A guerra não tem rosto de mulher

A guerra não tem rosto de mulher Svetlana Aleksiévitch




Resenhas - A Guerra Não Tem Rosto De Mulher


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Mih 28/03/2020

Na Guerra Tudo é Negro, Só o Sangue Tem Outra Cor

Nome: A Guerra não tem rosto de Mulher
Autora: Svetlana Aleksiévitch

"Tenho pena de quem vai ler este livro, e também de quem não vai ler"

Conhecia através de um amigo, esse me emprestou o livro e de cara quando li a
sinopse achei a ideia de relatar a Segunda Guerra pela narrativa das mulheres que lutou
intrigante.

Não foi uma leitura fácil, muitas vezes tive que parar para conter e secar as lágrimas, os relatos não são fáceis muito menos agradáveis, são de cortar o coração. Foi uma leitura pesada, normalmente leio um ou dois livros por semana, esse eu demorei quase uma quinzena. A maneira que Svetlana Aleksiévitch narra e copila os depoimentos das veteranas de guerra é incrível.

O livro se desenvolve com uma coletânea de relatos de mulheres soviéticas que
lutaram na guerra, relatos colhidos de maneira intimista. Se você assim como eu também não pensar nas mulheres que lutaram na guerra, Leia esse livro, pois é impossível sair dessa leitura sem que sua visão sobre a guerra seja modificada diante dos relatos dessas mulheres.

"Eu me lembro dos sons da guerra. Ao seu redor tudo troveja, retine e treme por causa do fogo… A alma de uma pessoa envelhece durante a guerra. Depois da guerra, nunca mais fui jovem…"

Outro fato que assusta é a idade das jovens, algumas entre 16/17 anos, muitas enfrentavam suas famílias, fugiam de suas casas e imploravam nos centros de alistamentos para combater, pois não conseguiam ficar de braços cruzados sem defender a sua pátria. Sem ao menos imaginar o que as aguardavam, chegavam com seus violões, em seus vestidos com seus cabelos compridos.

"Bem, então chegamos ao front… O comandante, me lembro como se fosse agora, era o coronel Boródkin, ele nos viu e ficou irritado: me impuseram umas mocinhas. Que ciranda feminina é essa? É um corpo de baile! Isso aqui é guerra, não é um bailezinho. Uma guerra terrível… Claro que nos ofendemos: quem ele acha que éramos? Tínhamos vindo para combater. E ele não nos via como soldados, e sim como mocinhas."

Ao chegar ao front eram despidas de seus atributos femininos, cortavam suas longas tranças, recebiam roupas masculinas inclusive as roupas de baixo, roupas muito maior que seu manequim. Botas que as impossibilitavam de marchar normalmente devido ao tamanho, e que causavam vários ferimentos em seus pés. E o que elas perderam foi sua juventude e inocência.

"Naquele dia continuei tirando os feriados e as armas do campo de batalha. Me arrastei até o último, ele estava com o braço destroçado. Pendurado por uns pedacinhos… pelas veia... coberto de sangue… precisava amputar o braço com urgência para fazer o curativo. Não havia outra maneira. Mas eu não tinha nem faca, nem tesoura. A bolsa chacoalhava tanto que elas tinham caído. O que fazer? Cortei aquela carne com os dentes."

Essas mulheres exerciam a mais variadas funções, franco-atiradora, sapadora,
tanquista, enfermeiras, telefonistas, cozinheiras, lavadeiras.

As mulheres lavadeiras e cozinheiras... que não estavam diretamente no campo
de batalha, mas era tão brutal quanto, cozinhavam e lavavam até a exaustão. Muitos
eram os casos de lavadeiras que perdiam unhas de tanto lavar. Mulheres que manuseavam panelas tão pesadas que no fim se tornavam estérea.

As mulheres que agora relatando já se encontra na casa dos 60/70 anos e relembram o que passou, muitas tem dificuldades já que a maioria não tem o costume de contar, ou ate são inibidas de fazer relatos sobre esse período e outras são contra o relato nu e cru que tira a fachada heroica que muitos pintam da guerra.

