spoiler visualizarmarianasampaio0 09/01/2022
MENTES INQUIETAS
A autora Ana Beatriz Barbosa Silva é médica com pós-graduação em psiquiatria pela UFRJ e especializada em medicina do comportamento pela Universidade de Chicago, Estados Unidos. Nascida no rio de janeiro é escritora realiza palestras, conferências e consultoria sobre temas do comportamento humano.
A Drª. Ana Beatriz Barbosa Silva, médica psiquiatra, com ampla experiência clínica no tratamento de portadores do Distúrbio do Déficit de Atenção, mostra no livro ?Mentes Inquietas? a trajetória cheia de vigor e criatividade das pessoas com este funcionamento mental. Através de um relato transparente e esclarecedor, consegue desmistificar a desatenção, a desorganização e ao atabalhoamento, sintomas típicos de pessoas com TDAH, até então entendidos como problemas de caráter.
Mentes Inquietas é um livro que chega como um elemento encorajador a todos aqueles que durante muito tempo se sentiram com incapacidade, sensação de inadequação, culpa e angústias internalizadas através de uma sensação de ser socialmente inadequadas.
Ao longo dos capítulos deste livro a Dra. Ana Beatriz explica a causa desse tipo de funcionamento mental, pontuando não só as dificuldades trazidas por ele, mas revelando todo o poder criativo, a agudeza mental e a criatividade empreendedora, que se encontrava soterrada sob uma vida marcada por críticas e culpa para muitas pessoas que até então estavam marcadas por problemas de caráter.
Características que antes eram vistas como prejudiciais e incômodas pelas pessoas com este funcionamento mental, a autora pontua que é um tipo de funcionamento cerebral diferente, tornando acessíveis as informações sobre funcionamento cerebral e comportamento, destruindo antigas certezas ao longo dos capítulos deste livro.
Este livro consegue desmistificar os sintomas típicos de pessoas com TDAH, a Drª. Ana Beatriz explica a causa desse tipo de funcionamento mental, revelando os pontos positivos e negativos das características que antes eram vistas como prejudiciais e incômodas pelas pessoas com este funcionamento mental.
A vida afetiva de alguém com TDAH são relatadas como um passeio de montanha-russa, com seus altos e baixos, reviravoltas e pernas para o ar, coração apertado e muita emoção é a criatividade que brota fértil dessas mentes inquietas e aceleradas que sempre têm levado a humanidade adiante.
Capítulo 1 - O QUE É O TDA?
O TDA - Déficit de Atenção é uma condição de base orgânica, que tem por principais características dificuldades em manter o foco da atenção, controle da impulsividade e a agitação - que é a hiperatividade. É também chamado de DDA, THDA, TDAHI, entre outras siglas.
A autora cita que: ?devemos sim, olhar sob um foco diferenciado, pois, na verdade, o cérebro do TDA apresenta um funcionamento bastante peculiar, que acaba por lhe trazer um comportamento típico, que pode ser responsável tanto por suas melhores características como por suas maiores angústias e desacertos vitais? (p.19).
Talvez o maior problema que haja em relação ao TDAH está no fato de que ainda haja pouco conhecimento sobre este assunto no âmbito escolar e entre os pais. Muitos indivíduos que sofrem deste problema podem passar a vida toda sendo acusados injustamente de mal-educados, preguiçosos, desastrados, desequilibrados, justamente porque não foi diagnosticado e tratado a tempo.
A autora Ana Beatriz ressalta também que ?com o passar do tempo, o próprio TDA se irrita com seus lapsos de dispersão, pois estes acabam gerando, além dos problemas de relacionamento interpessoal, grande dificuldade de organização em todos os setores de sua vida? (p.20 a 21).
Embora a motivação e o nível de consciência da ação sejam diferentes, o resultado, é o mesmo, o que torna a vida dessas pessoas ainda mais difícil, pois além de desaprovarem seu próprio comportamento, são julgados o tempo inteiro como se fossem realmente irresponsáveis.
