Daia @contandocapitulos 26/08/2017Uma leitura intensa.“Ninguém, em sã consciência, gostaria de ficar em destaque em um filme de terror.”
Regina, a ex-esposa de Fabio, foi apresentada em “O Velho Vestido de Noiva” e todos que já leram esse livro incrível devem se lembrar de que ela não era a personagem mais adorável do mundo. Em “Fantasia Despedaçada” vamos mergulhar no passado dessa mulher inconstante e entender quais foram os motivos que a tornaram a personagem que conhecemos.
O livro conta toda a história da vida de Regina, da infância até a maturidade. São recordações que a traumatizaram, sofrimentos, perdas, enfim, toda a sua jornada de declínio e redenção.
A história trata de assuntos delicados como violência doméstica, estupro, prostituição e abuso de drogas, isso tornou a narrativa bem pesada, possibilitando entender como Regina chegou ao fundo do poço.
No primeiro livro não consegui compreender o que havia acontecido para Regina ser como era, a aparição dela foi um tanto superficial e sob a perspectiva de terceiros. Neste livro a história é contada em terceira pessoa, mas com memórias dela. Ela própria conta os acontecimentos de sua vida em terceira pessoa para Amélia. Isso mudou minha percepção sobre a história.
Em “Fantasia Despedaçada” vi uma Regina totalmente diferente. Na realidade, ela nunca teve uma chance real de ser uma pessoa melhor, sua vida foi uma coleção de traumas e infortúnios que acabaram com sua personalidade, inocência e esperança. Ela foi o mais forte que pode, aprendeu a lidar com a dor, mesmo que por meios totalmente errados. Ela buscou uma libertação e acabou em prisões cada vez maiores.
Criei uma empatia forte por ela, sofri por suas tristezas e dificuldades, por toda a injustiça que sofreu. A imagem de vilã do primeiro livro foi totalmente desconstruída.
A estrada para abandonar tudo que destruiu sua vida foi longa, dolorosa, mas ao mesmo tempo bonita de acompanhar. É incrível como pessoas com bom coração podem ser fundamentais em momentos difíceis. Regina teve a sorte de encontrar pessoas que se importavam o suficiente com ela para buscarem formas de fazer a diferença, de mostrar-lhe que havia outras possibilidades para seguir.
Há vários personagens cativantes na história, alguns velhos conhecidos, outros que surgiram ao longo da narrativa e abrilhantaram ainda mais o contexto.
A edição ficou belíssima, uma capa maravilhosa, que tem tudo a ver com a história.
Mais uma vez Ana Ferrarezzi me surpreendeu. Sou fã de seu trabalho e não me canso de indicar a todos. Esse foi seu livro mais intenso, um mergulho na mente perturbada de uma mulher que perdeu tudo, mas mesmo assim encontrou força nos amigos e em seu próprio interior para recomeçar.
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