Svetlana Aleksiévitch sofreu com a censura imposta sobre a sua obra, por ela relatar o período sem o olhar heroico e romantizado que pintam sobre a guerra e a participação de mulheres na guerra, muito pode se observar em filmes que trazem enfermeiras impecáveis que sempre surgia um romance com algum soldado, totalmente distante da realidade.



"O combate terminou à noite. E de manhã caiu uma neve fresca. Sob ela, os mortos… muitos traziam as mãos erguidas para o alto… para o céu… Pergunte para mim: o que é a felicidade? Eu responderei… talvez seja encontrar, entre os mortos, uma pessoa viva…"

Ao fim da guerra para muitas foi tão doloroso quanto a guerra, pois na guerra elas eram chamadas de irmãzinhas pelos seus colegas, eles as defendiam, algumas até viveram histórias de amor. Porem o fim da guerra as reduzido a nada, elas eram xingadas, era vistas como promiscuas ao andar nas ruas. Os homens preferiam mulheres que não havia passado pelo tormento da guerra, alguém que não os lembravam desse período além do mais as mulheres que lutaram era tidas como antinaturais.

"No começo nos escondíamos, não usávamos nem as medalhas. Os homens usavam, as mulheres não. Os homens eram vencedores, heróis, noivos, a guerra era deles; já para nós, olhavam com outros olhos. Era completamente diferente…vou lhe dizer, tomaram a vitória de nós."

Assim como na guerra o regresso não foi gentil com as mulheres que tiveram que aprender a viver com a solidão pós-guerra. Elas foram caladas, muitas não contavam que foram a guerra pelo preconceito que sofriam, sendo assim a guerra foi contada apenas pelo ponto de vista dos homens, os heróis de guerra, enquanto elas mesmo tendo sido condecoradas escondiam suas medalha por sofrem preconceito, e muitas vezes serem humilhadas.

“Eu ainda penso em uma coisa… Escute só. Quanto tempo durou a guerra? Quatro anos. É muito tempo… não me lembro nem dos pássaros, nem das cores. Claro, isso tudo existia, mas não me lembro. É, pois é. Estranho, não? Nela, tudo é negro. Só o sangue tem outra cor, o sangue é vermelho.”

site: comquallivroeuvou.wixsite.com/website
Daiane.Ramos 05/06/2020minha estante
Incrível e emocionante leitura!


Daniela.Flores 09/06/2020minha estante
Adoreiii, tua descrição foi muito boa, e como a desigualdade entre gêneros é discrepante em relação a quem fez o que, as mulheres lutaram tanto quanto eles e jamais foram reconhecidas como mereciam!


Juliana 02/08/2020minha estante
Eu estou lendo e estou tendo as mesmas sensações que você, descobri a autora pela série Chernobyl e gostei muito do modo como ela escreve e junta os relatos, escreve com o coração, sentimentos e alma. A cada página paro um pouco e respiro, não é uma leitura fácil porque é tudo real, sem aquela glória contada nos livros e documentarios. Oque mais gosto desse app é isso, poder compartilhar nossas impressoes e leituras como um clube do livro online


Lya 30/01/2021minha estante
desculpa a pergunta... mas o que te fez pensar que mulheres não lutaram na guerra antes da leitura do livro?


Tais 17/07/2021minha estante
TUDO É NEGRO ??????
????




Alê | @alexandrejjr 30/06/2020

O mosaico das sensações

Os leitores de Svetlana Aleksiévitch estão acostumados à polifonia de vozes, à memória coletiva dos soviéticos por ela extraída. Entretanto, a ganhadora do Nobel de 2015 faz neste trabalho muito mais do que literatura: faz um serviço humanitário.

Em "A guerra não tem rosto de mulher" Svetlana mostra aos leitores o perigo da ignorância. Permito-me aqui fazer um paralelo com o recente e importante discurso da escritora nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie e seu "O perigo da história única". A história precisa ser revisitada, esmiuçada sempre que possível. E isto essa ucraniana faz com dedicação incomparável.

