Marta Skoober 23/02/2021
O livro em si é uma obra de arte, mas é também um livro histórico. Retrata pessoas que não puderam ficar em casa na crise pandêmica de 2020, não lhes foi dada essa possibilidade. São cem perfis com fotos de altíssima qualidade e um pequeno texto que dá voz àquela pessoa, onde ela fala um pouco sobre si, seus medos, seus sonhos, dramas e frustrações...
O livro é dividido em cinco capítulos:
- Pessoas em situação de rua
- Profissionais de cemitério
- Entregadores de delivery
- Catadores de recicláveis
- Profissionais de saúde
Para mim foi uma leitura tocante, li um capítulo por dia, com exceção do capítulo sobre os profissionais de cemitério que foi lido em dois dias e meio, e você deve imaginar porquê.
Grifos
Acho que a pandemia foi sem nenhuma responsabilidade. Usada como uma arma pra alguns objetivos. Foi praticamente um erro global e como tudo tem uma consequência, essa é a que estamos colhendo. (Ricardo Garcia, em situação de rua)
Eu tenho 34 anos de serviço funerário e ganho 917 reais. Quando entrei ganhava três salários mínimos e meio. Hoje não ganho um. A gente não tem valor nenhum. (Paulo Roberto, profissional de cemitério)
O sonho coletivo é um pouco do individual, que todos possam ter qualidade de vida, empatia e respeito ao próximo. E que as pessoas aprendam a votar, que saibam fazer escolhas, não podemos errar o tempo todo, não dá para rasurar a vida, ainda mais quando a vida não é só a nossa, quando a escolha feita no individual, indiretamente é coletiva. (Jacira Souza, entregadora)
Nós já estamos sobrevivendo, agora quem vai sofrer mesmo é essa geração mais nova. Vai presenciar problemas muito maiores . (Marquinhos dos Santos, catador)
Não podemos baixar a guarda, não é uma gripezinha. ( Gislaine Neves, profissional de saúde)
NOTA: O livro foi produzidove e é vendido pela Ong SP Invisível e faz parte de uma campanha de captação de recursos.
23.02.2021