As vozes do sótão

As vozes do sótão Paulo Rodrigues




Resenhas - As Vozes do Sótão


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daniel25tomaz 03/09/2020

Nada convencional
Achei a primeira parte do livro sensacional e perturbadora, ao mesmo tempo. A presença de dois narradores deixa o texto bem fluido e com um "q" de diferença do que estamos habituados.

A primeira parte traz consigo ótimas reflexões sobre a vida e relatos nada agradáveis que ocorreram com Damiano na infância.
Senti que na segunda parte houve uma perda de fôlego, mas mesmo assim a leitura fluiu e foi fácil (Livro lido em 2 dias, mas que facilmente poderia ser lido de uma vez só.).

De um modo geral, aconselho a leitura. Sair do convencional é sempre bom, além de conhecer novos autores.
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Boniex 05/01/2021

Uma voz de ódio
Certa vez recebi em minha casa uma visita. Um homem bêbado. Depois de falar muitas bobagens, encher meu saco e tomar algumas das minhas cervejas; ele me iluminou com uma frase que guardo até hoje “O ódio governa a razão”. Continuou, obviamente, a discursar sobre as vantagens de deixar o ódio decidir por ele e me aconselhou a fazer o mesmo.

Damiano, narrador deste romance, poderia ser minha visita bêbada. Pois escolheu, ou foi escolhido, para justamente isto: ser governado pelo ódio. As vozes do sótão é um romance quase interno narrado por uma voz externa. A voz que ouvimos é sempre de Damiano trancado no sótão, trancando-se no sótão de fracassos.

A primeira parte do Romance chama-se “Estrume”, conta todo o desajuste de Damiano em sua família. O peso de uma memória assustadora. O desgaste de machucados constantes e é claro, do ódio. A voz que escuta não é senão a do ódio que o estimula e o recolhe. Casa-se, odeia. Trabalha, odeia. Vive e odeia e foge.

Na segunda parte do romance, ele tenta a sorte em outros ares, mas o destino que carrega é maior do que a vontade de mudar. Agora ele é Guido e na Calle Mercedes é personagem e observador de eventos bizarros. Eventos que fogem (como tudo) de seu controle. Neste ponto a voz parece que o abandona e ele passa a agir por si próprio, mas será?

Lendo este livro fiquei com uma sensação de inércia. Como se faltasse uma força para empurrar o personagem para a ação. Talvez uns versos de uma música da banda carioca Los Hermanos combinem com a sensação que tive ao lê-lo, aliás, creio que até o título da canção defina bem o livro. A música se chama “Cara estranho” e os versos:

“Será que ele vai perceber?
Que foge sempre do lugar
Deixando o ódio se esconder”.
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Menezes 04/07/2010

Ela me arrancava dento de mim e desviava minha atenção para uma névoa densa que se espalhava pelo quintal () Embora calmo, não dava por termina a contenda, pois me sentia poderoso e forte depois de um embate como aquele. Forte o bastante para esfolar um vira-lata, ou para acorrentar no porão da casa o miserável corpanzil de uma negra velha


O trecho acima demonstra a tensão da narrativa deste trabalho curto e preciso, Vozes do Sótão, é um dos melhores livros lançados atualmente. A história centra-se na figura de Damiano, uma pessoa que desde pequeno escuta uma voz em sua cabeça que é a sua maior companheira e ainda o faz fazer coisas que ele nunca revela. O livro é dividido em duas partes, a primeira Estrume é a mais fragmentada em que ele vive todas as épocas ao mesmo tempo, a segunda tem um desenrolar fluído, já que se centra em uma parte específica de sua vida, quando viveu no Uruguai. O livro exige bastante do leitor para se acostumar com fluxo de consciência que é desenvolvido, entre idas e vindas, ao longo da jornada.

Uma das primeiras coisas que notamos é que haverá auxílio para entender a vida de Damiano e do ele está falando, representado por um outro narrador (sim. esse livro é moderno e tem dois narradores) alguém que está investigando os cadernos de Damiano e entra a todo momento da história para explicar o que está acontecendo objetivamente. Essa segunda voz é genial, pois permite que se desenvolva a personagem de Damiano, na voz do próprio, e ao mesmo tempo resume toda a vida deste em poucos parágrafos, fato que o próprio Damiano diz ser incapaz de fazer no começo do livro por não ter objetividade.

