Brina.nm 14/03/2017Resenha pelo blog Gordinha AssumidaAntes de começar essa resenha peço de coração que não comecem treta por causa de minha opinião sobre o livro. Sei que muita gente esta gostando da obra, e é aquele negócio, cada um tem seu gosto, você só vai saber se é bom o livro se ler.
Essa é uma resenha completamente sincera e COM spoilers, então a leiam por conta e risco. E mais uma vez ressaltando que ninguém é obrigado a nada, muito menos a gostar de tal livro, seja ele escrito por autor nacional, internacional, pelo papa, YouTuber ou minha mãe.
O que resta de mim é um livro que achei extremamente incoerente, e com uma semelhança MUITO grande com Um Caso Perdido, da Colleen Hoover. Lembram aquele livro onde a menina é abusada pelo pai, se envolve com o guri da escola pra no final saber que ele é o melhor amigo de infância dela, pois é, é bem isso aqui, só que a salada é maior (e gente, ele tem até uma tatuagem pra lembrar da menina que abandonou quando era pequeno –emotion revirando os olhos).
Um dos erros mais gritantes deste livro pra mim foi o excesso de plot twist que a autora colocou na narrativa (eu contei mais de 10), ao invés de seguir somente uma linha onde há um casal principal, algum mistério e fim, não, temos várias e várias histórias contadas ao mesmo tempo. Sei que o objetivo da autora é fazer uma série, mas você querer introduzir TUDO em um primeiro livro fica muito bagunçado, cheio de pontas soltas e é claro cheio de histórias jogadas ali sem nenhum motivo aparente (que pode ser explicado em um próximo livro, mas então se vai contar sobre aquilo no segundo porque não deixar para falar somente nele? Pra que colocar mais coisas em um livro que já tem tanta coisa acontecendo?)
A linha temporal aqui é uma bagunça também, logo no início vemos a protagonista falar que está lendo um livro da Thalita Rebouças (e pesquisando vi que este foi lançado em 2011) e o guri também toca pra ela uma música de 2011. Porém, quando ela vai pra faculdade se passaram nove anos do acontecido (e ela tinha 9 anos quando matou o pai), logo 2011 + 9 anos = 2020, PORÉM a história se passa em 2016, já que ela fala que o menino comprou um carro de modelo tão novo que ela não tinha nem visto, um Audi 2016 e um Jeep modelo 2016, logo a história dela na faculdade se passa em 2016 e não em 2020, fora o tanto de referências que ela faz ao ano 2016 com músicas e séries que foram lançados naquela época. Não sei como esse detalhe tão gritante passou despercebido pela criação da história e pela revisão, porque está jogado assim na história logo no início.
Além desse erro das datas (que pode ser facilmente arrumado em uma nova edição) a linguagem da protagonista nunca condiz com a idade dela, na cena onde ela mata o pai com 9 anos seus pensamentos parecem de uma mulher adulta, e ela fala como uma criança de 5 anos (eu tenho uma irmã mais nova, ela nunca falaria algo parecido com o que essa menina diz e pensa), quando está na faculdade também, hora ela se comporta como uma menina de 15 anos fazendo birra, outra é super madura, e alguns diálogos com outros personagens também seguem esse mesmo problema.
Outro pequeno detalhe logo no começo do livro é a cena de quando ela mata o pai, que foi completamente forçada (já que ela consegue acertar logo no pescoço dele com a faca), ela, uma menina de 9 anos toda frágil e com a mente abalada (afinal não podemos comparar como igual a mentalidade de uma menina de 9 anos com vida normal com uma que sofre abusos diários de seu pai) conseguiu matar um homem adulto (ainda que bêbado) tão fácil é meio difícil de acreditar. Além de que a personagem cita que é famosa pelo que aconteceu na cidade, mas em casos assim as crianças são sempre mantidas em sigilo para própria segurança, então como é conhecida?
Pois bem.... Passando essa parte, ela vai pra faculdade e tals, e temos uma cena dela falando que tem muito medo de homens hoje em dia, medo de andar de ônibus, de ficar em lugares sozinha com eles... Mas tudo isso é esquecido, já que logo quando conhece um guri lindo que a chama de gatinha já vai logo entrosando, esse esquecimento dela é direto, principalmente quando se trata do protagonista Guilherme, que pelo jeito consegue fazer o trauma dela passar como anos de terapia não conseguiram.