Os livros de história geral rotulam a guerra com a bravura e a virilidade masculinas. Uma bobagem sem tamanho. Esses livros esquecem a coragem dos sentimentos. Mas há algo mais grave: os livros ignoram, em sua maioria, as mulheres. Graças aos árduos trabalhos como o de Svetlana, uma rebelde por natureza, nós, homens, podemos aprender com essa ignorância.

A guerra vai muito além de armas, tanques, mortes e intrigas políticas. A guerra que Svetlana busca é a guerra das emoções, dos conflitos internos e humanos. Do que não se mostra visível de cara. Através dos relatos das mulheres soviéticas aqui coletados, conhecemos a raiva, o desejo, o desespero, a descrença, o amor, a redenção. Conhecemos o que importa.

Este é o segundo livro que leio da autora. Senti, não posso mentir, maior dificuldade com seu estilo fragmentado, mas creio que o tema tenha contribuído para o consumo em doses homeopáticas. Livro importantíssimo, uma recomendação sem erro e necessária.
Luana 17/05/2021minha estante
Esse está na minha lista! É o próximo que vou ler!! Espero gostar hahaha


Alê | @alexandrejjr 17/05/2021minha estante
Primeira experiência com a Svetlana, Luana?


Luana 17/05/2021minha estante
Sim! Ganhei esse e mais um monte de livros em uma corrente e tô experimentando novos gêneros ???


Alê | @alexandrejjr 17/05/2021minha estante
Massa, Luana! Espero que goste. É um livro muito particular, contém histórias incríveis, além de ensinar sobre um povo e um período histórico. Uma obra digna de Nobel mesmo. Eu achei esse um pouco mais cansativo que "Vozes de Tchernóbil", mas é um livro de cabeceira, com certeza.


July 25/06/2021minha estante
Dessa autora, li o "Vozes de Tchernóbil" e estou com o "As últimas testemunhas" baixado, mas ainda na fila para ler. Concordo contigo sobre o consumo em doses homeopáticas. É um estilo muito particular de escrita, acaba demandando um jeito peculiar de ler tbm. Apesar das dificuldades, vale muito cada minuto dedicado.




Ana Sá 24/07/2021

A guerra tem muito de mulher...
Os relatos deste livro mudaram para sempre a forma como eu vejo as guerras... Este é o meu primeiro contato com Svetlana Aleksiévitch, ganhadora do Nobel, e acho que a minha relação com seus textos não vai parar por aqui.

Devido a apagamentos históricos, a guerra pode até não ter rosto de mulher, mas teve o braço e o espírito forte de muitas delas. O livro nos aproxima de um olhar mais subjetivo da guerra, um olhar aos detalhes e ao cotidiano do campo de batalha. Nos toca naquilo que a História (contada-escrita por homens) geralmente oculta. Desde a agitação dos pássaros num bombardeio aéreo até a mãe-soldado que volta para casa e é chamada de "pai" pelo filho que não mais reconhece uma figura maternal por baixo das vestes e da postura militar... De sutilezas a crueldades, passamos por imagens bélicas até então pouca divulgadas.

Entretanto, apesar de ter gostado da obra, eu entendo as pessoas que acabam desistindo da leitura no meio do caminho. Há uma repetição dos mesmos episódios de violência (violência física, afetiva e psicológica) que é por vezes dura demais ou cansativa demais! Eu persisti porque quis honrar a coragem dessas confissões... Mas não foi fácil. A leitura foi demorada, e a sua digestão também será.

Revolta, orgulho, emoção... Senti um pouco de tudo com "A guerra não tem rosto de mulher".
Ferferferfer 24/07/2021minha estante
Exatamente. Embora esteja na minha lista eu ainda não li esse livro, mas nós, mulheres, aos olhos do patriarcado, geramos a massa trabalhadora. Daí, já viu, né? Sempre bom livros pra repensar.


