A vista particular

A vista particular Ricardo Lísias




Resenhas - A Vista Particular


10 encontrados | exibindo 1 a 10


Pipoco 03/01/2017

Grata surpresa
Este livro é de fato incrível!
Abusando da metalinguagem, o autor se aproxima muito do leitor e, com ironia e muita inteligência, tece críticas a questões atuais, principalmente no que diz respeito à espetacularização da vida, da violência, a emergência das (sub)celebridades, a relação da arte contemporânea com a realidade, o esvaziamento de determinados programas de televisão (sem contar o do Estado, claro!), assim como mostra o poder influenciador da grande mídia sobre o cidadão comum.
Incrível, o autor tece com bom humor e sarcasmo o retrato de um mundo que tá aí, diante de nós!
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Georgia Cavalcante 19/01/2017

A narrativa parte da observação da realidade brasileira, com suas belezas e misérias em pleno século XXI. É ambientada no Rio de Janeiro e mais precisamente tem a comunidade do Pavão-Pavãozinho como cenário é quase
-personagem. O narrador apresenta antes de cada capítulo um breve resumo do que está or vir e, por vezes, dialoga com o leitor.

A escrita do livro é direta e recheada de ironias, uma boa dose de sarcasmo e muitos questionamentos. Durante a leitura de Vista Particular, nós refletimos sobre a nossa condição de seres humanos, a nossa capacidade de sentir o que o outro sente, as (des)razões da arte e a habilidade de alguns de lucrar com a miséria e violência que o outro sofre.

Quem acompanhou os jornais nos últimos 12 meses será capaz de identificar vários episódios na narrativa e, junto ao narrador, há de se questionar sobre o que vira notícia, como vira notícia e o tudo que é feito para naturalizar a violência nossa de cada dia.

O livro é uma leitura particular de Lísias acerca do país, seus moradores, suas dores e suas ocupações.
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José 16/09/2017

A plástica da violência
Muito bom. Tratar a violência do/no Brasil (do/no Rio de Janeiro, em particular) como se fosse uma performance artística é uma grande sacada. As referências do texto - a ação ocorre em 2016 - são ótimas para garantir o realismo e o non sense da história. Um artista plástico e um traficante como protagonistas. O Morro Pavão-pavãozinho como cenário (itinerante!). É realismo e realismo fantástico ao mesmo tempo. Curtinho, 126 páginas, cheias de recursos estilísticos (como deixar espaços em branco, onde deveria haver uma gravura). Vida inteligente na literatura nacional.
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Rodrigo 01/02/2018

A VISTA PARTICULAR
A VISTA PARTICULAR
Nós chegamos ao ponto onde tudo, convenientemente, se confunde, em função desse espetáculo caótico em que a gente vive. Baita crítica à sociedade do espetáculo, à essa pseudo-intelectualidade patética, onde se dá valor ao que não tem, onde qualquer um vira celebridade, onde tudo é arte.
Muito bom
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Felipe Duco 26/02/2018

É realmente uma crítica ou apenas o retrato cru da nossa época?
Tive meu primeiro contato com o autor em “Divórcio” e fiquei muito impactado, depois peguei pra ler “Cobertor de Estrelas” e a decepção foi grande, não encontrei o mesmo estilo e nem uma história desafiadora ou original (depois soube que se tratava do romance de estreia dele, amenizou um pouco a barra do Lísias pra mim, mas não salvou o livro da fogueira não). Agora com “A Vista Particular” nossos laços de amor literário foram devidamente reestabelecidos. Que livro impressionante, divertido (não chega a ser engraçado, mas é bem divertido sim) inteligente e peculiar.
O livro tem a mesma escrita forte que corre numa linha tênue entre realidade e ficção, assim como em “Divorcio”, que nos leva a certo ponto da leitura a pesquisar na internet se realmente aquela história não existiu mesmo de tão tangível que ela é.
A grande maioria das situações beira o absurdo, mas em nenhum momento são improváveis de acontecer. Toda aquela loucura é totalmente possível, caso chegássemos a ter uma série de eventos muito próxima do que aconteceu no livro.

Uma coisa muito divertida de acompanhar é a liberdade que Ricardo Lísias tem pra escrever “A Vista Particular”, falando sobre matérias na Folha de São Paulo, entrevistas na TV Globo, citando ativistas de Facebook, o uso das hashtags, visualizações no Youtube, patrocínios do Santander... Isso tudo nos deixa numa proximidade inexplicável e nos situa com firmeza no ambiente de um livro que se passa no Brasil, em 2016.

