Bia 02/03/2023Escrito na lista com canetaDe todos os livros que eu li de Fredrik Backman até agora, nenhum me decepcionou em dois pontos: o estilo de escrita e os personagens. Esse aqui não é a excessão, mais do que qualquer plot o ponto alto desse livro é a forma que os personagens são construídos e como eles interagem. Borg, a cidadezinha quase abandonada no qual boa parte do livro se passa, só existe pelo pequeno grupo de pessoas que não desistiu dela e de certa forma esse livro também.
A questão do futebol me deixou um pouco hesitante no começo, não sou a maior fã de histórias de esporte, mas acabou sendo maravilhoso. O jogo ocupa seu papel na história, mas ele é quase metafórico, cheio de poesias. Eu nunca achei que fosse me preocupar com quem torce ou não pro Liverpool ou me emocionar com um gol fictício, mas estamos aqui. Talvez escrever sobre participar de esportes também seja um dos talentos especiais de Backman.
Eu gosto muito também de como Britt-Marie se desenrola na história. Ela não deveria ser exatamente o personagem mais fácil de amar do mundo, é uma senhorinha extremamente certa de como o mundo precisa funcionar em seus detalhes, sempre julgando tudo ao seu redor (e dizendo que não julga, claro) e temendo o julgamento dos outros. Qualquer um convivendo com ela a chamaria de chata e ainda assim não tem nada chato em acompanhar os pensamentos dela. Cada capítulo que passa deixa mais claro as causas para todas essas manias e do nada você nota que sim, foi extremamente fácil amar Britt-Marie mesmo com todas as suas manias.
Peguei esse livro esperando chorar. Estava certa, mas ao mesmo tempo também não. Tem uma camada de tristeza espalhada pela história inteira, mas ela também consegue ser leve e divertida. No final, minhas lágrimas foram tanto causadas pela emoção e felicidade do que pela tristeza que eu esperava. Foi uma boa surpresa. Se você quer ler um livro cheio de vida, eu recomendo dar uma chance para esse aqui.