Resenhas - Triste fim de Policarpo Quaresma

Mr. Jonas 04/11/2021

Triste fim de Policarpo Quaresma
Com uma literatura engajada e realista, Lima Barreto (1881-1922) compôs um romance cuja história oscila do humor ao drama. Ambientado no final do século XIX, o livro conta a história do major Policarpo Quaresma, nacionalista extremado, cuja visão sublime do Brasil é motivo de desdém e ironia. Interessado em livros de viagem, defensor da língua tupi e seguidor de manuais de agricultura, Policarpo é, sobretudo, um ?patriota?, e quer defender sua nação a todo custo. O patriotismo aferrado leva o protagonista a se envolver em projetos, que constituem o enredo do livro.

Policarpo é um ufanista que desperta curiosidade e escárnio em virtude de sua exaltação utópica das qualidades nacionais.

O auge de seu patriotismo se dá quando ele redige um ofício em tupi-guarani no departamento público em que trabalha, o que o leva ao hospício, onde permanece durante seis meses.

As aventuras quixotescas de Policarpo, entretanto, continuam após sua saída da casa de saúde e o levam a confrontar-se com a dura realidade.

Ao mesmo tempo em que evidencia o sonho de uma pátria melhor e mais justa, Triste fim de Policarpo Quaresma compõe uma sátira ácida sobre um Brasil marcado pelo oficialismo e pelo desmando dos poderosos.

Pedro 02/11/2021

Lição Atemporal
Aqui Lima Barreto nos brinda com uma lição que perpassa o tempo e as gerações da história da nação brasileira: Você que é patriota, você é otário.

Belos 02/11/2021

Um clássico, né? Já o li umas três vezes e sempre descubro algo novo. Livro para quem gosta de crítica direta.

Talita.Lobo 02/11/2021

Ó pátria amada, idolatrada, salve salve?..
Muito prazer, Major Quaresma! Um homem que amava sua pátria antes de mais nada. Um homem que, de tanto querer ver qualidades em seu pais, achou as mais belas qualidades, os mais belos encantos. Policarpo Quaresma conseguia enxergar, as belezas demasiadas da pátria: não só da natureza, mas da história, do povo. E por tanto achar qualidades, queria servir, queria participar, queria se envolver.
Foi mal interpretado, suas intenções foram questionadas, sua credibilidade foi anulada. Se por um lado é terrível ser taxado como louco, como lunático, como ?sonhador?, pior ainda é não conseguir narrar o óbvio, convencer do básico. Quaresma não teve amores, não teve uma vida de prazeres, de conforto, de vontades. Se empenhou em doar o melhor que podia do ser trabalho e da sua força para o crescimento, para o desenvolvimento do país. Não foi bem aceito. Não foi escutado. Não foi amparado. Foi enredado pela burocracia, pela falta de escrúpulos, pelo pelos interesses de poucos, pela corrupção que protege a honra e o crescimento de um grupo, nunca do coletivo. Foi silenciado, posto pra escanteio. Todo o amor dedicado se virou contra ele como escárnio, como desprezo.

Lorena Sousa 02/11/2021

Frases que marcaram
"No bonde vinham outros visitantes e todos não tardaram em saltar o portão do manicômio. Como em todas as portas dos nossos infernos sociais, havia de toda a gente, de várias condições, nascimentos e fortunas. Não é só a morte que nivela, a loucura, o crime e a moléstia passam também a sua rasoura pelas distinções que inventamos."

"É incrível! Um país como este, tão rico, talvez o mais rico do mundo, é, no entanto, pobre, deve a todo o mundo...Por quê? Por causa dos governos que temos tido que não têm prestígio, força...É por isso."

Acredito que essas duas passagens me causaram maior impacto por ter lido esse livro no atual momento pandêmico e de desgoverno que vivemos.

felipe.demattos.94 01/11/2021

Honrado Fim de Quaresma
Triste não foi o fim de Policarpo Quaresma, triste foi a vida. Ao olhar pra trás e percebeu que viveu para nada, não deixou legado e não experimentou amores que pudessem de alguma forma retribuir.
O fim do Major Quaresma foi honroso, em meio a autoridades que abusam de seus poderes (situação que lembra muito o Brasil de 2021), defendeu e expôs a sua opinião, mas pagou caro por isso.

E você?
Está mesmo vivendo ou apenas existindo?
E pelo que está disposto a dar a própria vida para defender?
Já pensou nisso? Então pense.

