Egberto Vital 17/03/2022
"O Cão dos Baskerville" é a primeira releitura que faço esse ano, gosto desse movimento porque a experiência de ler novamente uma obra após um considerável distanciamento provoca percepções distintas e amplia a nossa visão sobre o texto.
Havia lido esse livro no início da adolescência, no mesmo percurso em que estávamos lendo a saga de Harry Potter pela primeira vez, acho que aos 14/15 anos. Lembro que na época havia ficado fascinado com a narrativa de Sir Arthur Conan Doyle, principalmente porque as aventuras de Sherlock Holmes se desenvolvem por meio de muito mistério e investigação. "O Cão dos Baskerville", em especial, traz uma história que explora um possível sobrenatural, narrando uma lenda de um cão mal-assombrado e diabólico que pode ser o responsável pelas mortes estranhas entre os membros e herdeiros da família Baskerville, talvez isso tenha criado uma identificação com as leituras que eu estava fazendo naquela época.
Retomando esta leitura agora, despido daquela capa do adolescente fascinado pelas narrativas de fantasia, a experiência foi um pouco diferente, me pareceu que os relatos excessivos de Watson são, em alguns momentos, maçantes, sobretudo quando descreve os seus relatórios, o que deixa a leitura um pouco cansativa.
Porém, a construção do mistério contunua sendo um ponto alto da narrativa sherlockiana, e é isso que prende a atenção do leitor, mesmo nos trechos mais arrastados pela fala do narrador.
Um plot bem interessante acontece quando achamos que a investigação está perto de ser concluída, abrindo novas possibilidades de especulação sobre o real fator que leva aos assassinatos e o envolvimento do cão demoníaco nesse movimento todo.
Em linhas gerais, é um ótimo texto para entretenimento, provoca a imaginação do leitor com uma forma de mistério que é bem particular de Conan Doyle.