Guilherme Ramos 30/04/2020
O amor não é um jogo, muito menos um brinquedo.
No segundo livro da trilogia, com o amor não se brinca ainda teremos alguns personagens de sentindo na própria pele, a mais marcante é obviamente Tonha, mesmo embora neste livro não tenha muito destaque, toda a trama parece estar envolta da mesma.
Neste belo e encantador romance vamos conhecer Júlia a protagonista, uma ilustre e linda jovem quem ao chegar na fazenda São Jerônimo, desconsertará os pensamentos dos irmãos gêmeos Fausto e Rodolfo e mexerá fortemente com os sentimentos dos rapazes.
Como a capa sugere, o romance trata-se de um triângulo amoroso, que envolverá os personagens citados acima e aquele velho clichê do irmão bom versus o irmão mal disputando o coração da doce mocinha. Porém engana-se que Júlia é tola e inocente. Dotada de uma espiritualidade e maturidade ímpar, ela saberá conduzir sua vida com determinação e confiança, mesmo com as armadilhas da vida e ciladas do destino que tentarão destruí-la.
Diferente de qualquer outro romance, este tocará num tema bem desconfortante para muitos que é a auto-obsessão, no caso de Rodolfo que embora sua loucura e causas estejam atreladas aos laços do passado, ainda insiste em vingança e destruição de seu irmão Fausto e não percebe o tanto de tempo que perde com pensamento e atitudes autodestrutivas quando poderia simplesmente tentar ser feliz, sua obsessão não permite enxergar ou perceber tudo de bom o que o destino lhe trás, que a via lhe proporciona, acabando por sucumbir em profundos tormentos.
Demais temas como doenças por processos de carma (caso de Sara) e mediunidade de cura (caso de Marta) também serão abordados no romance, embora creia que deveriam ter explorado mais nesse campo, principalmente no que se refere ao caso de Marta.
A perseguição aos negros escravos permanece e Tonha também segue sendo alvo de infames acusações e vítima de armadilhas de inimigos como Constância, sobrinha de Palmira a senhora da fazenda onde Tonha é escrava e inimiga declarada da mesma desde quando ali chegou quando era moça, disputando com a escrava o coração de Inácio, seu então primo e também sobrinho de Palmira, do qual era imensamente apaixonado pela escrava, vivendo um amor proibido entre um branco e uma negra, o que aguçou ainda mais o ódio de Constância.
Embora tenha citado acima que é um clichê esse tipo de romance, o mesmo não deixa a desejar, pois embora não tenha uma variedade de cenário, sendo basicamente a estória em torno da fazenda São Jerônimo, o mesmo promete nas emoções que proporciona passar ao leitor com o gênio forte de Júlia e Fausto, a personalidade violenta e mesquinha de Rodolfo e as reviravoltas desse triângulo amoroso, sem deixar também a desejar nas questões espirituais, mostrando que o amor não pode ser uma ferramenta de jogo manipulado, pois com o amor jamais se brinca.