Emanuela 13/02/2021Fluxo de consciênciaFinalizei "Ao farol" há dois dias, mas precisei de um tempo para sentar e escrever sobre ele. Foram quase duas semanas de uma leitura lenta, às vezes, sofrida. O livro de Virgínia Woolf publicado há quase um século é daqueles que podemos considerar eternos.
Mas porque então, tanta demora? A história não acontecia, a narrativa não fluía. Ela não está presa a acontecimentos ou tenta nos contar algo. "Ao farol" são memórias de um verão em família: os Ramsay e seus convidados; mas é, também, de algum modo, a nossa própria memória. Um texto instigante que permite ao leitor ter suas próprias visões.
A história - e ai podemos dizer também - a vida, está naquilo que não vemos, que deixamos de observar e refletir. O cotidiano da família Ramsay e de seus amigos em sua casa de veraneio nas ilhas Hébridas, não tem nada demais à primeira vista, mas as várias perspectivas dos personagens desvelam um fluxo de consciência que a torna especial e a transformou em um marco do romantismo.
SOBRE O LIVRO
O romance, dividido em três partes, apresenta em sua primeira seção (a maior de todas) a personagem de Mrs. Ramsay, a lente através da qual se organiza a maioria dos pontos-de-vista da história, além de também apresentar seu filho, em cujo desejo de seguir ?Ao farol? repousa todo o ímpeto narrativo. Na segunda parte, o Farol permanece vazio como um marco narrativo para a passagem do tempo e para a morte de vários personagens. Na terceira e última parte, o restante da família finalmente segue para seu destino e o romance transforma-se em um libelo sobre o amor, a perda e a criatividade.