PaulaFB20 30/10/2021

Um cara que amava o seu país
Como posso descrever esse livro que a princípio deixei minha Alexa lendo e me perdendo na leitura? Pega no flagra kkkkk
Mas pelo que compreendi, Policarpo Quaresma era um cara que apreciava as riquezas do Brasil, desde o linguajar até a natureza em si.

Becky 28/10/2021

Triste Fim de Policarpo Quaresma?
Eu estava com expectativas baixíssimas depois de ter assistido algumas aulas sobre essa obra, então não foi tão difícil para o livro ser melhor do que eu esperava.
O primeiro arco, com toda certeza, é o melhor, eu ri bastante e achei até que a narrativa iria ficar entre as melhores leituras clássicas do ano, porém a segunda e - principalmente - a terceira parte são muito arrastadas e monótonas, deixaram aquela sensação tão temida por qualquer pessoa que vai ler um clássico: sono e tédio.
Enfim, eu já sabia do final, mas ainda assim foi surpreendente, a crítica sobre a hipocrisia e egoísmo do povo escancarados, foi realmente bom.

6/10

Bela.Samary 27/10/2021

Entediante genial!
Eu descobri uma nova categoria de livro aqui, o entediante genial.
Lima Barreto conduz a história de forma lenta e rica em detalhes, são páginas e páginas arrastadas em detalhes, porém, nada tira a vontade de saber qual o fim e quando ele chegou eu fiquei completamente desvastada.

akame7 27/10/2021

Imortal e atemporal!
Meu primeiro clássico. Esse livro entra em diversas camadas da existência e me deixou grandiosas lições. Me fez pensar e repensar em meus valores, experiências e o mundo em que vivo.
Lima Barreto abriu as fendas do mundo lúdico e me tocou profundamente com suas acepções sobre o mundo real. Ressalta e critica assiduamente as mazelas e desigualdades sociais da terra em que nasci, porém, o faz com incomparável maestria e sutileza.
O mundo é mais cruel do que a gente pensa e as pessoas são irredutíveis, sem vontade de prosperidade coletiva. Egoístas, só fazem até onde agrada o próprio interesse. O erro de Quaresma foi dedicar sua bondade e doçura em propósitos sem retorno.
Mesmo em meio a alguns exageros, seu intuito era o progresso da nação e o alívio do sofrimento da população pobre. Seu nobre sentimento e ideal o fizeram esquecer de viver. Ele não compreendia como as pessoas não conseguiam ser boas para os seus semelhantes e para a própria terra que as viu nascer.
Ele morre por algo que tanto amava, a pátria, e por defender um ideal humano e solidário.
Ao fim de sua vida, sente um grande vazio, percebe que se dedicou a um projeto inútil. Ele por fim, cai na real da desonestidade e ferocidades dos homens, enxerga a frieza e o egoísmo dos seres humanos.
Lima Barreto retrata muito de seus problemas e da frustração que viveu em sua vida nesse livro. Ao discorrer sobre a loucura de Ismênia e sobre a loucura do próprio Quaresma, busca transpor nos personagens a dor que esse traço, que todos nós carregamos, causa quando vem à tona e se sobrepõe à razão. Além da loucura, ele fala sobre casamentos, a hipocrisia burguesa, o desinteresse dos políticos em querer um Brasil melhor e diversos outros temas de seu contexto social, mas que se aplicam absurdamente nos dias atuais. Sua leitura pode ser reinterpretada e compreendida perfeitamente mesmo fora da época em que foi produzida.
Além de tudo, Lima se preocupava em sempre usar linguagem coloquial (mesmo sendo muito criticado) para não elitizar a literatura, contrariando diversos escritores de sua época que julgavam sua linguagem como pobre e sem valor literário.
Acho que sempre me emocionarei ao falar desse livro e desse autor. Imortal!

MACARI0 24/10/2021

Policarpo Quaresma: Um patriota iludido pelo Brasil
"Triste fim de Policarpo Quaresma"(1915) é um livro unânime em satirizar a burocracia e o patriotismo do Brasil do começo do século 19. Seu protagonista é um patriota que sonha com um país que seja justo a suas raízes e que seja grande perante as outras nações! Policarpo Quaresma é um sonhador, uma espécie de Don Quixote Brasileiro, que busca ajudar seu país o melhor que pode e com o máximo de suas forças, desde os 18
anos, deixando de amar e até de viver sua mocidade, para poder se concentrar em aprender o máximo sobre a história , a geografia, a política e a cultura do Brasil.

Porém a guerra, a burocracia e o as diferenças ideológicas fazem com que a sua própria pátria se volte contra ele.

As personagens desse romance clássico, pouco a pouco, deixam sua marca e sua impressão quanto ao protagonista da história. São influentes até certo ponto. Porém, nenhum deles conseguem se equiparar a Policarpo.

