O resenheiro 12/03/2021
Viajando pra bem perto, mas muito longe no Tempo
Quando se fala em máquina do tempo nos vem a mente algo fantasioso, tecnológico, visita ao passado e futuro próximos. Mas neste romance escrito no final do século XIX, H. G. Wells, contrariando o óbvio, vai mais longe.
Aliás, vai bem mais longe! Viaja para o ano de 801702, uma abstração tamanha pra época, e acaba encontrando uma civilização bem diferente do esperado, comprovando que o caminho para o futuro não necessariamente é uma reta, mas uma linha cheia de curvas, que pode voltar ao mesmo lugar ou até em seres menos evoluídos do que somos hoje.
Evolução, diferente de progresso, era algo em voga na época que o livro foi escrito. A teoria de Darwin era recente, mas a teoria de Einstein ainda não tinha se revelado. Mesmo assim, a descrição de espaço tempo de Wells pra mim foi fantástica! Ele apresenta o conceito de que tudo na terceira dimensão não existiria se não prolongasse por um período de tempo, a quarta dimensão.
Voltando ao futuro longínquo, o Viajante do Tempo, como o narrador o denomina, se depara com duas raças distintas: os Elói e os Murlocks. Os primeiros são frágeis e agem como crianças, enquanto os segundos se assemelham a símios,, mais animais do que seres humanos.
Várias outras diferenças entre essas duas raças vão sendo descritas pelo viajante, que estando sozinho e sem ter nenhum cicerone para explicar a condição sócio econômica e detalhes de funcionamento da população, o que não acontece em outras utopias, por exemplo, tem que inferir sua suposição pelo que observa ao chegar nesse mundo separado pelo tempo.
E que tal então viajar mais pra frente ainda? Que tal ver o que acontece na Terra daqui a milhares de anos, o mais perto possível de seu fim, se é que se terá um fim algum dia? E isto é o que ele faz... A imaginação do autor é fascinante! Um clássico e tanto que me surpreendeu muito quando li! Recomendo bastante!