Maria - Blog Pétalas de Liberdade 07/06/2017Resenha para o blog Pétalas de LiberdadeEm "Tolices Brilhantes", o autor Mario Livio se propõe a falar sobre os maiores erros dos grandes cientistas, mesmo que eles fossem considerados gênios e tenham acertado muito, também erraram "feio" em alguns pontos.
A teoria da evolução das espécies de Charles Darwin necessitava de alguns conhecimentos sobre genética descobertos por Mendel e seus experimentos com ervilhas (dois assuntos que, acredito eu, todos estudam na escola), e um elemento importante não foi solucionado corretamente por Darwin em sua teoria.
Lord Kelvin está relacionado aos cálculos sobre a idade da Terra e do Sol, e esses cálculos nem chegaram perto da idade real do nosso planeta e do Sol que é conhecida atualmente. Aspectos referentes ao estudo da importância do DNA e o trabalho de Einstein também apresentam erros comentados na obra.
Além dos erros propriamente ditos, o autor fala sobre os motivos que levaram a esses erros, como o excesso de confiança dos envolvidos, conhecimentos e equipamentos que não estavam disponíveis na época, e a desatenção aos detalhes essenciais.
"A fim de embarcar e persistir em algum processo de pensamento de longo prazo, o cérebro precisa ao menos de alguma promessa de prazer durante o caminho. Seja o prêmio Nobel, a inveja dos vizinhos, um aumento de salário ou a mera satisfação de concluir um quebra-cabeça sudoku classificado como 'difícil', o núcleo accumbens do nosso cérebro precisa de alguma dose de recompensa para seguir em frente. Entretanto, se o cérebro libera recompensas frequentes durante um período muito longo de tempo, então, como no caso dos ratos que se autoinfligiram inanição, ou dos dependentes de drogas, os caminhos neurais que conectam a atividade mental à sensação de realização sofrem adaptações graduais. Os dependentes de drogas precisam de mais drogas para obter o mesmo efeito. Já no que diz respeito às atividades intelectuais, isso pode resultar em uma necessidade maior de estar certo o tempo todo e, ao mesmo tempo, em uma dificuldade cada vez maior de admitir erros." (páginas 110 e 111)
"Saias justas" e picuinhas do meio científico também são comentadas, mostrando que até mesmo os "gênios" tem seu lado humano, com inveja, vontade de se mostrar melhor que os outros, etc.
Agora que já falei um pouco sobre o assunto da obra, vamos às minhas considerações sobre a leitura. Eu solicitei o livro pensando que ele seguiria mais ou menos a linha de "Os Segredos Matemáticos dos Simpsons", obra lançada pela mesma editora e que eu havia lido, gostado e resenhado no blog no ano passado. Só que "Tolices Brilhantes" tem um conteúdo (e uma linguagem) bem mais científico do que o livro sobre a matemática presente em Os Simpsons.
Como já mencionei, estudei na escola sobre Darwin, Mendel, a formação da nossa galáxia e o DNA, mas numa abordagem totalmente diferente da que encontrei no livro. Enquanto o assunto estava na teoria da evolução das espécies, nos estudos de Mendel e nas questões sobre a idade da Terra, eu até que estava conseguindo acompanhar, mas quando passou para o DNA, aí ficou complicado.
Então, o que eu digo é que se você gosta muito, mas muito mesmo, de Física, Biologia e Química, o livro pode ser uma leitura interessante para você. Mas se você não curte esses temas, acredito que não seja uma obra totalmente destinada ao público em geral. Além disso, há parágrafos enormes, algumas vezes de uma página inteira, o que não costuma contribuir muito para uma leitura rápida. Mas é um livro relativamente curto, já que há mais de cinquenta páginas no final apenas com referências utilizadas pelo autor e notas, além de várias fotos.
"Jack, se você acha que tem uma boa ideia, publique-a! Não tenha medo de cometer um erro. Erros não prejudicam a ciência, pois há muitas pessoas inteligentes lá fora que identificarão de imediato qualquer erro e o corrigirão. Você só estará fazendo papel de palhaço, e isso não é problema, exceto para o seu orgulho. Se, por acaso, for uma boa ideia, contudo, e você não a publicar, a ciência pode perder." (página 159, conselho do cientista Linus Pauling para Jack Dunitz)
Sobre a edição: nas fotos não dá para ver, mas na capa brasileira há a conta "2 + 2 = 5", é uma capa condizente com a obra. As páginas são amareladas, a diagramação tem letras, margens e espaçamento de bom tamanho, além das já citadas fotos que complementam o conteúdo. Não me lembro de ter encontrado palavras escritas de forma errada. Mas, num livro destinado a falar sobre erros, a editora acabou deixando passar uma informação incorreta: na página 122 está que, aos 25 anos, Lawrence Bragg foi a pessoa mais jovem a ganhar o prêmio Nobel, só que, atualmente, é a Malala Yousafzai a mais jovem a ganhar o Nobel, pois o recebeu em 2014, aos 17 anos. No exterior a obra foi publicada em 2013, ou seja, antes da Malala ser premiada, mas não custava a editora ter colocado uma nota de rodapé esclarecendo o fato, já que há outras ao longo do livro.
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