Rangel 08/07/2015
ENSINAMENTO AGOSTINIANO CRISTÃO
O livro “A Doutrina Cristã” de Santo Agostinho é um manual de exegese e formação cristã, dividido em um prólogo e quatro livros pequenos. No prólogo, há a refutação de objeções de supostos exegetas, que são refratários às regras. No livro I, faz-se a introdução de ordem dogmática e moral para servir de base a todo o conhecimento cristão de ordem técnica, no sentido de entender os sinais e as coisas, de que o homem é movido pelo desejo de fruir e gozar ou deleitar-se sobre elas. As realidades descobertas pelo homem tem como entendimento primeiro, a coisa suprema, que é Deus Trindade, por ele fruir por ele mesmo, por ser inefável, vida, sabedoria, imutável, eterno e centro de amor de toda criatura racional. O homem para chegar a Deus tem de purificar o espírito e necessitar de um caminho, que é Jesus Cristo, o que revela a sua encarnação e ressurreição, como deixa a Igreja e as promessas de que existe céu, inferno e anjos. A fé, a esperança e a caridade são as verdades morais cristãs, que têm seus princípios de reconhecimento do lugar do amor primordial de Deus e aos irmãos. Assim, a plenitude da lei e das Escrituras é o amor da coisa, no sentido de se ter o que gozar de outra coisa, no caso, o amor a todos os seres, principalmente, o próximo semelhante, como chave do anseio e repouso do coração humano, como reino de amor. No livro II, enfoca-se o Livro Sagrado como digno de ocupar o espírito do cristão verdadeiro, pois contém tudo de que necessita para atingir seu fim, uma vez de que tem um conjunto de sinais escritos, ou seja, as palavras ditas por pessoas inspiradas e imbuídas por Deus. Daí, a necessidade de conhecer as línguas e signos do sentido dos livros inspirados, a fim de que o conhecimento das Escrituras tenha sentido e disposições necessárias para serem compreendidas as virtudes como dons do Espírito Santo. A formação cultura do cristão discípulo é seguir as lições da gramática para se capacitar a ler o texto bíblico, estudar as alegorias e figuras do pensamento, a fim de saber interpretar corretamente palavras e expressões da Bíblia. É necessário conhecer o grego, como também, o hebraico e até o aramaico. O cristão deve conhecer as ciências da história, geografia, história natural, astronomia, artes, dialética, matemática, música, retórica e distinguir da astrologia, magia, superstições e horóscopos. A ideia de Deus é a fonte de toda a luz da verdade, que tudo unifica e se torna o centro do cristão. Sempre em busca da verdade, é possível incorporar o acervo de autores pagãos, mas mostrando diferença dos livros santos e profanos. No livro III, as regras de interpretação são ensinadas para resolver as ambiguidades das Escrituras, inicialmente, pelo sentido próprio, depois da complexidade para maior aplicação dos textos em sentido figurado, com recurso da crítica textual, e examinar o contexto das traduções, ou seja, recorrer ao original, a fim de o sentido figurado seja entendido como sentido próprio real. Os princípios da interpretação sempre devem apresentar normas para a escolha de significações com sentido exato ou mais provável, a fim de examinar a exegese do sentido real, com crítica criteriosa de valiosa contribuição e com cautela, e sempre com necessidade da oração para o entendimento das Escrituras. No livro IV, trata-se da oratória das Sagras Escrituras, com uma devida exposição de processos de expressão, com devida sabedoria e eloquência, a fim de ensinar e convencer, conforme os estilos: simples, moderado e sublime. Os exemplos das Escrituras auxiliam bastante, principalmente, das cartas paulinas e livros proféticos, a fim de complementar com os ensinamentos dos doutores da Igreja. O verdadeiro Mestre das Escrituras encontra-se no interior da sua pregação com seu exemplo de vida pelo êxito de ser feliz como cristão. Para um estudioso da bíblia, como também para exegetas e teólogos, o livro é muito bom, porque aponta as instruções e ensinamentos agostinianos de interpretação e uso da oratória para evangelizar de modo convincente.