Gabriel Alencar 23/06/2021
Com o mar ao meio, mundo adentro.
Devo principiar confessando algo que, talvez, possa ser considerado um crime literário, com agravante - se tratando da minha pessoa -, sendo eu brasileiro e profundamente nordestino: não sou conhecedor muito das obras de Jorge Amado, Mas tão logo tratarei de converter essa realidade.
Esse ano, venho tendo como prazer, conhecer mais a vida e obra do mestre Saramago, não somente lendo suas obras que, com firmeza escrevo: estarão por um tempo longínquo na história da humanidade no que se refere a grandes e geniais escritores. Me disponho também a assistir documentários e entrevistas e ler livros que compõem a estrutura do ser humano Saramago.
Eis que chego a esse livro e com o coração afetuoso, com humildade, respeito e admiração, peço com muita singeleza, licença aos luzidos escritores, que hoje se encontram na gloria, espaço para escrever.
Trata-se de uma tardia amizade entre monstros da literatura portuguesa relatadas em cartas e pouquíssimos encontros, conversada com muito esmero e carinho em cada linha escrita. Não só diz respeito unicamente a Saramago e Amado, estão também entrelaçadas nesse mar de benquerença, por assim dizer, suas respectivas esposas: Pillar Del Rio e Zélia Gattai.
As características que os vinculam são tantas: a forma de pensar e pesar a democracia. O apego e paixão com a língua portuguesa e seus filhos e escritores populares e ativos cidadaos. Bem como as diferenças: Amado um tanto religioso - convida Saramago pra conhecer as festas pra Iemanjá - e Saramago um profundo ateu e pé no chão. Amado um sonhador e viajante.
Entre tantas conexões e diferenças, é tão comovente a relação entre os escritores, que é humanamente impossível não se apegar e sentir-se parte dos carinhos entre dois homens idosos, tão raro de se encontrar. Certamente, se existe toda essa trama que contam sobre alma gêmeas que se encontram, em relação a essa amizade, elevo aqui o nível: tratou-se de um encontro de divindades.