Anderson Lemos 27/01/2020
Ora, ora ...
"Elementar"
Antes da resenha desse livro eu preciso deixar bem claro que tentei ser o mais imparcial possível, mas já peço que me perdoem, afinal sou suspeito para avaliar qualquer obra de Sir, Arthur Conan Doyle. A escrita é sempre brilhante, a forma como ele constrói os personagens e todo o ambiente de suspense e mistério ao redor da história são sempre fantásticos. Outro ponto positivo é eu achar que, para um autor da época em que estava inserido, ele não se torna tão prolixo. É comum vermos autores dentro desse mesmo padrão histórico se prolongando muito ao descrever cenários por exemplo. Já a narrativa de Arthur Conan Doyle é sempre bem dinâmica, e quando você pensa que a história já está ficando muito linear e cansativa ele joga um uma reviravolta bombástica na sua cara e pronto, você é obrigado a não parar mais de ler.
Agora sobre o livro:
"O Cão dos Baskerville" é mais um romance policial protagonizado pelas criações mais importantes do autor, o detetive mais conhecido da cultura pop, Sherlock Holmes, e seu fiel amigo e ajudante, o Dr. John Watson. Publicado em meados de 1901 e concluído em Abril de 1902, pois foi publicado em pequenas partes mensais, como uma novela. A trama gira em torno da família Baskerville que, conforme uma lenda em sua família, seus membros são atormentados e assassinados por um cão fantasmagórico e monstruoso. Por diversas gerações a lenda se perpetua até que o atual representante do clã Baskerville é encontrado misteriosamente morto. O que parecia como apenas um caso de ataque cardíaco, tendo em vista a idade já avançada do personagem, é revelada como um possível assassinato quando uma testemunha revela a existência de uma pegada pavorosa de um enorme cachorro. O detetive Sherlock Holmes é convidado a assumir o caso quando o último membro dessa família, que possivelmente era amaldiçoada, precisa assumir a propriedade e todos os bens que tem direito.
A história é simplesmente uma delícia de se ler. A narrativa é agradável e é muito satisfatório como cada ponto e cada detalhe vão se conectando, mesmo os que ninguém percebeu que existiam, para fechar todo o arco de forma coesa e sem furos. Temos aqui elementos que vão nos levando para um cenário gótico e cheio de mistério. Por vezes chegamos a duvidar se os acontecimentos não são realmente oriundos de um viés místico e todo esse ambiente nos prende e nos faz querer ler cada vez mais até descobrirmos todos os desfechos.
Admito ter sido um pouco frustrante o fato de ter sido relativamente fácil ter descoberto quem era o vilão por trás de tudo. O próprio Sherlock Holmes desvenda o culpado faltando ainda alguns capítulos para o encerramento da história. Mas apesar de ter achado isso um ponto negativo, a trama não perde em nada, afinal os próximos capítulos são centrados justamente na mente brilhante de Sherlock tentando identificar uma forma de provar o crime e capturar seu inimigo. O vilão aqui, inclusive, é um dos pontos fortes da história. Apesar da motivação já "manjada", ele se mostra um adversário incrivelmente ardiloso, chegando a impressionar até mesmo Sherlock Holmes, que admite ter encontrado um rival a altura.
Um livro de leitura rápida, uma trama não tão complexa mas recheada de reviravoltas e sacadas geniais. Tudo isso sob o olhar do sempre querido Dr. Watson, que narra de forma empolgante os feitos do maior detetive que já existiu!
Ótimo livro, 4,5/ 5 estrelas.