Ellen 04/02/2024
Essa é uma das histórias mais emocionantes e cativantes que já li na vida. August Schroeder é um professor de ciências, que sofre luto pelo filho Phillip em decorrência de sua morte em um acidente de carro. Agora, com as cinzas do filho, August embarca em uma viagem com o seu trailer e seu cachorrinho fiel Woody, para depositar as cinzas na cidade de Yellowstone.
Contudo, no percurso da viagem o seu trailer acaba quebrando e ele se vê impossibilitado de finalizar o seu destino em virtude dos gastos com o veículo. O mecânico Wes, pai de dois meninos, Seth e Henry, no entanto, faz uma proposta para August que o deixa curioso. Em troca de não cobrar nada pelo custo dos serviços prestados, ele pede para que August leve os filhos dele para a viagem, informando que será ótimo para os meninos conhecer novos lugares, e também pelo fato de não possuir nenhuma pessoa próxima para cuidar deles enquanto cumpre pena por dirigir alcoolizado, por cerca 90 dias na prisão.
Apesar de contestar muito internamente e explícitamente, August aceita tal responsabilidade, levando os meninos consigo para a viagem. E aqui começa uma linda história de amizade, de troca de confidências e sobre quanto a figura de cada um dos três foi importante para ajudá-los a enfrentar os seus problemas, até então, internalizados.
A autora consegue demonstrar tamanha ligação entre os personagens, de forma sincera, pura, que é o cativante da leitura. Tudo o que os dois meninos passam nós conseguimos enxergar que não é algo distante da realidade, tanto que no próprio relato do Seth me emocionei muitíssimo pelo completo desamparo daqueles meninos, e sobre o quanto eram fortes para tudo o que passavam por conta do vício do pai.
Esse é um livro legítimo em cada sentimento externalizado pelos personagens, com descrições de paisagens belíssimas, que faz com que o leitor realmente esteja vendo o que está acontecendo e aquela sensação de querer abraçar os três.
O final é simplesmente muito emocionante, e gostei de como os acontecimentos se formalizaram de maneira bem realista. O livro fala sobre um problema real, sobre personagens que possuem sentimentos e ações reais, acho que nesse aspecto não poderia ser diferente, em demonstrar a legitimidade dos sentimentos de cada personagem, inclusive do próprio pai dos meninos.
É uma leitura muito sensível, inclusive por ter temas muito fortes como o luto, família, questões de vício alcoólico, mas que consegue atingir todos esses pontos com muita leveza, no sentido de não levar o leitor a ter sensações ruins, angústia, enfim…
É uma história sobre jornada, revelando que verdadeiras amizades podem te salvar e que pode encontrar ou descobrir, por fim, a sua raison d’etre (razão de ser).