Paloma 13/12/2022minha estante
Eu gostei demais dessa leitura. Daqueles momentos em que a gente se toca que não tem noção de nada. A experiência dessas mulheres na guerra, o impacto disso na época... Eu não tinha ideia.
Fiquei admirada quando você diz que muita gente abandonou. Pra mim foi uma leitura tão interessante que não conseguia largar.


Paloma 13/12/2022minha estante
Não sei se já assistiu, mas super indico o filme "Uma Mulher Alta" cujo roteiro foi inspirado nesse livro. Ele relata mais a parte da volta das mulheres da guerra.


Ana Sá 13/12/2022minha estante
Paloma, eu me senti igual a você, pasma diante da minha ignorância sobre o tema, por isso já anotei o nome do filme, muito obrigada!!

Então, eu conheço duas pessoas que abandonaram a leitura e vi mais uma pessoa no Skoob cogitando abandonar uma vez, por acharem o livro muito pesado... Não dá negar que é pesado, né, mas acho que o todo compensa... Há passagens que, a meu ver, são mais afetivas do que qualquer outra coisa. Mas entendo sim, tem gente que não consegue encarar esse tipo de proposta, seja em filme, seja em livro... Foi difícil, mas me envolvi muito com todo o conhecimento que a obra me trouxe!


Julinhafox 13/12/2022minha estante
Uma leitura importantíssima! Muito esclarecedora, principalmente a respeito do que aprendemos sobre a História, sobre guerra, sobre olhares, sobre nossas perspectivas e as origens delas..


Carolina.Gomes 19/12/2022minha estante
Amei, Ana!




Bookster Pedro Pacifico 08/10/2018

A guerra não tem rosto de mulher, Svetlana Aleksiévitch - Nota 9/10
Vencedora do Prêmio Nobel de literatura de 2015, Svetlana expõe nesta obra uma visão completamente esquecida da guerra: o sofrimento vivido pelas milhares de mulheres que já lutaram pelo seu país. É inegável que os livros e filmes retratam a guerra como um evento masculino, deixando para a mulher um papel secundário, de quem fica em casa aguardando o retorno - ou não! - dos homens da família. Mas Svetlana quebra esse silêncio e, por meio de diversas entrevistas com mulheres soviéticas que lutaram na 2 Guerra Mundial, traz para o público essa tão necessária versão da guerra.

São, em sua maioria, histórias de jovens que tinham vontade de defender e ser útil ao seu país. Entraram com uma imagem idealizada da guerra, mas saíram - se saíam - com marcas profundas e eternas, não só no corpo, mas nas memórias que não podem ser apagadas. Os relatos mostram as mais diversas dificuldades enfrentadas por essas mulheres que, independente do papel que desempenharam na guerra, deixaram suas famílias e cidades e foram para o campo de batalha. E o chocante é que os problemas não foram vivenciados apenas no período da guerra, como o machismo no ambiente do exército, a ausência de estrutura e equipamentos próprios para uma soldada mulher, a intensa presença da morte e a perda da própria feminilidade. Na verdade, o sofrimento foi agravado quando, apesar de vitoriosas ao final da guerra, encontraram uma sociedade repleta de preconceitos. "Quem iria se casar com uma dessas mulheres? O que elas faziam no meio de tantos homens no campo de batalhas?” Essa mentalidade passou a ser o novo inimigo dessas corajosas mulheres.
Ou seja, a obra de Svetlana é uma leitura essencial e perturbadora, com a inegável capacidade de mudar a visão do leitor sobre a guerra. Não há como terminar a leitura sem se solidarizar por esses relatos que por tanto tempo foram reprimidos.

Uma dica: recomendo que essa leitura seja feita aos poucos e em paralelo com algum romance mais linear. Isso porque o livro traz um grande número de relatos, todos com uma mesma temática e que, ao final, podem cansar o leitor.

site: https://www.instagram.com/book.ster
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Núbia Cortinhas 31/12/2022

Impactante,comovente. Livro indispensável sobre a 2G.Mundial
Svetlana Aleksiévitch é jornalista e escritora. Nasceu na Ucrânia e possui uma escrita única e emocionante produzida a partir da pesquisa de fatos reais. Ganhou em 2015 o Nobel de Literatura e é um dos ícones da Literatura Russa Contemporânea.