A autora coloca que ?todo TDA, na vida adulta, apresentará problemas com sua autoestima, e este é o maior de todos os desafios de seu tratamento: a reconstrução dessa função psíquica que, em última análise, constitui o espelho da própria personalidade? (p.24).
Em geral o portador é identificado na infância, mas seu comportamento pode passar despercebido e persistir durante a vida adulta trazendo bastante complicação à sua vida, por isso é tão importante o diagnóstico precoce.
A autora enfatiza que: ?é como se a vida dessas pessoas tivesse transcorrido, desde a infância, num redemoinho de atividades e pensamentos tão intensos que não tiveram tempo nem capacidade de sintonia para aprender a difícil arte de interpretar os outros? (p.27).
Sua incapacidade para prestar atenção impede que elas tenham uma percepção ambiental de acordo com o estimulo recebido, por isso suas respostas são consideradas socialmente inadequadas. Essas crianças têm grande dificuldade de se adaptar ao meio e são prejudicadas, principalmente na escola, não conseguindo promoção nem bom relacionamento com outras crianças, mesmo apresentando um bom nível de inteligência.
A autora coloca que ?na verdade, hoje em dia já não se acredita que exista uma pessoa ?normal?, pelo menos do ponto de vista do funcionamento cerebral. Possivelmente não existe um cérebro perfeito, cujas áreas e funções tenham um desempenho homogêneo e com o máximo de suas capacidades? (p.35).
Na visão da autora cada pessoa é o que é, e um tratamento médico se faz necessário para cada tipo de individuo visando à qualidade de vida para que este possa se auto-administrar da forma mais confortável possível, para ter aproveitamento efetivo de suas reais potencialidades e de suas limitações.
Capítulo 3 ? TDA INFANTIL: VISÃO FAMILIAR E ESCOLAR
Muitos pais demoram muito a procurar ajuda ou não aceitam um diagnóstico de hiperativo, por achar que é coisa da idade, que toda criança é agitada mesmo, que isso irá passar.
A autora diz que ?um observador que deve estar treinado a captar as nuanças, não somente no comportamento manifesto da criança, como também ?pescar? nos relatos de pais e/ou cuidadores, professores e outras pessoas de seu convívio os fatores que caracterizam uma criança com TDA? (p.61).
Porém quando o problema demora a ser diagnosticado, o hiperativo, a partir da sua puberdade, pode procurar as drogas, o álcool, praticar agressões sexuais, a fim de tentar superar suas dificuldades em adaptar-se à vida social, e em alguns casos pode cometer até o suicídio.
A autora também ressalta que ?é importante ter em mente que fatores que se constituem em situações de desconforto, precariedade e sofrimento podem até intensificar o funcionamento TDA preexistente de uma criança, mas não são responsáveis pela causa do transtorno? (p.65).
Por não conseguir terminar suas tarefas, não parar quieto na sala, mexer com todo mundo atrapalhando a aula, é bombardeada por palavras desagradáveis seja por partes dos professores ou colegas. Esta atitude tende a baixar sua autoestima.
A autora diz que ?a consequência mais evidente é que ela parece não conseguir priorizar os seus afazeres, característica que, aliás, é levada adiante na vida adulta? (p.66).
Nossos comportamentos sofrem interferência direta do ambiente ao nosso redor e a intensidade dos sintomas do TDAH depende diretamente da nossa história de vida familiar (famílias mais ou menos estruturadas, com regras claras, horários, organização, etc.), de hábitos que aprendemos ao longo da vida (usar bem o tempo, manter as coisas organizadas) e do contexto ao nosso redor (onde estudamos com quem moramos e trabalhamos).
Pais de crianças portadoras de TDAH (principalmente as sem diagnóstico) podem apresentar um comportamento constante de atribuição da culpa pelo mau comportamento da criança um ao outro, o que muitas vezes acaba por culminar até mesmo na separação do casal.
A autora ressalta que ?situações como essas detonam verdadeiras batalhas dentro de casa: o pai briga com a mãe, o irmão com o pai, a mãe com a avó e todos com a criança! Alguns membros da família são acusados de serem severos demais, e outros, de complacentes? (p.69).
