Nath @biscoito.esperto 02/04/2024É daora, porém...Primeiramente, quero dizer que o livro é toperson, muito envolvente, etc. Porém, não posso ignorar alguns problemas.
Vamos começar pelo problema mais óbvio: a abordagem super estigmatizada da AIDS. Eu entendo que o livro foi publicado em 2008 e provavelmente foi escrito anos antes, mas nos anos 2000 o mundo já tinha bem mais informações sobre a AIDS, era bem possível se informar. Usar a transmissão da doença como forma de amedrontar os personagens funcionou até certo ponto, mas depois de um tempo pareceu até burrice da autora. Em 2008 já era de conhecimento público que AIDS não é passada por saliva, por beijo, por comer do mesmo prato (lavado e reutilizado), etc. Na parte em que o risco de transmissão era com sangue eu entendo e desespero, fora isso, achei preguiça da autora e até preconceito internalizado.
Depois, o problema mais gritante do livro é que ele se torna muito repetitivo depois da metade. Entendo que a autora queria mostrar vários pontos de vista sobre os mesmos acontecimentos, mas não era necessário narrar exatamente a mesma coisa tantas vezes. A primeira parte, da professora Moriguchi, é impecável. O segundo capítulo, da aluna Mizuki, também é ótimo. Ela reconta muito brevemente o final do capítulo anterior e logo passa a narrar as consequência do capítulo um, o que achei ótimo. O terceiro capítulo, do diário da mãe de Naoki, trouxe uma perspectiva única e super interessante dos acontecimentos, do ponto de vista de alguém que estava por fora das partes mais graves da história e queria ajudar o filho aparentemente isolado socialmente.
O problema é justamente depois da metade. A quarta parte, narrada por Naoki, é muito repetitiva, praticamente não há informações novas. A gente já sabia que ele se sentia rejeitado no clube de tênis, já sabe que ele viu a Minari abrindo os olhos na piscina e jogou ela lá mesmo assim... Esse capítulo não teve nada de novo e achei cansativo lê-lo.
O capítulo do Shuya tinha tudo para ser um dos mais interessantes, mas novamente o personagem narra em detalhes tudo o que a gente já sabia que tinha acontecido. A autora poderia ter focado mais no relacionamento dele com a mãe, poderia ter falado mais de suas invenções, mas ela decidiu gastar páginas e mais páginas recontando o que já havia sido contado uma vez e recontado três... Pior: Shuya mata Mizuki e isso é descrito EM UM PARÁGRAFO. A autoria poderia ter desenvolvido o relacionamento deles, ter mostrado o desprezo do Shuya, descrito melhor como ele a matou e como escondeu o corpo, mas ela preferiu recontar a história. E a parte da bomba também foi super mal desenvolvida.
Por fim, a professora Moriguchi narra o último capítulo. Eu gostei da finalização, principalmente por ela dar um choque de realidade no Shuya, que obviamente tem um complexo de superioridade. Mas a parte do marido dela ter trocado as caixas de leite, dela ter controlado as ações do professor Werther por e-mail... Achei forçado, poderíamos passar sem essa. Mas curti o fato da professora ter movido a bomba.
Enfim, foi um livro super interessante de ler, porém repetitivo. A parte boa é que o livro é curto, por isso você consegue lê-lo rapidamente, mas se o livro fosse mais longo eu teria ficado de saco cheio de ler a mesma história tantas vezes.
Me disseram que o filme é muito bom e vou procurar para assistir!