Resenhas - O olho mais azul

Ytan 19/04/2023

O livro tem temas bem pesados. Eu recomendo esse livro pois apesar dos temas polêmicos ele tem uma visão muito diferente.

L Soares 04/04/2023

A história de duas famílias negras em Ohio (e alguns fatos ao redor).

Parte da história é narrada por Cláudia, mas a perspectiva da narração segue outros personagens inclusive no passado.

No livro a histórias não é exatamente linear, as mudanças de época e cena as vezes me parecem abruptas e descontinuadas, mas são parte do contexto.

Sobre a história, conhecemos alguns momentos da vida de Cláudia, que estuda com Pecola e narra episódios em que presenciou alguns sofrimentos dela.

Mas também temos a história dos pais de Pecola contadas desde sua infância, como se conheceram e viveram até as circunstâncias do presente. E partes na vida da própria Cláudia e sua família.

Pecola é a menina negra que sonha ter olhos azuis e dá nome ao livro, por achar que se tivesse os olhos azuis como as meninas loirinhas que via na TV e revistas seria amada e feliz.

A menina cresce em um ambiente extremamente tóxico, sofre com violência e abusos, é um texto pesado, pelos sentimentos de que trata, não necessariamente pela escrita, que faz alusão à violência como talvez a mente de uma criança narraria, sem a compreensão completa do ocorrido, suavizando a crueldade dos fatos.

É bacana que a narrativa do passado, com a história dos pais, tenta apenas explicar sem em nenhum momento querer justificar as barbaridades.

Mas desde o início desse livro há coisas que incomodam bastante, como o claro ódio racial demonstrado pela menina narradora, ao receber bonecas loiras e falar das meninas da TV e de como destroçava as bonecas, mas desejando em seu íntimo fazer o mesmo com as meninas de sua escola ou que encontrava pela rua, apenas por sua aparência.

O destino final da menina com seu sonho é realmente impactante.

É fácil ter empatia pela pequena Pecola, sua fragilidade diante de um mundo tão violento e preconceituoso, mas difícil ter a mesma empatia pela narradora, o que me gera sentimentos conflitantes.

Mas a autora foi a primeira mulher negra Nobel em literatura, então não prestem atenção em eventuais críticas e leiam.

Myllena.Silva 03/04/2023

A escrita de Toni Morrison é algo surreal. Ela faz da dor descrita pelas personagens uma poesia. Retrata com tanta fidelidade os sentimentos de cada membro da família, desde as qualidades, os anseios, os defeitos numa narrativa tão envolvente. E é enredando o leitor que ela narra coisas tão brutais, sentimentos tão perversos, dores na alma e no corpo tão profundas que mexem com a gente.
A literatura que envolve histórias de racismo, de violência doméstica, de desamparo me fazem desacreditar cada dia mais da humanidade, sem sombra de dúvidas.
Pecola merecia uma vida digna e respeito simplesmente por ser humana.

aninha 01/04/2023

a existência não tem sentido e a vida é só sofrimento
essa é a realidade da pecola e da coleção de acontecimentos trágicos que compõem a vida dela. mesmo sendo uma caricatura exagerada da opressão que garotas negras sofriam e continuam a sofrer por conta de ideais de beleza, alguns momentos foram demais pra aguentar.
é extremamente triste ler sobre uma criança passando por tudo isso e ver no que essas coisas culminam, na casca de pessoa que ela se torna. mais horrível que um desejo é somente sua realização.

Caos Literário 01/04/2023

Difícil, porém necessário
Primeiro livro da Toni Morrison que eu leio e eu posso dizer "que autora incrível"! No início eu me conectei muito com o livro, principalmente na parte narrada pela Cláudia. Do meio para o final a história foi ficando mais pesada e eu senti várias coisas diferentes, pois foram muitos gatilhos. É uma leitura com temas bem pesados, porém necessário. Transformou minha visão de mundo, porém acredito que as pessoas devem procurar ler o livro quando estiverem com um mental bem preparado, pois são muitos gatilhos.

JAQUELINE.ARGOLO 25/03/2023

Recomendo mil vezes!
Iniciei o livro hoje pela manhã e tive que parar a leitura pra dar conta dos meus afazeres. Mas confesso que fiquei curiosa e impaciente para continuar e finalizar a leitura da obra (concluída no mesmo dia a noite). A narrativa tenta dramatizar as desigualdades, os preconceitos e o racismo e como isso pode impactar na vida de uma menina negra. Uma leitura impactante e que me deixou reflexões e o despertar de sensibilidades.

