Luan Sperandio 25/06/2017
Para conhecer o berço da Escola Austríaca
Para melhor aproveitamento das várias camadas das leituras, sugiro ler a obra apenas após já ter um conhecimento mais básico e leitura dos principais nomes da Escola Austríaca.
Sugiro ainda assistir a essa palestra de Mariana Abreu para complementar a leitura.
https://www.youtube.com/watch?v=FnOjB39eOcQ
Muito interessante ver as resistências enfrentadas que Carl Menger enfrentou no século XIX quando da publicação de Princípios da Economia Política (que Mises chamou e posteriormente de o “melhor livro de introdução da Economia Austríaca já feito”) e "Investigations into the Method of the Social Sciences with Special Reference to Economics". Inclusive, o termo “Escola Austríaca” surgiu inicialmente com conotação pejorativa por parte dos advogados do historicismo. A obra mostra ainda o desenvolvimento dos trabalhos de Eugen von Böhm-Bawerk e Friedrich von Wieser.
Interessante as críticas trazidas pela obra direcionadas a Menger e Böhm-Bawerk, no sentido de que acreditavam na racionalidade do homem, de forma que não seria necessário endossar e maximizar o impacto de suas publicações – um equívoco que Murray Rothbard, mesmo um tanto isolado intelectualmente em parte de sua carreira acadêmica, não permitiu. Há diversas evidências históricas de que não necessariamente haverá progressão da humanidade entre as gerações, é possível a perda de conhecimento acumulado, por exemplo. Daí a importância de não permitir erros intelectuais seguirem seus cursos sem serem desafiados.
O pósfacio de Joseph Salerno é ótimo, mas poderia ter tido o contexto de outras críticas contemporâneas à economia austríaca, ao menos em relação a criticas genéricas, como ao argumento de Lawrence White, de que austríacos são "excessivamente avessos ao uso da matemática e das estatísticas em economia", ou a crítica de Mark Blaug de que há um excesso de individualismo metodológico, de modo que “há uma rejeição as contribuições modernas da macroeconomia”.
Além disso, seria de bom grado uma resposta às críticas de Paul Samuelson e de Bryan Caplan sobre a metodologia dedutiva de Mises e Rothbard - não abraçada por todos os austríacos, vale ressaltar – além das críticas do mesmo Caplan e de Milton Friedman à Teoria Austríaca dos Ciclos Econômicos.
O texto de Salerno mostra os debates internos dentro da própria Escola Austríaca, que são de muito bom grado, mas compactuo da ideia de que é preciso um diálogo maior entre as diferentes escolas.
Como dito, senti falta de uma resposta às críticas contemporâneas a que a Escola Austríaca tem sido alvo. Talvez possa ser objeto de uma obra futura. Alguém se habilita?
site: https://twitter.com/luansperandio