Lina DC 17/08/2018Espetacular!"Tábula Rasa" é uma distopia fantástica narrada em terceira pessoa que gira em torno de David, um homem encontrado na superfície sem memórias do seu passado. Conforme a sinopse explica, o mundo foi praticamente dizimado graças a uma guerra atômica e os poucos sobreviventes desse cenário caótico refugiaram-se no subsolo em uma instalação militar no Canadá, conhecida como o Cofre. Inicialmente David sente-se sobrecarregado com tais informações, pois não se recorda nem mesmo dos conflitos que destruíram o mundo, muito menos o que estava fazendo na superfície.
O Cofre é uma instalação autossuficiente que abriga um pouco mais de 400 pessoas, que estão isoladas há quase uma década. O local é governado por uma civil, a diretora Elizabeth Callegari, mas com a ajuda dos militares liderados pelo Capitão Donald Cooper.
"Ele ficou sabendo que ali era uma base militar subterrânea e foi intitulada de Cofre por guardar o bem mais precioso do planeta: os últimos sobreviventes da raça humana, as poucas pessoas que restaram após uma guerra nuclear que dizimou a humanidade." (p. 15)
Para que todos consigam sobreviver por um longo tempo, o Cofre precisa ser um organismo fluido e cada indivíduo precisa desempenhar o seu papel. Cada setor é representado por um uniforme de cor diferente como forma de identificação, a comida é fracionada e os horários são rígidos. David logo se encaixa no local, mas é só a partir do momento em que conhece a tristonha Emma é que sua vida ganha um novo significado.
Porém, quanto mais tempo David passa no Cofre, mais ele começa a observar alguns detalhes incômodos e a partir de um determinado evento, o protagonista vai se dar conta que a luta pela sobrevivência não ocorre apenas na superfície...
O enredo foi muito bem estruturado e o autor criou um mundo crível e assustadoramente real. Afinal, quantos conflitos o nosso mundo não sofre e ficamos sempre pensando quando e quem dará aquele passo crucial que mudará tudo?
A construção dos personagens também foi muito bem feita. Como últimos sobreviventes, os personagens representam vários espectros do comportamento humano. Temos indivíduos que apenas seguem o fluxo, outros determinados a fazer qualquer coisa para alcançar os seus objetivos, aqueles que agem com o coração, outros que agem com a razão e temos aqueles que estão em busca constante pelo poder. É por conta dessa diversidade de personagens que o leitor fica preso a leitura, até chegar ao final do livro. É impossível realizar a leitura e não questionar se o grande problema do planeta não é exatamente o ser humano e seu egocentrismo.
Alguns personagens se destacam, como o Dr. William Rogers, o capitão Cooper, a diretora Callegari, Emma, Holly, Liam, Bill, Mira, a Dra. Palmer, Miguel e Felipe. É difícil falar de cada um deles, mas é possível ressaltar a importância de cada um na história.
É preciso ressaltar o cuidado que a Editora Coerência teve um cuidado incrível ao trabalhar com a revisão e diagramação do livro. A capa combina muito bem com o conteúdo e chama a atenção.
"- Vocês são tábulas rasas... Uma antiga civilização aqui da Terra, os romanos, usava tábuas cobertas por uma fina camada de cera para escreverem. Por causa da camada de cera, essas inscrições poderiam ser apagadas e reescritas." (p. 304)