Lolla 25/03/2023

Gostei mas alerta de gatilho
Achei a leitura bem fluida, e a história prende bastante, a autora arrasa demais na escrita, de verdade. Mas não consegui dar mais estrelas pelos gatilhos (que são muitos) durante o livro. Acho que para quem tem um histórico de ansiedade, depressão deveria ter muito cuidado na hora de ler, pois contém cenas de bullying, violência doméstica, sexual e principalmente racial. Lógico que quando a gente pega um livro com uma temática racial, ainda mais escrito na década de 60, a gente já espera esse tipo de abordagem, mas fica de dica pra quem acha que pode ter gatilhos. Enfim, achei um bom livro, para quem está habituado a ler livros com essa temática funciona bem. Como eu vinha de um periodo conturbado mentalmente me afetou um pouco.

Mama 21/03/2023

O livro mais triste que li esse ano
Toni Morrison conseguiu me fazer chorar e ao mesmo tempo sentir um nojo imensurável da nossa sociedade racista. As personagens conseguem transferir toda dor descrita na história, todo julgamento social, todo desprezo e desumanização...

Celice1 20/03/2023

Surpreendente
Livro interessante de narrativa, por vezes meio confusa, mas ainda assim instigante. Nele conhecemos a história de Pecola, a menina negra que sonhava em ter olhos azuis.

Paula 17/03/2023

Belo e triste
Uma capa linda esconde uma história triste demais... Demorei pra terminar por não conseguir ter estômago pra aguentar

de Paula 12/03/2023

Pecola e o paralelo de uma existência predestinada
Que livro é esse?! Como é possível tanta violência estar condensada em tão poucas páginas? Como é possível que esses crimes sejam desferidos contra um corpo e isso seja tido como normal? É uma excelente leitura, mas, absurdamente real e cruel. Simplesmente foi o melhor presente que poderia ter me dado, a experiência de ler essa narrativa e terminá-la justamente no dia do meu aniversário foi muito emblemático.

Pecola Breedlove é vítima de uma sociedade, de uma época, de um tipo de ser, terrível, degenerado e violento. Ela é o símbolo de tudo de pior que se pode acontecer com alguém e que o pior é sobreviver, apesar de tudo. Tentei chorar e não consegui, porque a dor foi no mais profundo do meu ser, aquela dor que todas nós de uma forma conhecemos, seja por sermos mulheres, que é o meu ponto de contato com a personagem, mas, existem outras identificações, como pessoas pretas entenderem o preconceito racial e etnico, ou vítimas de abuso sexual também. É muita crueldade gratuita em um corpo marginalizado e apesar de tudo, tão inocente, o que deixa essa história incômoda e dilacerante.

O que me marcou nesta história é a questão levantada por Paulo Freire, sobre a educação libertadora e o sonho do oprimido é ser opressor. As pessoas negras acabavam por ser preconceituosas com outras pessoas da própria comunidade, o que é conhecido como colorismo, e a vítima escolhida nesta narrativa era Pecola, porque era uma negra retinta. Ela sofre a violência por parte das crianças, dos adultos, da própria mãe e isso a deixa sempre atenta de onde virá a próxima violência. Ela parece um bichinho acuado em todos os momentos, inclusive, a passividade é muito difícil de lidar ao acompanhar a história. A Claudia, que conta essa história, comenta muito sobre essa passividade da menina.

O pior, porém, é revelado no primeiro capítulo, onde descobrimos que a garota engravida do próprio pai e perde o bebê e como todos a consideram pecadora e o motivo, inclusive, de flores não vingarem no período. Gosto da opção narrativa que Toni tomou em humanizar todos os personagens, mas, sem justificar com isso as atitudes deles. Tem o estupro e abuso sofrido por Pecola pelo pai, tem a consulta ao homem que dizia operador de milagres e pedófilo, tem a mãe quebrada do garotinho que tem ciúmes do gato, enfim, é tanta crueldade que nos fazem refletir que tipo de gente nós somos com tudo isso que acontece nas sociedades humanas.

É pungente, difícil e dolorido, porque as crianças são muito inocentes, elas acreditam que o sexo só pode ser feito quando as pessoas se amam, que a menstruação pode engravidar automaticamente a pessoa, que a forma de se livrar de tudo isso é com o álcool e principalmente, que é melhor o que aconteceu com Pecola, afinal, o pai dela a amava e era uma pessoa conhecida. Como pode crianças com esse pensamento sofrerem tanta maldade!

