ritita 25/10/2024Livraaaço!Que livro agoniante, pesado, mas maravilhoso. Levei quase 60 dias lendo, pois tive que intercalar com vários livros leves. Não consequia ler durante a noite (confesso que ando muito sensível com as maldades humanas).
Já de início o leitor percebe que existe alguma coisa a mais entre os confrontos de Sarah e o restante do conselho conservador do colégio, mas longe, muito longe de imaginar os subterrâneos de suas histórias.
Sarah enfrenta poderosos pais de alunos, em uma narrativa bastante realista que aborda temas como o racismo ou o abuso sexual.
Sendo a história central passada em Cracóvia e depois Auschwitz (que era na realidade uma pequena cidade na Polónia chamada Oshpitzin) é inevitável acompanhar a destruição da forma de organização e de vida judaica e a desconstrução, física e moral, de milhares de judeus, reduzidos a uma condição de sub humanos e a testemunhas da ambiguidade do mal e do absurdo de uma existência que, de minuto a minuto, é posta em causa. Se há um inferno, não pode ser pior do que Auschwitz. Mas mesmo no inferno consegue romper um fio de amor e de humanidade, talvez um micrograma de compaixão.
A história é contada em terceira pessoa até o momento de se descobrir a verdadeira história de Sarah, narrada agora por sua adorada e inseparável amiga Esther, já sexagenária.
O livro revela um trabalho apurado de investigação, uma capacidade de escrita desafiante aliada a uma veia descritiva fotográfica ou até cinematográfica.
Uma narrativa intensa, uma provocação de sentimentos divididos que ttraz à tona o pior e o melhor do leitor.
* Ando gostando muito de ler alguns autores portugueses, João foi uma feliz descoberta.
Possivelmente o melhor livro que li este ano até o momento.