Incriativos 30/06/2013
O Cão dos Baskervilles
O livro do qual falarei hoje é "O Cão dos Baskerville", de Sir Arthur Conan Doyle. Na minha opinião, é sem dúvida uma das melhores obras do autor porque, além do incomparável mistério que só as aventuras de Sherlock Holmes apresentam, esse livro trás também um certo toque de terror que surpreende o leitor.
Nessa aventura, Holmes é contratado para investigar uma morte que ocorreu no Solar Baskerville. A propriedade, passada de pai para filho, encerra em suas profundezas a trágica história de Hugo Baskerville, que faleceu naquele mesmo local séculos atrás, diz a história, vítima de um terrível cão gigantesco, negro e de aparência demoníaca. A lenda de sua morte perdurou entre as gerações, mas perdeu importância com o tempo; até que Charles, atual proprietário do Solar, é encontrado morto. Os moradores da região afirmam terem visto o "cão do inferno", e o medo que o finado tinha por tal criatura faz com que os rumores voltem a crescer.
Eis quando Holmes é procurado pelo doutor Mortimer, amigo pessoal de Charles, para descobrir quais os reais fatos por trás da morte. A situação se torna mais urgente em vista que Henry Baskerville, o último herdeiro de Charles, que morava nos Estados Unidos e nem tinha conhecimento de seu direito à herança, prepara-se para fixar residência na mórbida propriedade. Para o médico, é claro que o antigo proprietário havia sido assassinado e que seu sucessor se encontra em igual risco. Holmes, partilhando da mesma hipótese, aceita o caso, mas ao invés de ir pessoalmente participar da investigação, manda Watson em seu lugar.
Aqueles habituados às histórias do detetive sabem de sua repugnância pelo sobrenatural, e já inciam cada leitura tendo em mente que, por mais enigmáticas que sejam as circunstâncias, a resolução a ser encontrada será lógica e puramente empírica, desligada de qualquer conexão com o misticismo. Nessas páginas, porém, até mesmo os leitores mais céticos serão levados à dúvida; haverá mesmo a interferência humana, ou tudo se encontra além dos esforços de Holmes? Pois, se a aparente insolubilidade dos enigmas não é o suficiente para levar o leitor a crer em uma solução além da lógica, o clima de suspense e terror que paira sobre toda a história com certeza o faz. A descrição do propriedade assombrada e da charneca em que se situa é o suficiente para colocar à prova os nervos de qualquer um. Com sutileza, Conan Doyle nos transporta para o ambiente de seu livro, nos faz ver a neblina que cobre a paisagem e ouvir os misteriosos uivos que corta o ar denso da noite.
Tenho que confessar, li boa parte do livro durante a noite, e em muitos momentos me peguei assustado com os menores barulhos, e olhando para os lados a passos rápidos quando saia do quarto e me deparava com todas as luzes da casa apagadas. O clima do livro é um tanto sinistro, e toda a história é muito bem ambientada, garantindo no mínimo alguns arrepios durante a leitura. Quem se arriscará nessa aventura sombria para provar que a lógica é a única solução possível?
Resenha publicada originalmente no blog Incriativos
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