Boa parte de tudo o que Ricardo Lísias quer passar só será aproveitada se o leitor tiver um conhecimento básico de fatos políticos, econômicos, sociais e culturais nacionais recentes. Pra entender umas reviravoltas (sobretudo o final) e o grande mote da história tem que saber o que se passou nos noticiários do Brasil (tanto os sérios quanto os sensacionalistas) nos últimos 5 anos pelo menos. E o mais legal disso tudo é que se você não tem essa bagagem, com certeza, durante a leitura você vai querer saber sobre o que tá sendo dito. E realmente ter conhecimento sobre essas manchetes polêmicas que são abordadas com ironia em forma de arte faz a gente ver a história de um jeito mais pesado, porém necessário.
Antes de fazer essa resenha aqui tava dando umas voltas pela internet pra ver o que estavam falando sobre esse romance e vi muita gente comentando das críticas sociais que Ricardo Lísias faz, mas fico um pouco incomodado com essa definição. Estamos falando um livro moderno, realista e adulto, que vai abordar arte contemporânea e pra isso usa o Rio de Janeiro como pano de fundo e a vida de personagens de carne e osso pra compor a história. E me parece um pouco óbvio que no meio desse percurso, com esses ingredientes todos, vai haver problemáticas urbanas, humanas e sociais. Como você pode retratar o Rio de Janeiro sem abordar a violência? Como falar de classe média alta brasileira sem se valer de hipocrisia?
É realmente uma crítica ou apenas o retrato cru da nossa época?
Difícil dizer com certeza, mas embora as situações e os personagens criados por Ricardo Lísias sejam tidos como peças de uma crítica social batida, não acredito que essa tenha sido a verdadeira intenção do escritor. Ou sim?
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Gabriel 16/09/2020

Uma obra metalinguística e genial
Ricardo Lísias, como sempre, desafia os limites da arte! Num mundo em que a liberdade de expressão é um preceito fundante da vida em sociedade, não é raro nos depararmos com questionamentos acerca de suas fronteiras. O próprio livro "A vista particular" carrega, já forma em que foi escrito, essa indagação, na medida em que se utiliza de diversos personagens reais, apropria-se de cenários recentes da história (como a Olimpíada do Rio de Janeiro) e, o mais espetacular e original, trata a si mesmo com seriedade e convicção, por meio de referências externas inexistentes e fotografias ou manchetes inventadas.

O livro me surpreendeu pelo ritmo intenso e, ao mesmo tempo, pela simplicidade. A leitura flui facilmente, mas não nos deixa de sentir desconfortos e agonias durante toda a história. De uma forma caricata e inteligente, Ricardo Lísias se utiliza de um humor pesado e nos apresenta a arte contemporânea nua e crua num embate contra a moral e a própria dignidade.

Foi uma leitura de 2020 que me surpreendeu! Recomendo!
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Victor Hugo 26/04/2021

Um artista usando a favela e as histórias de seus moradores pra fazer arte e sem se preocupar muito com as particularidades de cada um ou a sensibilidade dos temas do qual está fazendo a sátira...
Se eu to falando do autor ou do protagonista? Não sei. Só lendo pra tu tirar suas conclusões rs
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Loterio 02/11/2022

puto com a genialidade
talvez este seja um dos livros mais geniais que já li.
Lísias é o herdeiro de Machado de Assis.
ácido, duro, sarcástico, dolorido, preciso.
são todos adjetivos que cabem para este livro, de leitura fluida e arrebatadora.
comecei rindo e terminei triste.
genial!
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Luana 26/02/2024

Incrível
Tudo que leio do Lísias, me surpreende positivamente e tem um tom de inesperado. Essa obra, não foi diferente e, para mim, um ótimo exemplo de inovação na literatura contemporânea. A obra brinca com a realidade, traz personagens reais e irreais, fatos verídicos com ficção. Além disso, a obra é dinâmica sem perder o sentido (o que infelizmente a nova leva de escritores brasileiros tende a fazer). Eu me admirei em vários momentos, fui pesquisar pq o narrador me convenceu que aquilo poderia ser verdade e dei com a cara no chão. Incrível, bem escrito.
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