   "A Guerra Não Tem Rosto de Mulher" é uma verdadeira obra prima. Neste livro não haverá pormenores sobre as batalhas ou de fatos históricos, não. Este livro é na sua maior parte de relatos das mulheres que dotadas de um enorme patriotismo, amor a sua terra, a sua Pátria, decidiram ir para os campos de batalha voluntariamente.
   A maioria não quis ir como enfermeira ou para exercer funções burocráticas. Elas quiseram ir para os fronts, para as linhas de combate, elas queriam dar tiro.

   Muitas se destacaram pela bravura. Aterrorizaram o inimigo com os seus aviões como as Bruxas da Noite, muitas foram snipers, franco-atiradoras  temidas; desempenharam tarefas árduas e pesadas.
   Aguentaram climas e situações inóspitas e hostis, sobreviveram aos piores momentos. Viram a crueldade de perto, assim como viram brotar a solidariedade tanto com os civis, como entre os colegas de farda, e também com o inimigo.
   A guerra é cheia de contrastes! A guerra faz o ser humano colocar para fora o seu lado mais cruel e também o que há de melhor e nobre em nós, mesmo no caos.

   Esse livro mexeu comigo! Me emocionei demais, demais.
   Como não chorar diante de relatos pessoais? Como criticar um livro de experiências vividas tão dolorosa e traumaticamente? Esse livro é um registro histórico. Já li muita ficção pesada, cruel, mas nenhuma foi ou será mais cruel dos que os fatos registrados aqui, pois tudo foi real.
   Essa compilação histórica me tocou em vários aspectos. Me fez refletir muito. Por exemplo, como é possível explicar que mulheres que foram verdadeiras heroínas nos fronts possam ter sofrido humilhações e discriminação ao regressarem aos seus vilarejos?... A ignorância assim como as armas também machuca, também mata.

   Esse livro memorável é de uma leitura pesada, comovente mas extremamente necessária. Pude refletir até que ponto sou capaz de dar minha vida ao meu País, ou será que eu também teria tal coragem, garra e determinação dessas mulheres voluntárias que doaram as suas vidas, outras sobreviveram e voltaram cheias de sequelas psicológicas, doentes ou mutiladas? Tudo isso para garantir a  preciosa paz e liberdade dos filhos e das gerações futuras. Essas mulheres foram, sem dúvida, um exemplo!
E aplaudo a Svetlana por ter imortalizado esses depoimentos e agradeço à Editora Companhia das Letras por ter publicado esse tesouro histórico.
mpettrus 03/01/2023minha estante
?A guerra faz o ser humano colocar para fora o seu lado mais cruel e também o que há de melhor e nobre em nós, mesmo no caos?.

Esse trecho da sua resenha foi poderoso. Me fez ficar pensativo.

Sempre tive curiosidade de ler esse livro da Svetlana. Mas ainda não surgiu oportunidade para ler. Mas agora depois de ler sua resenha (incrível ???), eu vou ler esse livro custe o que custar!
????


Núbia Cortinhas 04/01/2023minha estante
Ahhh!! Muito obrigada!! Ganhei meu dia!!
Quando puder leia sim, esse livro muda o nosso olhar diante dos pequenos detalhes da vida, a gente passa a valorizar mais o ser humano, os animais, cada momento de paz. De uma hora para outra tudo pode mudar...


GiSB 04/02/2023minha estante
Primorosa resenha. Parabéns. Já vem de algum tempo que quero ler a escrita de Svetlana. Comprei o livro dela sobre chernobil, mas achei esse livro sobre mulheres na guerra também muito interessante e logo depois descobri que a autora é ganhadora do Nobel de literatura, então comprei também o a Guerra não tem rosto de mulher. Tenho de tirar um tempo pra ler ambos, mas a leitura de svetlana está no meu radar. Novamente, parabéns pela resenha. Explicativa e instigadora, ela leva o leigo a saber sobre a obra e deixa um gostinho pela leitura do livro.


