Lili Machado 24/10/2011Seus personagens são pessoas com as quais qualquer um pode se identificar.Nem seus antagonistas são completamente ruins - há sempre espaço para a redenção.
O personagem central é Colin MacLaren, um americano que volta ao país no fim da Segunda Guerra Mundial depois de combater o Nazismo na Europa.
Membro de uma Ordem ocultista milenar, ele leva uma Vida deslocada e sem sentido em Nova York até que, a conselho de um amigo, se muda para San Francisco, onde começa a lecionar na Universidade de Berkeley.
Lá, Colin encontra Alison Margrave, uma velha amiga, também envolvida com sua Ordem, além de Claire London, jovem estudante com dons mediúnicos, que ele transforma em sua discípula.
Na Califórnia dos anos 60, em meio às dezenas de seitas esotéricas ligadas à Nova Era e à filosofia hippie de sexo, drogas e rock'n'roll, Colin descobrirá também, que a derrota do mal representada pela queda do nazismo foi um feito bem mais passageiro do que ele pensava.
Uma nova e dramática Guerra estava sendo travada na América liberal da segunda metade do Século XX.
O livro atravessa quase 40 Anos – até chegar a 1998.
Colin e seus amigos continuam lutando contra as forças do mal, encarnadas em Anarquistas que protestavam contra o avanço militar americano e nos amantes do satanismo, que manipulam forças poderosas que julgam capazes de controlar.
Tudo isso tendo como pano de fundo o assassinato de Kennedy, o Watergate, a Queda do Muro de Berlim (cuja descrição de Bradley, realmente, tocou-me) e outros fatos que marcaram momentos de luz e sombra na História Contemporânea.
Mais do que uma revisão sofisticada das estórias de exorcismo que fizeram sucesso nos Anos 70, Heartlight é uma espécie de avaliação despretensiosa da busca pela espiritualidade no Mundo Ocidental ao fim do século XX.
Colin acompanha os fatos com a sabedoria de um velho combatente. É cético quanto ao power-flower dos anos 60, critica o individualismo e os caçadores de fantasmas dos anos 70 e não vê grande charme no misticismo que nasce na metade dos anos 80 e segue por toda a década de 90. Por seus olhos temos um painel do espiritualismo da última metade do século, com seus messias e a indústria do ocultismo em desenvolvimento.
O quarto livro da série "Light", segue o adepto da magia branca Colin McLaren a partir da turbulência dos anos 1960 e seu encontro com os magos mais sombrios, como Thorne Blackburn. Ele é ajudado por seu amigo, a parapsicóloga Claire Moffat London, e assombrado por seu rival, Toller Hasloch, uma criança mágica do ocultismo nazista, a fim de estabelecer um Quarto Reich. Nova York e San Francisco são bem tratados e apresentam versões fictícias da vida real dos sites esotéricos e seus praticantes. O tom da contracultura dos anos 1960 também soa verdadeiro. O romance é de particular interesse para aqueles que gostam de ficção sobrenatural.
Heartlight é o quarto thriller gótico da série Light, de Marion Zimmer Bradley (seguindo Ghostlight, Witchlight e Gravelight. Este último livro não só pega personagens destes três livros anteriores, mas também pega personagens e estórias góticas de Marion, anteriores, como Trevas Satânicas (1972), A herdeira (1984) e A Colina das Bruxas (1990) e acrescenta novos detalhes e novas perspectivas para essas velhas estórias. Mas a parte que eu realmente melhor encontrei, foi muito emocionante descobrir o que finalmente tornou-se Riveda (A teia de luz e a A teia de trevas – ou A queda de Atlântida), e saber que ele se tornou amigo de Domaris
Nunca li uma obra de ficção que realmente me fez pensar em um período da nossa história recente sob uma nova luz. A magia de Marion funciona tecendo um enredo de rituais com uma explicação convincente para muitos momentos-chave das crises do século XX.
Seus personagens são pessoas com as quais qualquer um pode se identificar. Eles têm os seus bons momentos, suas dores, suas mágoas, raiva e culpa de seus erros. Nem seus antagonistas são completamente ruins - há sempre espaço para a redenção.