Mauricio.Alonso 19/07/2022Surpreendente!Livro essencial, muito bem escrito, a linguagem é bem clara e fácil.
Policarpo é um major idealista, nacionalista de uma pureza ímpar. Ama os livros, estuda o Brasil a fundo, estuda a fauna e a flora brasileira, chegou até a propor a mudança da língua para o Tupi Guarani. Mas infelizmente a sociedade da época (e de hoje, livro atual), não está preparada para os seus ideais. A história de várias personagens e suas diferentes realidades se cruzam, os "amigos" militares, amantes da luxúria e da ignorância ("pra quê ler livros"), os burocratas e suas mesquinhas ambições amorosas e profissionais, as jovens donzelas e suas aspirações casamenteiras, os empregados-criados pretos do sítio, pessoas humildes, ingênuas, passivas e manipuláveis, a afilhada Sofia (única que o compreende), o músico Ricardo Coração dos Outros, além de outros não menos interessantes, cada um retratando uma característica da nova sociedade republicana em formação, ainda nos tempos do presidente ditador Floriano Peixoto que inclusive é um dos personagens do livro. Fatos históricos são citados como a Guerra do Paraguai, a Revolução Federalista e a Revolta da Armada, a última com mais detalhes. Policarpo inclusive entra meio de gaiato nessa revolta, sem entender o porquê, e, esse é o começo para o seu triste fim, que não cabe aqui descrever. Fica para quem quiser se deliciar com essa obra de Lima Barreto, um escritor sensacional vencido prematuramente pelo alcoolismo. Vai ver que a bebida foi a saída encontrada para camuflar as incorreções da sociedade que na época ele, que era monarquista, e talvez poucos, enxergavam.