Ana 09/08/2023
"Toda verdade é simples." - Não existe aí uma dupla mentira?
Friedrich Nietzsche foi um filósofo e filólogo que nasceu na Prússia em 1844. Mas antes de começarmos a falar sobre Nietzsche, é preciso tirar um elefante da sala. Alguns relacionam a filosofia de Nietzsche ao nazismo e a ideologia da superioridade do povo alemão. Isso não é verdade. Nietzsche sempre foi contra qualquer tipo de ultranacionalismo. O que aconteceu é que depois que ficou insano, sua irmã, essa sim nazista, modificou seus escritos para usar como justificativa e endosso ao nazismo. Outra coisa que vale a pena ressaltar é que embora seus escritos não possam ser usados para dar fundamento ao nazismo, a verdade é que é muito difícil discernir o que Nietzsche escreveu e o que Hitler escreveu. Mas apesar disso, acredito que é um autor que merece ser lido e estudado. Dito isto. Vamos ao livro.
Crepúsculo dos ídolos foi um livro publicado em 1888, pouco tempo antes de Nietzsche começar a perder a sanidade. O título é uma sátira à ópera de Wagner, Crepúsculo dos Deuses. O que Nietzsche faz nesse livro é uma ampla crítica aos valores, crenças e intelectuais de sua época. O subtítulo é a filosofia a golpes de martelo. E é exatamente isso que ele faz, golpeia sem dó vários ídolos. Kant, Schiller, Platão, Sócrates, Cristianismo, A moral. Ele não poupa quase nada.
Platão enganou ao fazer as pessoas acreditarem que este mundo não é o real. E que o verdadeiro mundo está longe de nós. No mundo das ideias. Sócrates era contra o grego clássico visto como forte, corajoso, guerreiro e poderoso. O Cristianismo tornou o homem fraco e vitimista. A moral serve como um escudo para os débeis. Nietzsche questionou todos os princípios que nortearam sua época e foram encarados como intocáveis.
O capítulo O problema de Sócrates é interessante porque Nietzsche critica-o dizendo que ele nem parece grego por não se encaixar no perfil do grego clássico por ser feio e frágil. O engraçado é que Nietzsche tbm era feio, frágil e doente. E tbm como Sócrates não era levado muito a sério na sua época.
Fica evidente o tamanho do ego de Nietzsche quando ele afirma que deu para a humanidade o livro mais profundo já feito. Ou talvez o início de sua derrocada mental.
Ele fala sobre o Dionísio que é uma força da natureza, dos instintos, da fé em si mesmo, do prazer sensual e da vida. Enquanto o apolíneo é o racionalismo, a regras, as leis, a moralidade que tolhe os instintos vitais.
Enfim, o que Nietzsche faz aqui é tentar mostrar que os ídolos de seu tempo são ocos e são feitos de barro, sendo facilmente derrubados com golpes de martelo. É um ótimo livro de porta de entrada para sua filosofia já que serve como um tipo de resumo de algumas de suas ideias.