Temos também é claro uma referencia pequena de Sr Daniels, onde a mãe postiça deixa cartas pra ela entregar para a filha Milena, melhor amiga dela, essas cartas são para serem entregues em momentos específicos para a filha, mas uma continuidade disto é completamente esquecido na história, está simplesmente ‘jogado’ ali no meio ao acaso e em nenhum momento retornamos a tais cartas, mesmo Milena se apaixonando e tals…
As piadas machistas e homofóbicas são lindas também, -sqn. Guilherme e seus amigos pensam que mulheres estão ali para seu bel prazer, chegando a comparar a variedade na praia como um Buffet, e nosso protagonista solta a pérola que a voz da menina é chata então ela deveria ficar com a boca fechada, de preferência sob seu pau. Pois é, bem babaca, e depois é claro que as personalidades mudam completamente, e eu pensando aqui que um babaca nunca mudava seus conceitos da noite pro dia. Eles estão a todo momento questionando as atitudes um do outro com relação a sua sexualidade (se tu não quer pegar uma menina naquele dia então é viadinho, supergirl é uma série muito gay pra um homem e Gothan é que é série pra macho) entre outras pérolas que em certo momento resolvi abstrair porque não aguentava mais esse comportamento preconceituoso.
Não achei que as cenas de sexo foram bem construídas, Guilherme esta sempre com tesão, típico, é só ver a menina e já está com a síndrome do pau duro, mas a cena mais ridícula (desculpa a expressão, mas não foi legal) é ele entrar no banheiro do quarto de Gabi e se masturbar enquanto ela troca de roupa. Não foi legal isso, desculpa, mas não consigo aceitar um cenário onde isso seja excitante, erótico ou no mínimo respeitoso, ainda mais quanto você está contando uma historia da guria que foi abusada sexualmente e é toda cheia de traumas por isso. Fora que ele se masturba o tempo todo (não sei onde isso é sexy) e a menina compara o orgasmo como uma dor de cólica prazerosa (oi?). Mas o pior mesmo é quando ele esta fazendo oral nela (e ela esta quase gozando) temos a seguinte frase: minhas paredes se fecharam ao redor de sua língua.... caralho de língua grande Ehn! Sem contar é claro que depois de tanto chove não molha, tanto oral e masturbação, na primeira vez do sexo deles ela consegue dar de boas, o amor superou todos seus traumas sexuais, não existe isso de gatilho, não existem medos quando você olha nos olhos de seu verdadeiro amor e vê que ele te ama ‘-‘.
Como disse é uma salada imensa esse livro, faltou sim uma revisão mais critica e uma lapidada na historia, deixando somente o essencial, com menos reviravoltas e mais tato e pesquisa, pois muitas atitudes são completamente incoerentes com as situações em que eles estão, principalmente as do abuso, que para quem lê mais sobre o tema ou sabe na pele o que é isso, sabe que as atitudes de Gabriela não parecem com as de uma menina que sofreu abuso quando criança pelo seu pai e que o matou com suas próprias mãos.
A escrita da autora apesar das falhas é bem fluida, e isso ajuda bastante já que o livro é enorme, há cenas engraçadas e envolventes sim, mas infelizmente elas não salvam o resto do livro. A historia tinha tudo para ser bacana, se tivesse sido feito uma pesquisa melhor, se focado em 2 assuntos no máximo e é claro se a revisão e a Copidesque tivessem sidas feitas realmente com empenho (Sinceramente, nem acredito que esse livro tenha passado pelas mãos de um Copidesque, pois se tivesse metade das incoerências tinham sido solucionadas e a história lapidada).
O livro termina com a bomba que o pai está vivo, um mistério que pode envolver Julia ser filha do pai da Gabi (especulações minhas), e isso ate que foi legal, mas infelizmente a salada estava muito grande e no final tem tanta coisa acontecendo que você já não sabe mais onde concentrar. O livro tem continuação, e já tem os próximos casais formados, mas eu espero de coração que no próximo livro seja feita uma pesquisa maior, que a historia seja mais focada e que detalhes incoerentes sejam deixados de lado, pois me atrapalharam muito no decorrer da narrativa e como disse a história tinha tudo pra ser boa.
Essa foi a resenha pessoa, como disse é a MINHA OPINIÃO sobre o que eu li, sei que tem gente que está gostando do livros e tals, e não estou aqui de maneira alguma para fazer vocês não comprarem o livro ou não quererem ler nada da autora, espero que as pessoas que gostam de tretas sejam maduras suficientes para entender que isso aqui é a minha opinião e como disse não sou obrigada a nada, e em nenhum momento ofendi ninguém com minha resenha.
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http://www.gordinhaassumida.com.br/2017/03/resenha-o-que-resta-de-mim-flor-de-lis.html