Triste Fim de Policarpo Quaresma

Triste Fim de Policarpo Quaresma Lima Barreto




Resenhas - Triste fim de Policarpo Quaresma


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Luca Coelho 13/06/2011

A história vai do nada a lugar algum. Pode ter sido uma crítica extremamente bem feita para a época, mas hoje não diz nada.
Apesar do título do livro ser extremamente criativo, a vontade de terminar de ler para no primeiro capítulo.
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Alexandre Kovacs / Mundo de K 04/06/2011

Lima Barreto - Triste Fim de Policarpo Quaresma
"Triste Fim de Policarpo Quaresma" apresenta uma crítica à sociedade da época mais nos moldes de um Machado de Assis com base na história do major reformado Policarpo Quaresma, nacionalista radical que defende o Brasil e os valores da pátria que considera originais como a língua tupi. Um livro que, cem anos depois, ainda é muito atual por tratar desta difícil questão da identidade nacional (ou falta de). Esta edição conta com introdução e notas da historiadora Lilia Moritz Schwarcz e uma resenha de Oliveira Lima, publicada em 1916 no Jornal do Comércio.
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Estela 03/05/2011

Me deu uma alegria quando terminei de ler.
O livro O triste fim de Policarpo Quaresma não é ruim, do ponto-de-vista intelectual e político é um deleite, agora obrigar adolescentes de 15 anos a ler esse livro é dose.
É interessante tratar de um assunto como o ufanismo num país como o Brasil, também é interessante como o Policarpo se decepciona com o Brasil.
É claro que falar de política é sempre um bom tema, além do mais, tratar de um período tão complexo da nossa história como o início da República Velha é muito novo e criativo.
Então, suponho que o único problema desse livro é lê-lo obrigado.
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ReiFi 28/04/2011

Triste fim de Policarpo Quaresma - Lima Barreto
Por José Reinaldo do Nascimento Filho

Terminei.

Certa feita eu assisti a um programa de televisão com o meu irmão Leonardo no qual o entrevistador e o entrevistado conversavam sobre as agruras da “profissão” de tradutor. Com o desenrolar do programa, um dos entrevistados falou sobre o número de obras estrangeiras traduzidas para o português do Brasil, contrapondo ao mesmo trabalho feito nos Estados Unidos.. Embora não esteja lembrado das percentagens citadas, sei que o número de livros brasileiros traduzidos para a língua inglesa é ínfima – em comparação as quantidade absurda de livros trazidos para as prateleiras tupiniquins.

Assim que acabei de ouvir tais números, fiz uma estúpida comparação a respeito do nosso Brasil: Comparei o nosso pais ao canal aberto Rede TV (“a rede que mais cresce no Brasil”, é bom frisar) Se eu não estiver enganado a frase foi mais ou menos assim: Incrível, não? O Brasil parece e muito com a Rede TV; porque veja bem: enquanto que no Brasil nós “vivemos” da cultura dos outros – diga-se Beyoncés, Ladys Gagá, Justin Beabers -, a inexpressiva Rede TV sobrevive da programação alheia (ou melhor, sobrevive da fofoca direcionada à programação alheia). A Rede TV é, definitivamente, um canal subdesenvolvido, não acha. “É”, acho que sim, disse o velho Leonardo.

Coincidência ou providência, essa anta que vos escreve estava lendo justamente uma obra na qual a personagem principal é um idealista apaixonado pelo Brasil e que abomina a cultura de outros países com todo afinco. Refiro-me ao já clássico Triste Fim de Policarpo Quaresma (1915), do mulato com ideias socialistas e de família modesta Lima Barreto, nascido no Rio de Janeiro, capital, do dia 13 de maio de 1881.

Pode parecer pretensão, mas acredito que a história desse livro pode ser resumida da seguinte forma: “A narrativa de um homem cuja sina é ver suas ideias e seu patriotismo serem motivo de chacotas, enquanto que medíocres e políticos corruptos chafurdam nas riquezas do Brasil”. O autor define como objetivo da obra “desenvolver o culto das tradições” e “mantê-las sempre vivazes nas memórias e nos costumes” (p.29). Policarpo Quaresma é um Dom Quixote à Lima Barreto, e o Homem ridículo de Dostoievski vivendo nos trópicos.

O livro é dividido em três partes distintas – cada uma subdividida em mais cinco partículas – que correspondem, cada uma, a um dos projetos grandiosos do protagonista.

Na primeira parte, para mim a melhor, conhecemos a personagem Major “Caxias” Quaresma, e todas as suas “excentricidades” patrióticas – exageros que levam às mais irritantes e persistentes chacotas dos seus vizinhos, diga-se de passagem. É também nela que o protagonista conhece Ricardo Coração dos Outros, e decide, com ele, aprender a tocar violão – instrumento que, na época, simbolizava a boemia e vadiagem. Assim que têm início as aulas, a zombaria em torno de Policarpo aumenta e passa a assumir ares maldosos. Para tristeza da personagem em questão, ele descobre que o instrumento que ele afirmava ser original do Brasil foi, na verdade, trazido por estrangeiros. Essa descoberta o faz abandonar as aulas, levando-o à depressão – isso, claro, somado aos constantes e irritantes “bullings” (desculpem o anacronismo, não resisti) feitos pelas pessoas que o cercavam. Após abandonar as aulas, Policarpo entra na inusitada empreitada de transformar a língua “Tupi” no idioma oficial do Brasil. E foi assim que, por descuido, acaba por redigir um ofício inteiro na língua indígena, o que resulta em sua dispensa do batalhão. Sozinho e sem ninguém, o Major sofre um colapso mental e é internado em um sanatório.