Os capítulos são longos. Alguns parecem pelo ritmo mais do que outros. A história é dividida em partes. Elas seguem uma cronologia histórica. E as vezes fica difícil saber em que tempo se passa determinado evento ou acontecimento. Porém a narração dos detalhes é bem orquestrado. A forma como o autor expõe cada momento é de fato um dos pontos altos do livro.

Por fim, o final, que pode para muitos patecer previsível desde o começo. Mas mesmo assim não deixa de emocionar e impressionar. Isso é tudo graças ao autor que soube desenvolver os personagens principais até o fim. A mensagem final é dura e crítica, mas por isso mesmo é precisa e indispensável. A desilusão com o próprio país e com seu povo e seus governantes é atemporal e muito atual!

"Triste fim de Policarpo Quaresma" é um clássico da literatura brasileira, que apesar de ser um livro do início do século passado, tem um contexto muito parecido com o do atual momento do Brasil, onde o patriotismo passa a ser mais forte para alguns e fraco para outros. Esse também era o país de Policarpo Quaresma e do seu autor, Lima Barreto!

Betânia 24/10/2021

Triste fim de Policarpo Quaresma
Quaresma é um homem de meia idade, diferente (e por isso incompreendido), e apaixonado pela pátria. Porém esse patriotismo acaba custando caro. Lima Barreto constrói muito bem a imagem do personagem principal e narra toda a história com ricos detalhes. Uma leitura válida.

e._ 24/10/2021

Carregado e extremamente atual
Não achei que eu fosse gostar de clássicos, mas olha, esse me conquistou.
A luta constante do policarpo, e a decepção quando ele percebe que aquilo pelo qual ele lutou a vida inteira não tem "importância" pra grande maioria da sociedade, é um sentimento ardido de ler, mas tão fácil de identificar atualmente que me fez ver um espelho no personagem.
O modo como Barreto retratou o modo que a Olga pensa, age e se posiciona foi algo que me deixou muito surpresa, mas completamente satisfeita; assim como o caso da irmã de Quaresma, uma face perfeita de como a mulher era moldada na época. O envolvimento parcial, mas essencial de Ricardo no ciclo de Quaresma me comoveu, tanto quanto o fato dele lembrar de Anastácio perto do fim.
Foi uma crítica árdua, a qual eu admiro e no momento me deixou em uma reflexão maravilhosa: quero ler mais vezes.

luiza lima 23/10/2021

Achei um livro interessante de um modo geral. Gostei muito do começo, muitas passagens engraçadas. Esse começo me surpreendeu porque era de fácil leitura, e talvez eu faça parte do clube de traumatizados de leituras escolares, então foi uma boa surpresa.

Como nunca havia lido, só ouvido falar, eu criei uma ideia totalmente errada de Policarpo. Eu imaginava que ele era meio malvado, meio louco, mas na verdade ele era só um cara ingênuo e sonhador, que não queria mal a ninguém, apenas exaltar a pátria. Quem dera nossos "grandes patriotas" de hoje em dia fossem assim. Uma coisa que eu achei engraçada, que óbvio que não era por mal, era a tendência dele de padronizar todo o país, mesmo quando se inspirava nos nativos, que na verdade são tão diversos. Eu achei Policarpo um personagem incrível.

Só do meio pro final, quando veio a guerra, eu comecei a achar bem chato e a leitura foi arrastada. Não é um assunto que me prende muito, e sei lá, não consegui gostar muito, mas foi. E também eu fiquei muito confusa com os pulos temporais, porque no início eu não achei claro que se passou tanto tempo desde a internação até ele se mudar. E nem que se passou tanto tempo assim com ele morando no interior. Essa confusão atrapalhou um pouco a leitura.

Tirando isso, eu absolutamente amei ler algo que se passava no Rio de Janeiro, ver como a nossa sociedade não mudou quase nada. Toda a politicagem que ainda rola até hoje, os pensamentos, costumes, preconceitos. Foi muito interessante porque me fez entender como chegamos até aqui. Também achei muito sensível o modo que Lima Barreto escreveu as mulheres desse livro, e também como abordou a pressão social imposta sobre elas de se casar.

Enfim, não é uma obra que considero incrível mas acho uma leitura muito válida.

Svelen 19/10/2021

Obra prima de Lima Barreto
Meu primeiro contato com esse clássico nacional, muito bem escrito e ambientado.
Infelizmente a obra não me pegou, as 190 páginas pareciam 500 para mim.
Em geral entendo a sua importância e recomendo terem a experiência.