Tamara 29/05/2020
Quando acabei Prisioneiro da sorte, o meu melhor livro lido até o momento em 2020, fiquei com uma ressaca literária imensa, como se jamais fosse encontrar outra leitura interessante. Assim, resolvi que o melhor para curar uma grande ressaca seria ler algo semelhante, e por isso escolhi outro livro do autor Jeffrey Archer que já estava na minha lista há anos. A premissa de Filhos da sorte é interessante, e acompanhamos desde o início irmãos gêmeos que foram separados na maternidade por uma tentativa de alguém de consertar algo, e um cresceu junto a uma família simples de classe média, e o outro cresceu sendo o único herdeiro de um grande empresário, e embora a vida dos dois tenha tido oportunidades diversas de se cruzar, isso só acontece efetivamente quando um precisa salvar o outro da acusação de um assassinato.
Bom, falando assim parece que temos um suspense interessante ou um julgamento que ocupa muitas páginas, e isso infelizmente não acontece, e embora a sinopse narre essa defesa de um irmão para com o outro como um possível auge do livro, para mim isso não foi um grande destaque e posso dizer que a resolução desse embate foi até um tanto rasa e insignificante perante alguns outros pontos mais interessantes que encontrei no decorrer da narrativa. Mas, ainda assim, o que me agradou no livro foi acompanhar as vidas dos protagonistas, suas famílias, suas carreiras e conquistas, o que eu sei que com toda certeza não irá agradar a todos os leitores pois isso deixou a obra bastante descritiva e para os mais impacientes pode se dizer até mesmo que ficou tediosa em vários momentos, mas como eu adoro acompanhar a vida de personagens, mergulhar em seus mais íntimos segredos e explorar suas trajetórias eu gostei da dinâmica do livro e me deliciei com cada nova evolução, embora logicamente não posso dizer que foi melhor que Prisioneiro da sorte, que é uma obra-prima incomparável. Além disso, embora os dois livros do autor tenham títulos semelhantes ambos não tem nada a ver um com o outro e são obras que devem ser lidas individualmente. Outros fatores que posso dizer que me atraíram no livro foi a presença de breves descrições históricas, como a guerra do Vietnã, um mergulho em como se dá as eleições nos Estados Unidos bem como outras questões políticas.
Algo que senti falta foi uma exploração maior da parte sobre a separação dos irmãos na maternidade, pois foi algo que serviu apenas como ponto de partida mas não teve um grande significado dentro da trama na maior parte do tempo. Em suma, Filhos da sorte é uma obra boa, gostosa de ser lida, com temáticas bastante específicas mas que pode agradar os que gostam delas e para os interessados em histórias descritivas e que acompanham a saga de grandes personagens essa pode ser uma boa recomendação.