Segunda coisa é observar como ele é um personagem totalmente destruído pela família, a mãe o chamava de estrume, o irmão o odiava, não tinha amigos e sua única paz era se esconder no sótão onde começa a ouvir a voz e guardar bugigangas de um passado melhor. Para escapar da família ele casa com um moça que será sua perdição, traindo-o constantemente e brincando com seus sentimentos, até ele dar um basta na situação e se mudar para o Uruguai, onde começa uma segunda parte ainda mais intensa e um pouco mais linear.

A voz narrativa de Damiano cria muita tensão em suas linhas porque a violência de suas palavras não param, em todo momento ele evoca mortes, palavrões e sentimentos reprimidos dentro de si. Imagens fortes como a evocada no trecho pululam no texto. Contudo quando analisada de maneira linear, a historia de Damiano acaba sendo a historia de uma vítima constante, em nenhum momento ele evoca as maldades que comete, (será que cometeu?) nem mesmo a voz do segundo narrador explicita alguma coisa referente a alguma maldade adormecida em Damiano, ela só se limita a dizer que fez coisas horríveis. Essas insinuações nos fazem cogitar diversas coisas desde a veracidade do relato, até preencher pontos da história que estão obscuras com nossas próprias ideias.

Dentro do que é mostrado pelo texto é certo que o personagem é um indivíduo castrado emocionalmente, que sofre males de pessoas que querem e vão se aproveitar dele. Tudo o mais são artimanhas do texto que operam de forma subliminar em nossas cabeças, como uma voz dentro de nossas cabeças.

http:\\metempsicose-metempsicose.blogspot.com
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Jess 17/06/2020

Primeiramente, devo dizer que comprei este livro pelo projeto gráfico. Creio ser ultrapassada a ideia de que não se julga um livro pela capa. Atualmente, ao contrário, os processos que envolvem a editoração de uma obra são muito importantes. Neste, o projeto gráfico contribui bastante para preencher algumas lacunas da narrativa e a compõe de forma bastante perspicaz. A escolha das cores, das divisões e editoração foi uma das melhores coisas que vi neste livro.

O autor escreve bem e o livro chega a ser instigante, mas, talvez pelos temas já batidos (traição, traumas, transtorno de Édipo e outros), falta algo. Esses temas foram extremamente bem trabalhados por outros autores e sei que a comparação é injusta, mas para leitores um pouco mais experientes a leitura se torna desinteressante em algum grau.

Pessoalmente, achei um pouco sem graça. Apesar de instigante e bem escrito, faltava algo. Senti falta da construção mais elaborada das personagens secundárias, da relação fraterna trabalhada com mais êxito, da personalidade do pai, de contornos mais nítidos das personagens ao entorno. Em resumo, faltava o principal para mim: história. Não consegui criar esquemas psicológicos bem definidos e, assim, não nutri empatia pela personagem principal (e, imagino, havia um forte apelo para a identificação ou pena mesmo).

As situações narradas eram interessantes, mas pouquíssimo originais. No fim, sempre parecia faltar algo. Mas devo admitir que gostei muito do jogo de narração entre 1ª e 3ª pessoa. Gosto dessa sensação de confusão causada pela falta de confiança nos narradores. Nisso, o autor foi bem feliz.

Achei um livro interessante para ler em um domingo, na rede, passando um tempo com uma leitura agradável, mas sem maiores reflexões ou aprofundamentos. É um livro sobre o qual comentar numa mesa de bar ao se falar sobre transtorno de Édipo, mas uma leitura da qual se sai sem a sensação de frenesi, epinefrina e sufocamento causados por uma excelente leitura.

