Agnes 30/04/2017
"Do mundo se esquecendo, do mundo esquecida."
Mais uma leitura estonteante de Katherine Mansfield. Invejada por Virginia Woolf, Mansfield é uma escritora neolandeza, com uma vasta coleção de contos publicados, pertencentes a segunda década do século XX. De uma saúde frágil e muito debilitada, em 1923 com apenas 34 anos, veio a falecer de tuberculose.
Durante os seus poucos anos de vida, a contista viveu intensamente e seguindo os passos de Tchekhov, com o conto moderno, criou o "conto atmosfera", que seria a representação de um estilo introspectivo, que versa não somente as ações dos personagens, mas também os seus pensamentos, devaneios e estabelece um ritmo poético e preciso, valorando a vida como algo imprevisível.
Seus contos são repletos de diálogos permeados pelo não-dito. O silêncio é um grande marco na sua escrita. Aborda sobre a fragilidade dos relacionamentos, solidão, traição, recria ambientes com uma linguagem única, poética, singela. Descreve trivialidades...
A vida não é mais a mesma, depois que lemos os seus contos atemporais. Leitura necessária!
Nessa coleção, temos 15 contos e desses destaco:
*Uma xícara de chá
*Picles de pepino
*Vestir o Hábito
*Êxtase
*As filhas do falecido coronel
*Prelúdio
De uma linguagem poética, Mansfield transpassa a superficialidade do comum e adentra intimamente na vida de seus personagens. Os devaneios, o sutil fluxo de consciência, e o discurso indireto livre trazem a narrativa uma vivacidade que impressiona. É como se entrassemos no interior de nós mesmos.
Uma viagem sem volta!
" O sentimento era diferente de tudo o que já imaginara. Não era nada agradável. Nem mesmo vibrante. A menos que se chame de vibrante a mais extrema sensação de abandono, desespero, agonia e infelicidade.
[..] ?
" Aquela paixão era excessivamente intensa para isso. Deveria ser suportada, silenciosamemte; deveria torturá-la. Ela suponha que era simplesmente esse tipo de amor." ? "(Conto - Vestir o Hábito)