Núbia Cortinhas 21/02/2023minha estante
Muito obrigada, Giovani. Esse livro é muito emocionante e nos apresentará uma outra faceta da Guerra, vale a pena lê-lo.




laxxal 30/09/2021

Esse tipo de história sempre impressiona e choca muito, é difícil ver os limites que o ser humano chega e o que ele é capaz de fazer.

Eu nunca tinha visto a guerra contada pela perspectiva das mulheres em combate e também não fazia ideia de que existiam trens inteiros com todos vagões cheios somente de mulheres que se voluntariavam para lutar, nunca tinha parado para pensar na quantidade de famílias que eram formadas só pela mãe e os filhos e muitas das vezes a mulher era obrigada a segurar seu filho com um braço e atirar em um nazista com o outro.

Os relatos nesse livro mostram a força admirável daquelas mulheres, era cada detalhe feito e pensado para os homens que fazia ser muito mais complicado para elas, mas elas se adaptavam, davam um jeito e ainda superavam qualquer expectativa.

Foi possível ver bem de perto como aconteciam as relações entre as pessoas, desde entre familiares, até militares e inimigos, como em muitas vezes elas enxergavam um ferido russo e um ferido nazista apenas como duas pessoas feridas que precisavam de ajuda, existia um grande dilema, mas era possível enxergar humanidade naquelas ações, elas próprias se questionavam e refletiam muito sobre isso.
Em diversos momentos as mulheres que estão contando as histórias e a própria autora falam do amor, da entrega e da grandeza dessas mulheres, é tudo muito impressionante.

Foram gerações muito patriotas, as pessoas queriam ir para o front da guerra, falavam que lutariam pela pátria, que foram ensinadas sobre a pátria pelos pais, escola e universidade, então participar daquilo com todas as forças.

É um livro bem denso e pesado, mas indispensável para entender a história.
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Myréia 12/05/2022

Elas se ofereceram para lutar, e ainda eram impugnadas.
"Tenho pena de quem vai ler esse livro, e também de quem não vai ler..."

Esse trecho de um dos relatos, resume meu sentimento por esse livro. Nem em um dos piores filmes de terror que assisti, continham cenas tão horrendas, eu nunca vou voltar a pensar na guerra somente com mortes de homens, armas, e bombas... Tudo queima e morre, animais, floresta, vilas inteiras. A vida toda, tinha escutando que as mulheres foram a guerra quando não havia mais homens, que falácia, elas se ofereciam, alguns não recebiam apoio da família, boa parte eram jovens de 17, 18 anos. E descobri que a participação das mulheres não se resumiu a assistência médica, ou trabalhos na cozinha, enviando cartas, muitas delas foram para o front, mataram, resgataram pessoas, morreram...

No entanto, mesmo que o trabalho dessas mulheres tivesse se resumido aos serviços banais, elas foram e presenciaram a brutalidade da guerra, o pior da humanidade. E eu não sabia, eu não sentia, o livro faz você sentir, são relatos curtos, mas com muita carga emocional. Fala sobre as duas guerras, a que as mulheres enfrentavam contra os Alemãs, e dentro dos pelotões, como a falta de roupa, botas no número adequado, não tinham higiene na menstruação (algumas deixaram de menstruar), "a guerra foi feita por homens, para homens", além da tentativa de -desfeminilizar- não usar brincos, os cabelos eram raspandos, em alguns casos, usavam cuecas, qualquer ato de vaidade, e comportamentos tidos como feminino, era repreendidos, deveriam virar SOLDADOS. Ao fim da guerra, os homens que muitos vezes se preocupavam com elas, receberam os títulos de heróis, e elas os títulos de p$t@s de guerra, vindo em sua maioria de esposas de soldados... E claro que mulheres receberam medalhas, mas o sentimento da população, até hoje, não é de admiração por elas.
Me emocionei, e recomendo... mas com pena.
almeidalewis 12/05/2022minha estante
?????


