Julia 23/01/2015
"A realidade é que aprendemos com João pra sempre a ser desafinados"
São 455 páginas de pura bossa, música, lirismo, história, mar-flor-amor, política, intrigas, jazz, Frank Sinatra, Norma Bengell, Bôscoli, Nara, Newton, Tom, Vinícius, Lyra, Menescal e muito, muito João!
É a história da bossa nova a de João Gilberto? E tem diferença entre uma coisa e outra?
Título apropriadíssimo: a história e as histórias da Bossa Nova.
Ruy Castro com a sua narrativa impecável, ácida e com um tom de humor na medida certa consegue fisgar a atenção até do leitor anti-Bossa que só se interessa pelos barulhos do Sepultura. O jornalista consegue mostrar que nem só de lirismo, mar-flor-amor e Avenida Atlântica viveu a Bossa Nova, teve muita pauleira e, veja só, até Tijuca e Vila Isabel (foi uma passagem rápida, mas passaram por lá), sem contar Roma, Paris, Japão e a super nova Nova York.
No início, como parece acontecer com todos os novos movimentos artísticos, ninguém queria jogar bola com eles, mas depois do sucesso estrondoso até Frank Sinatra tava vestindo a camisa.
Entre cantigas e intrigas, somos apresentados a todos os causos que os músicos causaram e nos quais foram enfiados, tudo em nome da nova bossa. (há ainda de quebra causos amorosos como Nara-Bôscoli-Maysa). Ao final da leitura, cheguei à conclusão de que Caetano estava certo: "a Bossa Nova é foda" - apesar de serem excessivamente "mar-flor-amor", mas tudo bem a Tropicália tava chegando para dar uma reorientada no Carnaval.
Chega de saudade!