Em suma, é isto: faltou muita coisa.
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(lidos só 2021 em diante) 20/09/2021

Produção de luxo
Leitura gostosa e história simples. Mas quero mesmo falar da editora. Que maravilha de trabalho caprichado. Capa linda, páginas perfeitas, material de primeira qualidade.
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Biblioteca Álvaro Guerra 03/04/2023

"As vozes do sótão" traz a história do alfaiate Damiano e uma voz, que o faz conhecer o ódio e, de maneira alucinada, ruminar o passado e ser acusado de um misterioso ato de violência. Narrada de maneira tortuosa, a trama é entrecortada por trechos de anotações feitas pelo personagem numa espécie de diário, em que Damiano conta a própria história como se fosse um outro homem, chamado Guido, potencializando as incertezas da trama.

Livro disponível para empréstimo nas Bibliotecas Municipais de São Paulo. Basta reservar! De graça!

site: http://bibliotecacircula.prefeitura.sp.gov.br/pesquisa/isbn/9788575038338
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Bu 06/06/2020

Diferente
De um modo modesto, despretensioso, e de início da impressão de ser pobre, mas é impressionante a carga que esse livro tem, aberto para várias interpretações e da um tapa na cara de tanto realismo que passa.
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Matheus Gonçalves 12/08/2020

As vozes do sótão
Curiosa narrativa à partir de dois pontos de vista: uma descritiva, pelo próprio protagonista, outra esclarecedora, pelo narrador. No decorrer da leitura é possível sentir a tensão, tristeza e amargura da personagem principal. Muito bom!
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Lilian 31/05/2021

Pouco sentido
Como o livro é editado pela Cosac Naify, dei crédito a ele. Mas a história se revelou um tanto sem sentido e confusa.
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Leituras do Sam 02/01/2017

A voz
Um homem mergulha em si mesmo para fugir do desprezo da família, por não ter amigos e por seus relacionamentos amorosos serem sempre incompletos, conturbados.
A voz que "guia" a personagem deste livro mina toda e qualquer chance dele de perdoar e amar e o torna carrancudo, solitário e cheio de ódio.
Escrito de maneira poética, não linear (pois acompanha o fluxo de lembranças do próprio personagem) temos Damiano contato sua versão dos fatos e ao mesmo tempo um narrador/investigador que explica o que realmente aconteceu sem a paixão de quem viveu aquela vida.
É um bom livro, com um protagonista carismático e que não se revela facilmente e isso nos leva a mergulhar em sua mente para tentar entender o que se passou na vida desse homem.

@leiturasdosamm
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@vilmar_martins 12/03/2020

Que vozes? Só ouço murmúrios inteligíveis...
Uma narrativa situada entre dois mundos, um projeto gráfico belíssimo estruturando as duas narrativas, um ser deslocado, angustiado, pouco situado, errante, remetendo a Dostoyevski eu diria que é um ser do subsolo, subterrâneo. O que seriam então as vozes do sótão? Não as ouço, apenas murmúrios, seriam esse chamado para nunca estar? Seriam esse deslocar-se? Seriam o não situar? O que seriam? Recomendo, leiam e se possível me ajudem a situar essas vozes...
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Raphael 24/03/2020

Livro muito bom, leitura rápida e fluída. Gostei muito da história e do autor.
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Rafael1146 09/09/2020

Talvez eu tenha gostado do livro mais por identificação com algumas partes, do que pela qualidade da obra.
Em uma análise pessoal, me atingiu de maneira visceral. Principalmente a primeira parte, que narra algumas partes da infância/ adolescência do protagonista. A ideia de mesclar o discurso do narrador e do próprio protagonista nos arrasta pra suas dores e lamentações de uma forma real, até demais. O sofrimento psicológico é tão bem descrito que é quase palpável. Eu não consegui largar o livro enquanto não entrei na segunda parte. Nesse momento, o livro dá uma freada brusca na narrativa, a história acaba ficando meio insossa e perde o poderio das primeiras 60 páginas.
No final, ficamos com uma leitura agradável de ler, mesmo com a temática complicada e perturbadora (talvez pela escrita do autor, que é bem direta e ao ponto), mas com uma história que começa muito bem e termina... Não com um péssimo final, mas também não é um ótimo final; o livro só termina. Para alguns, talvez, funcione; Para mim, faltaram algumas páginas.
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