O diálogo final da Pecola com uma amiga imaginária, a própria consciência ou o bebê que morreu em plenos doze anos de idade, nos revelam que o desejo infantil dela tem uma busca estética por ser aceita pela sociedade e por ser suficiente de alguma forma. Isso é um dos tópicos mais enfatizados em resenhas, mas, não concordo que isso seja infimamente mais importante do que entender a busca pelo local de pertencimento que a garota almeja e como, ao se ver reduzida a nada, recorre ao entendimento da inveja pelos seus olhos mais azuis do que o de todos.

Uma leitura simbólica e importante, que todas as pessoas precisam ler, para entender e ser melhor com quem virá. Um dos melhores e mais difícieis livros que já li. Toni é sensacional!

Tanseles 12/03/2023

Forte e pesado
Toni Morrison traz em seu livro toda a violência que uma menina negra pode sofrer ao longo de sua vida e como todo esse maltrato da sociedade ao seu redor acaba por destruir a autoestima e os sonhos das meninas negras.

Suzana Mendonça 06/03/2023

Leitura difícil
?O Olho Mais Azul? conta a história de uma menina negra cujo maior desejo era ter olhos azuis, o que revela a sua percepção idealizada do que seria a beleza. A obra é potente na demonstração de facetas diversas do racismo experimentado por homens e mulheres de todas as idades.
Entretanto, a leitura é extremamente difícil, tanto no aspecto da reduzida fluidez do texto, como nas temáticas abordadas ao longo do livro - principalmente aquelas relativas a assédio sexual e abuso infantil.

Bela 27/02/2023

Para ser bem sincera, fui e voltei diversas vezes na tentativa de fazer uma resenha sobre esse livro. A verdade é que duvido muito da minha capacidade de escrever algo que contemple, de forma satisfatória, as nuances e questões trazidas por Toni Morison. Dito isso, reconhecendo a minha limitação, me reservarei a descrever algumas percepções, ainda que sejam insuficientes e não contemplem à grandeza do livro

O olho mais azul foi uma leitura complexa e dolorosa. Em diversas cenas, é possível sentir o peso de uma sociedade alicerçada em discursos racistas e segregadores. Retrata a história de uma menina negra, Pécola, que, aos 12 anos, almeja intensamente ter olhos azuis. Todos os dias, Pecola pedia a Deus para que transformasse a cor dos seus olhos. Na obra, esse desejo é posto de uma forma literal; ela, mesmo negra, queria de fato ter os olhos mais azuis possíveis. Mas, automaticamente, surge a interpretação de que tal desejo nada mais é do que a exteriorização da cultura do embranquecimento racial como forma de se moldar aos padrões sociais. Padrões que, desde sempre, ditam o que é considerado feio, belo, agradável ou não e, pasmem, infelizmente, são relacionados a questões raciais. De forma extremamente perversa, esses ideários são capazes de fissurar a inocência de uma criança ao sedimentar uma visão deturpada de si mesma, e equiparar a noção de aceitação e acolhimento ao encaixe em meros padrões estéticos.

Além disso, a obra traz outras problemáticas, como o abuso sexual sofrido por Pecola e o retrato de uma família desestruturada. Em meio a descrição de tais horrores, a escrita de Toni Morrison consegue, ainda assim, ser leve e sútil, trazendo, em alguns pontos, uma falsa impressão da romantização dos fatos. Existe algo, nesse livro, que desperta um olhar mais aguçado, de modo a suscitar o desejo de interpretar e visualizar além da obviedade do texto. Apesar da importância do livro e do seu notável destaque, preciso ressaltar que, para mim, a leitura não foi tão linear, existindo alguns momentos da narrativa que não me atraíram tanto e, assim, não foi um livro favoritado.
Outra informação interessante é que Toni Morrison foi a primeira mulher negra a ganhar o prêmio Nobel de literatura. Merecido.

Gabi 26/02/2023

Leitura com uma carga emocional fortíssima, o livro toca diretamente no desdém da origem racial que uma pessoa pode sentir por si. Vou deixar as palavras da própria autora para resumir bem como a obra foi recebida em sua publicação.
"Posso dizer que meu projeto de narrativa é tão difícil hoje quanto o foi trinta anos atrás. Com pouquíssimas exceções, a publicação inicial de O olho mais azul foi como a vida de Pecola: desprezada, trivializada, mal interpretada. E foram necessários vinte e cinco anos para ganhar para ela a publicação respeitosa que esta edição representa."