Luiza Helena (@balaiodebabados) 17/05/2016Originalmente postada em http://balaiodebabados.blogspot.com.br/No intercâmbio literário desse mês (http://balaiodebabados.blogspot.com/2016/05/intercambio-literario-9-maio2016.html), havia um lançamento que me chamou atenção mais que todos os outros. Esse lançamento era If I Was Your Girl, livro de estreia da autora Meredith Russo. Achei a premissa da história completamente diferente e muito atual. Apesar das zilhões de leituras, eu devorei esse livro nesse final de semana e hoje trago a resenha.
Amanda Hardy acabou de mudar de escola e tudo que deseja é fazer amigos. Porém um segredo do seu passado a impede de se aproximar muito das pessoas. Quando ela conhece Grant Everett, Amanda não consegue evitar que ele entre na sua vida. Porém, ela está apavorada que ele descubra seu segredo: Amanda costumava ser Andrew.
O livro é narrado em primeira pessoa por Amanda. Alguns capítulos contêm passagens de quando Amanda era Andrew e é bem visível o quanto ela sofria. Sofria por estar presa no corpo de um menino, sofria por conta dos pais - que não a entendiam -, sofria por conta do bullying. Mesmo depois que seu corpo virou Amanda, ela ainda sofria por conta do medo das pessoas descobrirem seu passado e o que podiam fazer com ela, caso descobrissem. Porém, ela não se deixava entregar e fazia de tudo para ter uma vida normal como qualquer adolescente.
Quando cheguei ao final do livro, cheguei a conclusão que essa não é uma história de uma garota transgênero e um menino que se apaixonam e tentam romper o preconceito sobre a relação. Essa é uma história sobre se aceitar como você é e encontrar a felicidade que você merece. Não importa se você é cis**, hetero, gay, lésbica, transgênero, você continua sendo uma pessoa normal como qualquer ser humano e merece ser feliz.
Uma onda de vertigem tomou conta de mim. Debrucei-me contra a parede e agarrei uma estante próxima. Minhas bochechas machucavam e meus olhos estavam começando lacrimejar novamente, mas parecia diferente.
- Você está bem? - mamãe perguntou, andando atrás de mim.
- Eu acho que posso ser alérgica ou algo assim. Eu me sinto meio estranha ... tipo flutuando e tonta.
-Você não está doente, querida - disse mamãe. Ela beijou meu rosto e me abraçou tão apertado que eu pensei que eu poderia quebrar uma costela. - Isso é alegria.*
Durante algumas pausas na leitura, eu estava me atualizando em Penny Dreadful e teve uma certa fala que me remeteu a todo esse assunto: as pessoas tem medo do que não entendem e por isso atacam. Quantas pessoas nessa situação sofrem ataques violentos, chegando a nem sobreviver, por conta do preconceito e do não-entendimento? Eu sei que o que acontece na vida real é bem pior do que algumas situações do livro, mas ainda assim eu acho importante vermos o outro lado. Eu nunca irei entender o que uma pessoa tipo Amanda passa, mas, a partir desse livro, percebemos que não é fácil.
Quanto ao romance entre Amanda e Grant, achei muito fofo com foi desenvolvida a relação entre os dois. Grant é muito amorzinho, engraçado e super cuidadoso com a família. A interação entre os dois arrancava sorrisinhos bobos de mim.
Outra relação que gostei foi de Amanda e seu pai. Ela poderia ter sido mais explorada, mas pelo que apareceu na história, foi bonito ver a reconciliação entre os dois. Não me matem, mas me lembrou um pouco a relação da Bella (Crepúsculo) com Charlie, seu pai. No início, eles eram dois estranhos que dividiam uma casa e, ao final da saga, percebemos o quanto mudou a relação e para melhor: virou uma relação de pai e filha de verdade. Assim que senti sobre Amanda e seu pai.
No fim do livro, Meredith escreve um recadinho tanto para seus leitores cisgênero quanto trans, explicando alguns detalhes da história. Eu achei que ela poderia ter explorado mais alguns aspectos, mas, para um livro de estreia e com um tema nesse estilo, achei que ela foi bem.
Espero muito que esse livro seja publicado aqui no Brasil porque todos devem conhecer essa história que trata de amizade, aceitação e a busca pela vida normal e felicidade.
Curiosidades sobre o livro:
- a autora é transgênero e o livro foi baseado em algumas de suas experiências
- a modelo da capa também é transgênero.
*Traduções feitas por mim
**Cisgênero: termos utilizados para se referir às pessoas cujo gênero é o mesmo que o designado em seu nascimento. Isto é, configura uma concordância entre a identidade de gênero e o sexo biológico de um indivíduo e o seu comportamento ou papel considerado socialmente aceito para esse sexo. (Fonte: Wikipédia) Ou seja, você se identifica com o sexo biológico que nasceu.
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