Kássio Meniglim 13/05/2022minha estante
Resenha ????


Alberto.Tisbita 14/05/2022minha estante
Bela resenha!




Rafa 09/04/2022

Sobrestimado
A premissa do livro é sensacional. Embora entregue passagens emocionantes, a autora atulhou a obra com relatos idênticos. Com isso, a leitura fica muito cansativa. Na minha opinião, seria mais favorável se aprofundar e concentrar nas melhores memórias.
Alê | @alexandrejjr 10/04/2022minha estante
Também acho esse livro cansativo. Vale pela relevância histórica. "Vozes de Tchernóbil" é superior, na minha experiência, claro.


Rafa 10/04/2022minha estante
Exatamente. Não se discute a importância da obra. ?Vozes De Tchernóbil? já tá na minha lista rs. Sobre o mesmo episódio histórico, eu adorei a minissérie da HBO.


Danilo Parente 13/04/2022minha estante
O que tu descreveu foi a minha sensação ao ler Vozes de Tchernóbil. Nesse daí não achei o mesmo, embora no começo tenha sido um pouco cansativo kkkk Talvez tenha sido por causa do momento que fiz a leitura.




Morgotth 04/11/2023

Brutalmente sensível.
Relato devastador do front soviético pelas memórias das mulheres que perderam pais, mães, irmãos, maridos e filhos, mas não perderam a coragem que queima no coração. Relatos das meninas que ao deixarem a escola trocaram diploma pelo fuzil e tanques de guerra. Apenas uma obra sincera e austera poderia trazer impacto no qual se propõe trazendo os louros e espaço merecido para quem foi deixado de lado no pós-guerra. Enfermeiras, Médicas, Tenentes, Tanquistas, Fuzileiros, Pilotos e tantas outras atividades desempenhadas sem nunca recuar, não pela glória, não pelas medalha, apenas pela liberdade de um povo. Jornalista ucraniana Svetlana Aleksiévitch é apenas um fragmento entre as combatentes e registro, pois cada narração, lembrança compartilhada acompanha uma sensibilidade feminina na qual nenhuma outra obra com registro dos combatentes masculino consegue trazer horror e esperança independente de todo medo. Cicatrizes da alma, onde pele esconde emerge entre uma página e outra.

??? ??? ??? ??? ??? ??? ??? ??? ??? ??

?Agora tenho pouca saúde, os nervos estão mal. Quando me perguntam 'Quantas condecorações você tem?, fico com vergonha de admitir que não tenho nenhuma, não conseguiram me condecorar. E talvez não tenham conseguido porque havia muitos de nós na guerra e todos faziam o que podiam... O que estava ao alcance de suas forças... Por acaso tinha como condecorar a todos? Mas temos o maior prêmio de todos: 9 de maio Dia da Vitória.?

Tamara Ivánovna Kuráieva, enfermeira.
-Rachel 04/11/2023minha estante
Ótima resenha!
Acompanhar suas postagens com trechos do livro, me deixou bem curiosa, com certeza lerei em um futuro próximo.


Morgotth 04/11/2023minha estante
Obrigado, escrevo uma resenha simples, mas sincera. Rsrs? Super apoio essa provável leitura, pois vale cada centavo e principalmente tempo investido.




