tha_rbrandao 01/04/2024
Mulheres, assassinas e irmãs
Neste livro acompanhamos três rainhas, duas fracas e uma muito forte, cada uma destinada a ter uma dádiva inata concedida pela Deusa. Separadas logo na infância para viverem cada uma no território pertencente aos semelhantes aos seus dons, sendo educadas e treinadas para sobreviver e reinar. Quando as jovens rainhas completam 16 anos deverão matar umas às outras, para que, dentro de um ano, a última rainha a permanecer viva ascenda ao trono como regente.
Anos atrás eu comprei esse livro completamente alheia à sua história. Vi a capa, gostei, comprei. Na primeira vez que li lembro ter devorado as 300 e poucas páginas em um dia. Com os anos, esqueci muito da história, mas a memória de ter gostado muito se enraizou. Porém na época as sequências não haviam sido lançadas e agora que a saga está completa, decidi reler.
Mesmo com o tempo, minha opinião não mudou. Que livro bom! O começo foi um pouco lento para mim, talvez por eu ter uma breve e turva lembrança do que viria mais adiante, porém conforme os capítulos avançavam eu me vi surpresa, furiosa e assustada com coisas que eu havia me esquecido. Do meio para o final o livro tem muitos, muitos acontecimentos tornando a história quase frenética e impossível de parar de ler! Existem muitos plots e não creio que sejam clichês, pelo contrário, acredito que foi bem trabalhado grande parte do material. O mundo de Fennbirn é muito bem construído e o sistema político e social são esclarecidos de maneira satisfatória, de modo que realmente entendamos o que está acontecendo, quais os temores que cercam as rainhas e com isso, temos uma sensação muito objetiva de preocupação com o que virá a seguir.
A escrita da Kendare Blake é boa, e o ritmo, quando engata, é muito ágil. Existem autores que não têm um linguajar característico em sua escrita, talvez por falta de exercício ou por simplesmente tentar copiar outros - Não é o caso de Blake, ao menos para mim, desde o primeiro capítulo ficou muito nítido seu “tempero pessoal” no texto.
Já os personagens eu realmente me apeguei a alguns, e tomei ranço de outros. A Katherine foi amor à primeira vista, logo de cara eu me afeiçoei a ela, seja por sua fragilidade e personalidade meiga. Arsinoe também me conquistou, pois adoro personagens ferozes e destemidas. Gosto da Jules, mas simplesmente não consegui aguentar a Mirabella! Me esforcei muito até mesmo para NÃO pular as partes dela. Joseph também ganhou o benefício do meu ódio. Eu xingava de raiva toda vez que ele aparecia perto da Jules. Por mim, Jules poderia ter mandado sua puma Camden rasgar a garganta do rapaz, o que infelizmente não acontece, me frustrando tremendamente.
Outro ponto que me atrai na história é o fato de ser uma sociedade matriarcal, sempre voltada ao feminino em todos os seus aspectos. Temos a grande Deusa, as rainhas, as sacerdotisas do templo, além das mulheres serem as chefes de família.
Também gosto do fato da autora não ter medo de ferir suas personagens. O mundo que elas vivem é selvagem e cruel, e acho justo que trate suas rainhas como tal.
Não posso dizer que é um livro perfeito, falta talvez um pouco de desenvolvimento, mas é uma leitura muito, muito boa e até mesmo quem não está acostumado com fantasias pode gostar muito. E poxa, vejo pouquíssimas pessoas falando desse livro que é melhor que muita fantasia mais famosa por aí.
Enfim, seguirei com a leitura e logo mais falo sobre a sequência.