A Graça (I)

A Graça (I) Santo Agostinho




Resenhas - A graça (I)


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Giovani Aguiar 13/07/2017

Não é a toa que o bispo de Hipona ficou conhecido na tradição eclesiástica como o "doutor da Graça". Nessa compilação de quatro obras, seguindo a tradição do apóstolo S. Paulo, Agostinho faz cair por terra todo orgulho e presunção humana. Mostrando que somos naturalmente caídos e maus, e dando toda ênfase a graça soberana de Deus, tratam-se de obras que eu recomendaria, quase que sem reservas, a qualquer cristão (quer católico, quer protestante) que busca entender a mecânica de como o pecado original nos afeta e a necessidade absoluta da graça de Deus para que nós possamos fazer o bem.
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Victor108 17/08/2024

Indispensável
Obra obrigatória para todo cristão, seja de qual vertente for, sem o entendimento de como a graça funciona, toda prática religiosa que você fizer ficará confusa. Agostinho refutou de todas as formas a heresia pelagiana que afirmava que o ser humano podia fazer o bem sem a graça de Deus, uma das passagens da sagrada escritura que ele mais cita é a de Filipenses 2:13: "Pois é Deus quem opera em vós tanto o querer como o agir, segundo a sua boa vontade".
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Filino 03/08/2023

Contra o pelagianismo
O conjunto desses três escritos têm como ponto em comum a defesa intransigente da graça, que Agostinho promove contra Pelágio. O bispo de Hipona se opõe àquele autor, que sustentava que o homem, por si só, poderia levar uma vida reta e sã - a graça apenas "facilitaria" isso. Para Agostinho, tal é inconcebível: o homem está marcado com o pecado e, por ele próprio, não pode sair dessa condição. Através da graça do Espírito Santo, bem como de Cristo (concebido, em várias passagens, como "Médico") é que o homem pode querer e agir bem.

Isso não anula, contudo o livre-arbítrio - afinal, o pecado entrou no mundo justamente por ele. Agostinho relembra, ainda, os apelos (sobretudo nos Salmos) que a alma dirige ao Criador, considerando a sua condição e o que aspira.

Outro ponto desenvolvido pelo bispo de Hipona (sobretudo em "O espírito e a letra") é a relação entre a Lei (que caracteriza a antiga aliança) e a graça. Aquela não apenas revelou as transgressões aos homens, mas estes se sentiram inclinados a praticá-las. Isso não quer dizer que a Lei em si era ruim (pelo contrário); a condição pecaminosa do homem é que o levava a essa direção. No entanto, com o Mediador (Cristo) e a graça, é permitido ao homem enfim prevalecer sobre o pecado - onde este abunda, a graça superabunda.

No terceiro escrito, sobretudo, torna-se patente o quanto exasperado ficou Agostinho com a conduta de Pelágio e também de Celestino, que em algumas oportunidades negavam que as crianças não seriam marcadas pelo pecado original, e mais adiante sustentavam justamente o contrário - e isso tudo diante de autoridades eclesiásticas. O bispo de Hipona reafirma a condição pecaminosa de todo aquele que nasce de homem e mulher (excetuando-se a Virgem Maria, como mencionou no segundo escrito, e obviamente Jesus Cristo) e a necessidade do batismo das crianças. Chega a mencionar a circuncisão das crianças judias no oitavo dia e estabelece um breve paralelo.

Também no terceiro escrito se encontram reflexões sobre a vida conjugal. A sensualidade deve ser conduzida pela razão, no matrimônio. O autor afirma que, antes do pecado, existia uma relação matrimonial, mas reconhece a dificuldade de descer a pormenores acerca de tal situação.

É uma obra que trata de um tema essencial do pensamento agostiniano. Não é possível compreender a filosofia e o pensamento teológico do bispo de Hipona desprezando-se o estudo da graça. E esse primeiro volume apresenta esse tema por vezes difícil, mas de modo claro e agradável.
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