Danilo Parente 22/03/2022

Uma das melhores leituras do ano. Esse foi meu segundo contato com uma obra de Svetlana e posso afirmar que os livros dela mudam sua visão de mundo. Nesse livro, Svetlana dá voz às mulheres que serviram no Exército Vermelho durante a Segunda Guerra Mundial. Os relatos são fortes, reais e impactantes. Trata-se de um lado oculto da guerra que nenhum outro livro jamais mostrou. Uma verdadeira aula de história.
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Thaís | @analiseliteraria 21/05/2020

A guerra não tem rosto de mulher, mas deveria...
Svetlana Aleksiévitch fez um ótimo trabalho na produção desse livro, ela tem uma escrita impecável, sensível e poética. Colocar essa obra em primeira pessoa fez com que ela fosse ainda mais potente. ⁣
⁣Muito se fala somente dos homens na guerra, principalmente dos americanos, mas os EUA não venceram a guerra sozinhos, 20 milhões de soviéticos morreram lutando contra os nazistas. No Exército Vermelho da União Soviética lutaram cerca de 1 milhão de mulheres, que foram a guerra por patriotismo, muitas vezes indo contra a vontade da família e dos comandos da resistência. Milhares delas fugiram as escondidas para lutarem como franco-atiradoras, snipers, no front, na artilharia antiaérea e em diversos outros postos.⁣
⁣No entanto, esse não é um livro sobre táticas de guerra ou sobre a grande Vitória que os homens costumam (e gostam) de contar. Esse é um livro sobre os custos da guerra: dores, mortes, sangue, amor, abandono, ingratidão e abnegação. Qual o custo de ter vencido? Será que realmente existiu vitoriosos? As mulheres, depois de anos de silenciamento, colocam o dedo na feria e expõem o horror que vivenciaram.⁣
⁣As vivências são singulares, apreendidas da forma que cada pessoa experiencia uma situação, por isso, não espere um consenso entre essas mulheres. Existem aquelas que acham impossível esquecer tudo que viveram e existem aquelas que não conseguem se lembrar. Mas uma coisa é comum à todas elas, todas essas mulheres precisavam mostrar mesmo na guerra, que não eram piores que os homens. Ninguém as queriam no campo de batalha, e depois da guerra, não as queriam em suas vidas. As comunidades aplaudiram os homens, mas repudiaram as mulheres que escolheram defender a pátria. Ninguém queria conviver ou casar com elas. Como elas puderam ir à guerra? ⁣
⁣Eu sempre li livros ou da perspectiva do holocausto, ou da perspectiva da Vitória, com glória. Esse livro não é só mais um, é sobre as dificuldades do início do conflito, as dores durante o período de batalha e, na vitória, a solidão e ingratidão. Totalmente ESSENCIAL, pois a guerra não tem rosto de mulher, mas deveria.

site: @analiseliteraria
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Adiel.Guimaraes 24/08/2022

!!!!!!!!
A guerra ?feminina? tem suas próprias cores, cheiros, sua iluminação e seu espaço sentimental. Suas próprias palavras. Nela, não há heróis nem façanhas incríveis, há apenas pessoas ocupadas com uma tarefa desumanamente humana. E ali não sofrem apenas elas (as pessoas!), mas também a terra, os pássaros, as árvores. Todos os que vivem conosco na terra. Sofrem sem palavras, o que é ainda mais terrível.
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amikaa 08/06/2024

De todas as formas o livro de guerra mais diferente, real e sensível que já li. Leitura densa, relatos reais complexos, o que me fez demorar a concluir, mas cada parágrafo me deixava pensar por horas. Lindo a sua maneira, comovente.
B-Dreamer 08/06/2024minha estante
Sem dúvida esse é o livro que eu indico para todos. Realmente muito pesado, é um relato mais emocionante que o outro. A aversão com a cor vermelha, as histórias de amor que tiveram finais felizes e outras nem tanto. Simplesmente magistral!




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Elo 21/09/2020

"Em algum lugar do mundo nosso grito deve ser guardado"
A coletânea de relatos é preciosa, os detalhes são minuciosos, mas não sei se só eu senti que eles não têm bem uma coesão em sua organização, alguns são meio soltos e parece que os capítulos não tem um nexo. Talvez eu possa ter me enganado sobre isso, não sei.
A leitura acaba sendo muito cansativa por ser um livro relativamente grande, mas, como disse no título, é necessário e respeitoso às mulheres que nenhum recorte seja feito.
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