Ivy (De repente, no último livro) 01/02/2019
Resenha do blog "De repente, no último livro"
Na trama conheceremos Lavínia, uma garota que se considera literalmente "quebrada". Desprezada pelos colegas da escola após incidentes vergonhosos acontecerem em uma festa, logo após Lavínia teve que lidar com a trágica morte da mãe, em um acidente de carro onde também ela esteve envolvida e pôde experimentar uma experiência de quase morte. Em virtude dessa experiência de quase-morte, Lavínia agora consegue ver o que ninguém consegue: seu próprio anjo da guarda.
Lola foi escolhida para ser o anjo da guarda da difícil Lavínia. Lola acabou de morrer, ainda está lidando com o luto por sua própria morte e tentando entender quais foram as escolhas erradas que culminaram com seu falecimento precoce, ainda assim ela é designada para lidar com a solitária Lavínia, sendo que esta será sua única oportunidade de garantir um par de asas, e o direito de continuar sendo um anjo, longe do purgatório.
O grande problema é que Lola não sabe como ajudar Lavínia e ela tem certeza que sua missão será um fracasso já que não tem idéia de por onde começar, além disso tem o detalhe de que sua protegida pode vê-la e falar com ela, o que impede Lola de usar seus poderes celestiais para tentar influenciar Lavínia.
Assim, Lola e Lavínia terão que se aceitar e se ajudar, aprendendo a confiar uma na outra de maneiras que até então nenhuma das duas tinha tentado.
Lavínia não pode falhar como Lola falhou em vida, e Lola quer garantir seu par de asas para, quem sabe, desde o alto de sua nuvem, continuar observando seus pais. Lavínia tem que aprender a voltar a sorrir, e voltar a viver. E Lola, além de lidar com um chefe bem sério, Isaac, também vai ter que aprender a dizer adeus e encarar o mais difícil de sua nova realidade.
Esse livro foi simplesmente uma delicia de ler. Em tempos de ressaca literária, devo dizer que Estrelas Perdidas veio em meu resgate, pois aos poucos a leitura foi me embalando e fui me envolvendo com os dramas as duas meninas e a ligação especial que as une.
O par de protagonistas é incrível, Lavínia é humana, sofrida, mas também possuí uma leveza que me faz amá-la. É um personagem que vai evoluindo aos poucos, e que apesar de seus medos iniciais, está tentando de verdade acertar. Eu gostei porque Lavínia desde o começo tenta ser forte e resistir, e ainda que suas escolhas nem sempre fossem corretas, ela se esforça de verdade, e achei isso muito válido. Os caminhos que Lavínia vai trilhando vão empolgando o leitor, porque a gente é testemunha de como aquela garota perdida e triste aos poucos volta a desabrochar e a acreditar.
Lola foi meu personagem favorito. É um anjo da guarda autêntico, divertida, encantadora de verdade. Os melhores momentos para mim foram justamente acompanhando a trajetória de Lola, e o dia a dia atarefado lá no céu, que nesta trama é bem diferente daquele lugar de repouso que a gente imagina.
Infelizmente, senti que faltou algo para contar da Lola. Esperei entender a personagem totalmente até o final, e queria demais ter conhecido mais detalhes de sua vida prévia, do porquê de suas escolhas não a terem salvado, senti falta de compreender melhor as razões que levaram Lola à falhar como humana. Eu queria que a narrativa dela nos desse algum vislumbre de seu passado, fiquei curiosa por isso. Mas ainda assim, continua sendo o personagem mais carismático da trama, e por quem certamente mais torcia.
O rol de secundários é super bem desenvolvido. Temos aqui duas ambientações diferentes. Tem a galera lá do céu, encabeçada por Isaac, o chefe de Lola que é quem mais se destaca. E também conheceremos mais rapidamente outros anjos.
E na terra, teremos o núcleo de Lavínia, que é o grupo de amigos que aos poucos vai ganhando a afeição da garota, com maior destaque para Evan, seu par romântico, o típico garoto que a gente quer guardar numa caixinha pois é exatamente "aquele cara" que todas nós já desejamos conhecer quando éramos adolescentes. E também há Daisy, que esbanja carisma, e cumpre com perfeição o papel da amiga de todas as horas. Essa leitura me embalaou demais pois há tantos momentos que me fazem lembrar minha propria adolescência e a trilha sonora que a autora insere na trama, é um presente, pois enquanto relembramos as canções, vamos sendo embalados pelas conquistas e vitórias de Lavínia e Lola.
A narrativa ds Bianca é tão leve que li o livro sem dar conta do passar das páginas. É uma narrativa gostosa, verdadeira e sincera, que não perde tempo em descrições desnecessárias e nem naquelas enrolações cansativas e clichês. Aliás, eu curti demais porque a trama toda foge de qualquer clichê. Lavínia é um personagem muito real e novo, nem perfeitinha e nem rebelde demais, apenas verdadeira, tentando se levantar, e essa veracidade dos personagens é um dos pontos fortes, pois tanto Lavínia, como Evan ou Daisy são pessoas que a gente consegue visualizar, pessoas que nos convencem de suas intenções e isso deixa a trama bem cheia de sentimento.
Estrelas Perdidas não é um livro que foca muito na ambientação. Mesmo o céu de Lola é descrito brevemente, e aqui não senti falta mesmo de maiores descrições. O próprio tom leve da história pede mesmo por detalhes resumidos e a autora acertou em cheio em não se prolongar nisso. Aliás, o leitor não chega sequer a saber em que cidade a história se passa, e isso não fez a menor falta aqui, pois a história em si é daquelas que poderia ter ocorrido em qualquer lugar, e isso é bem legal porque o leitor acaba criando de certa maneira seu próprio cenário.
Enfim, Estrelas Perdidas foi mais uma grata surpresa em 2018. Um livro que deixa a gente com um sorriso no rosto ao terminar e uma sensação gostosa, típica de quando estamos diante de finais felizes.
O tom da mensagem que a história traz é tão importante, pois é uma trama que fala sobre recomeçar, aceitar a realidade e não se deixar abater e, mais que tudo, acreditar, confiar, saber que mesmo que a vida seja feita de altos e baixos, ainda vale a pena. Acho que o grande trunfo do livro que me faz amar a trama foi justamente essa veracidade, ver os personagens passarem por tudo de ruim e tudo de bom, deixando sempre para o leitor aquela certeza de que nada é para sempre e que reviravoltas sempre acontecem quando a gente nem espera. Recomendo demais esse livro pra quem curte uma história juvenil, cheia de doçura, mas que por trás disso trata também temas sérios sem perder o tom leve e otimista que dá fôlego à história do princípio ao final.
site: http://www.derepentenoultimolivro.com/2018/12/review-252-estrelas-perdidas.html