Henri B. Neto 16/04/2015Resenha: O Amor está No Quarto ao LadoEu não sei como cheguei a "O Amor está no Quarto ao Lado". Não me lembro se vi um comentário no Facebook, ou se foi através de uma resenha em algum blog por aí, mas a questão é que eu conheci o livro totalmente por acaso. Vi a sinopse, achei interessante o fato de ser um militar muito mais velho que acaba se apaixonando por uma garota saindo da adolescência, e coloquei na minha lista (eterna) de "Leituras Futuras". E acreditem em mim, do meu ponto de interesse ao momento de ler mesmo, levou um longo tempo. Então, quando eu finalmente peguei ele, não acho que as minhas expectativas estavam altas. Muito pelo contrário, eu só queria que a história fosse bonitinha e me entretece. Até certo ponto, ela o fez. Mas, durante a leitura, vários detalhes acabaram criando ruídos de descontentamento entre a história e eu como leitor, e isto acabou embaçando um pouco qualquer sentimento positivo que poderia criar com o livro.
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Para o começo de conversa, temos a narrativa da autora. Sim, ela é fluída, eu não nego. E sim, ela soube dar vozes diferentes para a Jeni e Ruan, os dois protagonistas de "O Amor está no Quarto ao Lado". Entretanto, tinham momentos em que os personagens começavam a divagar sobre o amor, a vida e sobre o outro que quebravam completamente o ritmo de leitura. Algumas vezes, os discursos me pareciam tão piegas e/ou forçado, que eu acabava revirando os olhos... E olha que sou uma pessoa que não liga se alguns romances são enjoativamente doces ou não.
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Outro ponto que acabou me irritando um pouco (para não dizer "muito") foi a quantidade de reviravoltas que o livro traz. Tudo o que você pode imaginar acontecer, vai acontecer na vida de Jeni e Ruan - seja diretamente ou indiretamente. Teve personagem se passando por outra pessoa, segredos de família, tentativa de assalto, sequestro, barraco em festa, barraco particular, coma... Enfim, todos os clichês dramáticos possíveis. No começo, eu acabava relevando, mas depois de um tempo não conseguia mais. Eu só pensava, "meu Deus, estes dois precisam de um Exorcismo, pois isto já é espiritual!". Foram tantas as mudanças de rumo, que a história acabou perdendo a verossimilhança e ganhando ares novelesco. Mexicano, ainda por cima.
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E isto acabou tirando o meu pique pela leitura. Quando cheguei ao final, já havia acontecido TANTA coisa que - mesmo faltando apenas uns quatro capítulos para finalizar o livro - eu pensei seriamente em abandonar ele. A história acabou me cansando, pois não tinha tempo para respirar. Sei que isto pode parecer algo bom, mas a questão é que não sentia que havia um desenvolvimento fora os "pontos de referências". Não tinham pausas de calmaria. As que aconteciam, simplesmente sumiam no meio da temporada de tempestades emocionais.
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Enfim, olhando em retrospecto, "O Amor Está no Quarto ao Lado" tinha tudo para ser um livro que me cativasse, mas senti que a autora pesou a mão na hora de contar a sua história. A sinopse é interessante, o casal tem química - o que, para mim, é muito importante - e a ambientação militar é bastante crível (O que deve ser uma influência direta do fato da autora ser esposa de um militar). Mas o clima dramático demais, onde só vamos levados a extremos, acabou me afastando da trama. Sei que muita gente vai gostar deste estilo "novelão da Globo", mas comigo não funcionou. Neste caso, o volume se enquadra perfeitamente na expressão "menos é mais". E se autora tivesse dosado um pouco a dose no que Jeni e Ruan teriam que passar, acho que o romance teria sido incrível. E crível.
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Henri B. Neto
''Na Minha Estante''
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