Our Brave New Blog 20/06/2016
RESENHA ESTRELA DISTANTE - OUR BRAVE NEW BLOG
That’s the day my friends. Vamos falar sobre o ultimo grande artista do século XX. Chavinho! (Importante que vocês saibam que eu vou chamar o Bolaño de Chaves várias vezes, não tem outro jeito hahaha). O chileno mais fodido da literatura é o novo chamariz da America Latina, obviamente não sem mérito, mas também porque a sua história de vida é a mais louca possível, se enquadrando praticamente na categoria de “ultimo poeta maldito”.
Apesar dele sempre ter achado a sua obra poética melhor que a sua prosa, de poeta ele não tenha nada né, o que nos faz concluir que o homem tinha um péssimo gosto. Mesmo assim, quando as poesias dele saírem aqui podem ter certeza que eu vou comprar. Fora a biografia dele, porque pelamor... Já deu para perceber que eu sou muito fã né? E todo esse hype começou por essa que é considerada a sua melhor novela e uma de suas principais obras. Então vamos à ela.
Alberto Ruiz-Tagle parece ser apenas mais um aluno que participa das oficinas de literatura da Universidade de Concepcion, onde também frequenta o nosso herói Arturo Belano, mas seu jeito frio e esquisito se revela assim que o golpe militar e Pinochet tomam o poder. Nesse momento vários poetas têm que fugir do país enquanto Alberto se revela um Militar Assassino chamado Carlos Wieder que faz apresentações em aviões de fumaça, escrevendo pelos céus da cidade chilena. Acompanhamos duas décadas das histórias desses dois, tentando entender esse misterioso personagem , procurando-o pelo mundo e, principalmente, pela literatura.
Tem um milhão de elementos em Estrela Distante que me faz adorá-lo, mas vou começar pela primeira página mesmo, onde Bolaño fala como foi feito o livro: primeiramente, ele conta que essa obra é baseada no capítulo final de outro trabalho seu, La Literatura Nazi in la America (ainda não lançado no Brasil), faz piadinhas sarcásticas sobre Belano (o melhor tipo de humor, apenas), informa ao leitor que ele mesmo teve pouca participação na construção do livro, basicamente só fez café durante o mês que os dois (ele e Belano, o “verdadeiro” escritor) ficaram isolados escrevendo e discutindo com o fantasma de Pierre Menard sobre a repetição de frases e capítulos, sendo Menard uma referência a um conto de Borges em Ficções: Pierre Mernard, Autor de Dom Quixote.
Ou seja, dai já deu para ver o quão louco o cara é, e a coisa nem começou. Dentro do livro nós encontramos várias reflexões sobre a situação do Chile pós golpe militar. Bolaño para a trama a hora que bem entende para focar em outros personagens, contar um pouco sobre como seus antigos professores fugidos do Chile vão de vida, e com isso vai mostrado panoramas até mesmo mundiais da época, juntando essas várias histórias interessantes num livro fino como esse de modo espetacular.
O personagem em foco, Carlos Wieder, representa algo que parece estar muito presente na literatura de Bolaño: como o mal pode estar entranhado em qualquer lugar. Na política, na literatura, nas pessoas mais bem educadas do mundo, para o Chaves nada disso importa, o mal parece um estado natural do ser humano, e, quanto mais refinada a pessoa é, mais isso é impactante, cruel e elaborado.
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