Matheus Rodrigues 18/04/2016
Ociosidade de um psicólogo
"Crepúsculo dos Ãdolos" é uma das mais ácidas obras da história do pensamento humano. Num pleno século XIX, marcado por ideais polÃticos de democracia e socialismo, bem como no apogeu da crença na ciência com o surgimento das teorias evolucionistas, Nietzsche ataca o cerne da modernidade, enraizado na civilização grega antiga e nutrido por dois expoentes do que o filósofo chama de décadence: Sócrates e Platão. Ambos representaram a crise generalizada que assolava a Grécia antiga, produto de um desregramento dos instintos que culminou na predominância da força apolÃnea, da individualidade e da sobriedade, sobre a dionisÃaca, da orgia e da embriaguez. Instituiu-se a razão como a luz que esclarece o homem e o distancia dos sentidos que, para Sócrates e Platão, eram uma corrupção da "verdade". "O próprio Sócrates apenas padeceu de uma longa enfermidade...", dirá Nietzsche, a partir de uma perspectiva de fisiologista - isto é, o problema de Sócrates será interpretado como debilidade, visto que sua filosofia é o fundamento da covardia, da fuga em relação à vida em todos os seus aspectos.