Douglas | @estacaoimaginaria 01/07/2019
Uma poesia contemporânea e emocionante
Um livro que entrou para minha lista de favoritos assim que eu comecei a ler.
Esse livro, escrito em versos, conta uma história que se passa em pouco mais de um minuto. A história de Will, que aos quinze anos tem o irmão morto pela violência que se espalha pelo seu bairro como uma doença contagiosa. O irmão foi baleado, e a única coisa que resta a Will são as regras que Shawn, o irmão, o ensinou. 1. Não chorar; 2. Não dedurar; e 3. Se vingar. Esse é o seu objetivo no começo da história, quando entra no elevador, e então começa a descida, do alto do sétimo andar. A cada parada, uma pessoa entra no elevador e cada uma delas, sem julgamentos, sem lições de moral, levanta questionamentos que Will precisa pensar. E tudo isso vai definir sua história e sua vida.
Como eu disse, é um livro maravilhoso e apenas pela sinopse, eu já imaginava que era uma obra intensa. Mas eu simplesmente não fazia ideia de como seria… logo nas primeiras páginas eu já comecei a sentir algo inexplicável. Jason Reynolds é um autor que eu já havia ouvido falar, mas nunca tinha conhecido sua escrita. Nessa obra, sua escolha foi a narrativa em versos, e só posso dizer que foi uma escolha muito acertada, pois intensificou ainda mais a força dessa história, nos contando a violência do mundo, seja lá onde se passa esse livro. Nos contando o amor entre irmãos e como o ambiente em que vivemos influencia muito nossas vidas. Isso ficou evidente logo no início.
A cada página era uma surpresa diferente, pois o autor amarrou muito bem os versos, às vezes deixando uma única palavra para a próxima página, mas uma palavra que tinha um peso gigantesco. O vocabulário é simplesmente incrível, o que torna a obra ainda melhor. Então, é uma soma de elementos que tornam essa história de vingança em uma obra sensacional e muito forte, ao mesmo tempo.
É um livro que você lê em pouco mais de uma hora, acredite se quiser. A narrativa objetiva e em versos permite isso. E se eu posso dar um conselho a você que ainda não leu essa obra é: vá com calma. Há muitos detalhes dentro dessa obra, dessa história. Eu li novamente esse livro, alguns dias depois da primeira leitura, pois queria absorver mais ainda do que o primeiro contato com a história. E valeu a pena.
Sim, a história é muito objetiva e muito “pá”. A cada andar é uma história diferente dentro da mesma história, algo que faz Will pensar e pensar, que o faz refletir. E que nos deixa muitos questionamentos. O primeiro deles é o que essas pessoas que entram no elevador com Will querem dizer para o garoto? Porque há uma razão, eu tenho certeza disso. Outro questionamento é o que leva um jovem de quinze anos a tomar a decisão de se vingar, seguindo apenas as regras de seu irmão morto? Conhecemos um pouco da realidade em que vivem Will e Shawn, uma realidade que é muito parecida com a realidade de muitos lugares que conhecemos, inclusive aqui no Brasil. E é isso o que nos faz refletir sobre a decisão desse garoto – pois não estamos no lugar deles, ou pelo menos a maioria de nós não.
Há outras perguntas que eu tenho e até conversei com um amigo sobre, pois as respostas para esses questionamentos, inclusive esses acima, são muito subjetivas. O autor não nos dá as respostas. Ele nos dá pistas, e elas estão muito presentes a cada verso, a cada andar daquele elevador. Pois a forma como ele conta essa história nos faz questionar, inclusive, a realidade das coisas, a realidade daquilo que está bem na nossa cara, mas não queremos enxergar. Eu confesso que fiquei com diversas dúvidas depois que terminei a leitura. Isso não significa que seja ruim – pelo contrário, eu acho que isso é o que o autor queria. Nos fazer questionar tudo, inclusive o que ele está nos contando.
Eu poderia falar por horas, escrever mais uma centena de coisas sobre essa obra, mas prefiro parar aqui. Vejam, é uma história sem complexidades, mas ao mesmo tempo, com muitas nuances, se assim posso dizer. Por isso não há mais do que eu possa falar. Eu acho que é livro que, independentemente de onde ou quando se passa, retrata, em muito, nossa realidade. Nos faz discutir sobre a influência da violência, o preconceito, a diferença de classes. É um livro que dá voz a essas pessoas. E é como a sinopse diz: é impossível ignorar essa leitura. Foge totalmente dos livros que leio, por conta apenas dos versos, mas definitivamente é um livro que, ao ler a sinopse, ou se alguém me falasse sobre ele, eu teria que ler. Simplesmente teria…
Confesso que queria poder expressar melhor o significado desse livro pra mim, mas acho que consegui expressar da melhor maneira possível o que ele representa. É uma obra que me deixou muito curioso sobre outros livros de Jason Reynolds e vou correr para a livraria para conferir outras de suas histórias. Espero que tenham gostado dessa resenha. Me chamem, pelo amor de Deus, para conversar sobre essa obra, ok? haha Até a próxima!
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