Por essa razão se faz necessário a busca pela informação, pelo diagnóstico e pela orientação de como lidar com essa situação. Pais orientados e bem informados costumam contribuir muito para o tratamento e a minimização dos sintomas do transtorno.
A autora diz que ?o professor que desconhece o problema pode acabar concluindo que essa criança é irresponsável ou rebelde, pois em um dia pode estar produtiva e participante, mas no dia seguinte simplesmente não presta atenção a nada e não leva a cabo os deveres? (p.70).
Um diagnóstico e tratamento corretos poderão ajudar a criança a diminuir as repetências, elevar sua concentração por um período maior de tempo, evitar depressão, superar problemas de relacionamento, ajudá-lo na orientação vocacional, evitar envolvimento com drogas.
A autora coloca que ?o fato é que as crianças (e adultos) TDAs parecem não ler corretamente os sinais sociais emitidos pelas outras pessoas? (p.71).
O hiperativo normalmente é rejeitado pela sociedade. Seu comportamento inadequado prejudica a concentração dos colegas que passa a excluí-lo. Esta exclusão pode levar o indivíduo a desenvolver problemas psicológicos podendo tornar-se introvertido ou agressivo, exibicionista e com baixa autoestima acentuadas.
A autora também enfatiza que ?para melhorar a qualidade de vida de uma criança TDA e garantir um aproveitamento escolar satisfatório, o colégio e a família precisam estar em fina sintonia? (p.80).
A falta de compreensão do verdadeiro problema dessas crianças leva os pais e educadores a dar-lhes castigos que não são apenas ineficientes, mas altamente prejudiciais, pois a criança não tem o mínimo controle consciente sobre sua dificuldade. O correto é ajudá-los a valorizar suas potencialidades e fornecer instrumentos para que possam não apenas utilizá-las de uma maneira menos sofrida, mas também que se sintam mais felizes consigo mesmas e com a vida.
Capítulo 5 ? O QUE OS TODAs TÊM QUE OS OUTROS NÃO TEM?
A forma como o cérebro funciona é uma parte importante do problema de quem tem TDAH. Porém, uma pessoa é mais que seu cérebro. E até mesmo o cérebro pode ser mudado. Para essas pessoas é um desafio adequar-se ao ritmo não elétrico dos outros.
A autora diz que ?se entendermos criatividade como a capacidade individual de ver os mais diversos aspectos da vida através de um novo prisma e então dar forma e corpo a novas ideias, notaremos que a mente TDA, em meio à confusão resultante do intenso bombardeio de pensamentos, é capaz de entender o mundo sob ângulos habitualmente não explorados? (p.112).
São pessoas que amam intensamente, tem emoção em excesso e escassez de razão no interior de suas mentes, mas não conseguem colocar em prática o que vivem em seus pensamentos.
A autora coloca que ?dessa forma, o cérebro TDA funciona como uma antena parabólica que gira ininterruptamente, captando simultaneamente os mais diversos estímulos do mundo externo. É como se o mundo lhe fosse interessante e instigante o tempo todo? (p.112 a 113).
Essas pessoas são semelhantes a um vulcão que pode estar inativo ou não, pois se apresentam às vezes calmos e tranquilos externamente, mas por dentro estão agitados e inquietos.
A autora observa que ?... por terem uma visão contextual (global) exacerbada, os TDAs teriam toda uma gama de pensamentos alternativos que os levariam a ver a vida sob um novo foco, criando, assim, o terreno ideal para o exercício da criatividade? (p.117).
A autora esclarece que essas mentes movidas por inquietação tendem a transformar toda essa emoção em poesias, obras literárias ou músicas tornando-se um passo positivo para quem exercita a criatividade, são talentos que não podem ser desperdiçados.
