yara 14/05/2020"no caminho do crer ou não crer
vivo na dúvida do milagre;
entre as brumas da uva e do vinho
sou eu quem destila o vinagre;
caminho no chão em busca do céu
num fogo e água que não tem fim
porque não me esforço para acreditar em Deus,
esforço-me para que Deus acredite em mim." .
sempre que me deparo com um amante da poesia, não hesito em propagar a palavra de Sérgio Vaz.
é factível que, muitas vezes, a apreciação poética está equiparada a um fardo extremamente complexo, pois corresponde à representação de um fenômeno que envolve amplo conhecimento sobre movimentos literários, figuras de linguagem, léxico, mente lúcida, interpretação afiada e afins. desse modo, a poesia torna-se generalizada como um objeto de consumo de elementos mais abastados e esclarecidos - componentes de ínfima parcela social.
no entanto, tal plano de fundo transfigura-se em inexistente por meio da humana poesia propagada por Sérgio Vaz. iluminado como poucos, o poeta é uma figura única, capaz de suscitar em todos nós - independente de poder aquisitivo e nível de conhecimento - um pleno entendimento poético seguido de uma severa e necessária introspecção. por mais que a compreensão seja acessível, difícil é olhar para si depois da leitura de um livro como esse e insistir em ser a mesma pessoa.
se você não tem medo de mudar/evoluir e é capaz de suportar as críticas do seus travesseiro, "Colecionador de Pedras" é um ótimo caminho. afinal, "as pedras não falam, mas quebram vidraças".