda e a desprezamos pelo perigo não passar pela cabeça dela, Mesmo que a culpa seja obviamente do cara que a mata. A questão é que o filme faz com que o criminoso pareça uma força da natureza - irrefreável -, e a virgem fica sendo a idiota que não checou a previsão do tempo antes de sair a noite, para verificar se havia um alerta para assassinatos em série."
Profundo foi um daqueles livros que criei muita expectativa sobre o tema central e não fui completamente atendida, mas o romance presente, encheu meus olhos.
A trama já começa com as fotos de Caroline sendo espalhadas pela internet. Fotos nuas, de Caroline praticando sexo oral no namorado. Ex namorado, pois ela havia terminado com ele alguns dias antes.
A trama trata de vingança porno (revenge porn), ato esse que pode gerar muito trauma a vítima, em último caso, até mesmo suicídio.
Eu fiquei um pouco decepcionada pois esperava maior detalhamento desse tema, que poderia ter sido bem mais forte. Mas o que encontrei na obra foi o seguinte: Caroline havia se apaixonado pelo garoto problema que se mudou para próximo a sua porta no campos da faculdade. Ela se apaixonou, ainda que negasse isso a si mesma, já que o rapaz era o traficante de substancias ilícitas do campos. Ela acabou terminando com o namorado, mas não para ficar com West, o badboy, mas por não ser mais apaixonada por ele. E então ela recebe a notícia, todos a haviam visto nua, fazendo boquete, e agora era uma puta.
De início, ela se desesperou, mas encarou muito bem até toda a situação. Não achei que a autora retratou com peso suficiente o que esse ato causaria na vida de uma menina tão politicamente correta como ela, afinal, aos dezenove anos e na faculdade a galera não perdoa nada. O problema dela foi mais consigo mesma. O medo que a família descobrisse, o medo do julgamento dos outros. Ela ouvia vozes em sua cabeça, chamando-a de puta, vadia e acabou convencendo-se disso, que foi burra por ter permitido que as fotos tenham sido tiradas. Mas peraí, ela não permitiu, ele simplesmente fez e ela aceitou pois era o tipo de namorada que faz de tudo para agradar.
Mas tudo isso, todo esse conflito interno foi pouco explorado já que logo no inicio ela já se envolve com West, que gosta dela, não liga para isso e também nutria uma paixão secreta.
Essa paixão secreta de West não me convenceu. Ele é um garoto sofrido, de uma família problemática, onde o pai abandona e volta com sua mãe, que é loucamente apaixonada, durante anos a fio. A mãe negligencia a irmã mais nova de West e ele sai em busca de uma vida melhor para sua irmã, ainda que tenha de fazer coisas ilegais para chegar ao seu objetivo. A autora cita drogas e sexo em troca de privilégios. Um rapaz tão vivido, que já fez tanta coisa errada, simplesmente se apaixonar a primeira vista pela tonta da Caroline, me deixa um pouco incrédula. Mas tudo certo, porque não né?
A partir dai, ambos vão se descobrindo, sem assumir um relacionamento, sem assumir uma amizade, sem nada, só se amam sem compromissos, cheio de medos e inseguranças.
"West nem precisa de palavras para deixar claro o que foi dizer ali.
Minha. Minha, minha, minha.
Mas não sou dele. Sou minha."
Então chega na parte em que eu não sei se gostei ou não do livro, pois ele não preencheu minhas expectativas para com o tema, mas em contra partida, ele me encantou com um amor tão despreparado. Com a sutileza da aproximação do casal. Ainda que ambos pareçam meio idiotas, muitas das vezes falam coisas sem sentido, sempre sarcásticos, Caroline insegura demais como mulher, contra seus medos, ainda assim existe uma evolução até o fim desse primeiro livro muito grande. A descoberta de que sexo pode ser muito mais profundo do que o que ambos conhecem.
Depois de toda a enrolação do começo, superei a cabeça idiota da protagonista e passei a apreciar muito a leitura, onde a autora deixa claro o que o machismo faz, o que ele é. Enfim Caroline verá que a culpa não é dela. E eu estou ansiosa para ler o final de tudo isso no segundo livro, Intenso.
"Estou segura, bêbada e cansada de homens reivindicando meu corpo. Vagabunda, Nate escreveu na minha pele, e eu acreditei nele (...) Não sou má. Não sou boa. Estou apenas viva, dançando."
Não vá com sede ao pote pelo tema diferenciado, vá pelo romance, pois é muito bonito e vale muito a pena. Tem algumas cenas hots, mas é um livro New Adult, e o foco é mais psicológico do que erótico.
Para quem gosta de saber, a obra é escrita toda em primeira pessoa e os capítulos são intercalados por Caroline e West.
"Penso também na minha irmã Janelle, que sabe. Ela me mandou um e-mail. Um texto muito, muito longo que eu fechei sem ler, porque o primeiro paragrafo continha as palavras eu perdoo você, e eu não quero o perdão de ninguém."
site:
http://www.fundofalso.com/2016/04/resenha-profundo-robin-york.html#sthash.B5dED35F.dpuf