Capítulo 8 ? TDA E OUTROS TRANSTORNOS
Entre os sintomas comuns, a dificuldade de atenção é a fonte de graves consequências para a criança que não pode resistir aos estímulos e ao mesmo tempo se distrai com uma mosca que passa perto dela, incapaz de concentrar-se por muito tempo. A falta de controle não lhe permite um esforço prolongado de atenção, o que determina baixo rendimento nos estudos e, por muitas vezes, atitudes e reações que são atribuídas ao mau comportamento.
A autora coloca que ?o desconforto e o sofrimento causados por um determinado problema atingem de tal forma a vida de alguém que novos transtornos vêm se somar ao preexistente? (p.153).
Podem gerar sofrimento, culpa, angústia e cansaço apresentar problemas com sua autoestima e tais situações o levam a viver uma constante instabilidade emocional entra e sai de diversos relacionamentos, empregos e grupos sociais.
A autora diz que ?o desconforto é tamanho que leva muitos indivíduos a procurar ajuda médica. E, assim, temos descoberto vários TDAs? (p.155).
O que era tolerado na primeira infância e muitas vezes aceito por se tratar de crianças mais novas, aos poucos vai se tornando intolerável até que os pais se dirigem ao médico ou psicólogo em busca de soluções. Nem sempre a idade determina o problema, antes pelo contrário, ela o aumenta.
A autora enfatiza que ?um TDA que sofra também de fobia social pode acabar jogando todo o seu talento pela janela, já que deixará de expressar sua criatividade e inventividade, por se julgar incapaz de defendê-las e sustentá-las? (p.159).
A autora Ana Beatriz nos mostra a necessidade de preparação e capacitação dos professores para o auxilio no desenvolvimento motor, cognitivo e afetivo desses alunos. Além da necessidade de metodologias especificas para incluir esses alunos.
Capítulo 12 ? A ORIGEM DA QUESTÃO
O sofrimento que as pessoas portadoras de TDA sofrem no decorrer de suas vidas, além do preconceito que as cercam e que limitam suas capacidades intelectuais mostra que se faz necessário a parte terapêutica e em alguns casos remédio que ajude a concentração deste paciente.
A autora coloca que ?o transtorno do déficit de atenção deriva de um funcionamento alterado no sistema neurobiológico cerebral. Trata-se de uma disfunção, e não de uma lesão, como anteriormente se pensava? (p.213).
Mesmo não se sabendo ao certo se é ou não doença, e se sabendo que não tem cura, acredita-se que pode ser disciplinado e controlado para que o paciente tenha um melhor desempenho ao longo de sua vida.
A autora diz que ?sem ?freio?, o cérebro TDA terá uma atividade muito mais intensa, será bombardeado por uma tempestade de pensamentos e impulsos numa velocidade muito acima da média? (p.216).
Para que se possa melhor compreender essa característica que os torna diferentes entre pessoas tão iguais, a autora coloca a necessidade de se estudar mais profundamente os sintomas, as características e os relatos dos pacientes para desenvolver conceitos de impulsividade e hiperatividade para ter uma visão sobre o problema, e buscar uma variedade de recursos para o tratamento. TDAH não tem cura, mas tem controle, há tratamentos baseados em terapia associada a medicamentos que podem garantir qualidade de vida aos TDAs.
A autora também coloca que ?no entanto, sua manifestação sofre influências externas que poderão contribuir para que esta seja favorável ou desfavorável à vida do indivíduo? (p.219).
Pelas alterações de comportamento da criança por consequência do transtorno, como a perda de atenção e sua difícil ou complicada relação com os colegas em sala de aula. O TDAH costuma gerar enorme angústia para os pais, professores e para as crianças que a possuem.
É necessária uma completa avaliação, por profissionais capacitados, como trabalhar de maneira adequada com o aluno com TDAH. Antes de aprender a lidar com o aluno hiperativo, é preciso entender como funciona esse transtorno.
Quebrar paradigmas e entender que hiperatividade é um transtorno e não uma doença e que pode ser controlado principalmente com a ajuda do professor em sala de aula, será uma ferramenta extremamente útil para o educador e principalno TDAH.