R...... 06/12/2016
Publicação de agosto de 1962 explorando lendas e mitos gaúchos. A iniciativa, segundo o texto de abertura, buscava a valorização da cultura nacional em um revés à invasão de heróis estrangeiros. Xenofobia? Não. Acredito no apego à identidade local. Lembrei de um fato também, de que a indústria norte-americana dos quadrinhos sofria na época sérias imposições e censuras, a partir do trabalho pernóstico de um psicólogo, e talvez isso tenha refletido na visão sobre os super-heróis por aqui. Digressões...
A obra traz duas HQs e gostei bastante.
"Sepé" valoriza o indígena Sepé Tiaraju, um guerreiro que virou lenda na região do sul por sua luta contra as imposições à seu povo no período colonial. Poxa! Dei sorte porque li recentemente uma HQ em que também era valorizado e essa agora fortaleceu um pouco mais minhas descobertas (conheci o personagem através dessas histórias). A outra HQ procurava resgatar o mito, esquecido, e essa explora o lado guerreiro, apresentando uma batalha contra os famigerados e cobiçosos espanhóis.
O contexto é que Portugal havia assinado um tal "Tratado de Madri", que dava a autonomia da região dos povos das Sete Missões aos espanhóis e esses apareceram todos boçais determinando que os índios do lugar dessem o fora. Ah, mas pra que! O Sepé compra briga e a HQ mostra sua vitória contra esses pirentos mandões. Toma o teu, lazarento!
Historicamente pode até haver alguns exageros, mas fazem parte do mito e a HQ é legal. Também gostei por que os jesuítas não foram mostrados. Talvez o roteirista (Clima) tenha optado não mostrá-los para não entrar em histórias nada heroicas.
Que surpresa! Li a HQ e só quando fui buscar o nome do ilustrador me deparei com Flávio Colin. O traço está bastante diferente, sem muitas experimentações no estilo que o consagrou.
"Boitatá" mostra a lenda do bicho e foi ilustrada por Saidenberg. Não é extraordinária, mas tá valendo. Legal para apaixonados do folclore (como este leitor).