spoiler visualizarPaola 24/06/2022
O título não nos prepara...
Policarpo Quaresma é o patriota que vê além de seus interesses, além da politicagem; é um estudioso que, a partir das carências na pátria observadas, busca as soluções, querendo pô-las em prática. Sua percepção de si mesmo e de seu ideal em seu triste fim é um atestado de que a mudança social não é individualista; é luta coletiva. Não se faz sozinho, como ele tentou, se constrói a partir do compartilhamento dos conhecimentos, tornando-os acessíveis.
Para mim, foi inevitável criar um apreço por Quaresma desde o início. Uma pessoa esforçada, que se atêm aos seus ideais e vontades sem importar-lhe o julgamento alheio. Por isso, o último capítulo do livro me foi triste. Foi comovente ver o esforço de Ricardo Coração dos Outros para tirá-lo da prisão; revoltante a atitude de todos os homens em cargos de influência.
De certo, Olga é minhas personagem favorita da história (junto a Policarpo); embora eu discorde de seu arrependimento após sua tentativa de evitar a morte do padrinho.
As personagens femininas me foram fascinantes. É muito interessante (e refrescante) ler a ideia de casamento da forma crítica que é desenvolvida no livro, enfatizando que é uma necessidade e/ou vontade inventada e inculcada nas mulheres, que pode ser internalizada a ponto de adoecer-nos, como acontecera com Ismênia. Ao mesmo tempo, a história nos mostra Adelaide, uma mulher que "sempre se sentiu completa" e nunca casou.
É um livro bastante crítico não só da política, dos latifúndios, da guerra; mas, também, de como a ambição, o egoísmo e a vaidade impossibilitam a solidariedade, a empatia e a amizade.
"E era assim que se fazia a vida, a história e o heroísmo: com violência sobre os outros, com opressões e sofrimento." (p. 232)