Na segunda parte, agora livre do sanatório, Policarpo Quaresma resolve comprar um tranqüilo e muito distante sítio: O Sossego. Fascinado e cego (redundância?) por aquelas belas terras, o Major começa a estudar e trabalhar com todo afinco para melhorar aquilo que lhe foi “dado” como presente pela natureza.

Certa noite, após dias e dias de trabalho incessante nas “maravilhosas” terras, Policarpo é acordado por milhares de formigas gigantescas que estão destruindo todo o seu estoque de sementes. E nesse trecho as metáforas são tão claras que chegam a cuspir na gente: assim como o sítio Sossego representa a nossa pátria e como ela reage frente às nossas maneiras de agir, as formigas representam a realidade iminente que tanto persegue Policarpo: para tristeza deste as terras do Brasil não estavam livres de pragas e… formigas. Mais uma desilusão para o nosso personagem. Não obstante tal calamidade, Policarpo envolve-se com corruptos políticos locais – embora acredite estar fazendo o melhor para a nação –, fazendo-o se revoltar com a política nacional agrícola, após descobrir as tais artimanhas e sujas negociatas realizadas sem o seu conhecimento.

Na terceira parte, agora se aproximando mais da História, o autor leva o protagonista a envolver-se na Revolta da esquadra da Marinha (1893-1894) – confrontos nos quais Policarpo oferece todo o seu apoio ao presidente Floriano Peixoto. Por fim, a revolta é reprimida, e todos os envolvidos presos e enviados para a prisão. Não conformado com as atitudes do presidente, Policarpo envia uma carta repudiando as atitudes tão ditatoriais. Policarpo também é preso, e… e já escrevi demais sobre o livro.

Tenho apenas uma crítica para fazer sobre a obra em questão: a perda do fôlego narrativo. Apesar de o romance ser curtíssimo (208 páginas), escrevo com pesar que fiz, em alguns trechos, uma leitura forçada da obra; e justifico esses momentos, baseando-me, somente, na não “capacidade” do autor em manter o fôlego do início ao fim do livro (pelo menos não para mim). Situação que não aconteceu, por exemplo, em Luz em Agosto, romance no qual o autor parece não querer desperdiça uma palavra sequer (e nesse aqui Lima Barreto desperdiçou?).

Realizar a leitura de Triste Fim de Policarpo Quaresma foi uma experiência recompensadora e reveladora, principalmente porque escolhi estudar a ciência História, disciplina que tem como metas, “desenvolver o culto das tradições” e “mantê-las sempre vivazes nas memórias e nos costumes”. Utópico? Pode ser. Mas como disse o Homem ridículo: “Se todos quisessem, tudo mudaria sobre a Terra num momento”.

Para saber mais, acesse: http://catalisecritica.wordpress.com/2010/12/30/triste-fim-de-policarpo-quaresma-lima-barreto/
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Anica 17/04/2011

Triste Fim de Policarpo Quaresma (Lima Barreto)
Alguns livros parecem estar ligados com nossas memórias dos tempos de escola. O problema é que nem sempre são as memórias gostosas como o recreio, as conversas com os melhores amigos ou a sensação boa de um bom resultado de uma prova. Tem momentos que ouvir nomes como “Dom Casmurro”, “Macunaíma” ou ainda “Senhora” causam um certo arrepio na pessoa, trazendo lembranças de leituras obrigatórias que resultariam em uma prova com perguntas idiotas como “O que disse a personagem x na página y?”.

É uma pena que muito da literatura em sala de aula ainda aconteça desse modo, afastando leitores não só da (excelente) produção nacional, mas às vezes do hábito da leitura em si. E a realidade é que mesmo dos que se salvaram desse modo antiquado de ensinar literatura, ainda assim não costumam dar uma segunda chance para livros que certamente o merecem, como é o caso de Triste Fim de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto.

Publicado pela primeira vez em folhetins em 1911, a obra de Lima Barreto está entre aquelas de “traumas da escola” que sem sombra de dúvidas devem ser relidas, sem a pressão da prova no outro dia, só por puro prazer. A começar pelo estilo da escrita de Barreto. Muito leitor jovem costuma colocar todos os clássicos da literatura nacional no mesmo caldeirão, dizendo que são “difíceis” de ler por causa do registro excessivamente formal do escritor.

No caso de Barreto, o que temos é um estilo que depois viria ser muito comum em literatura, bastante próxima da fala das pessoas da época. Por conta disso, a narrativa flui muito bem, sem se apresentar como um desafio para pessoas que estão começando a desenvolver o hábito da leitura. O irônico é que se considerar o Prefácio da edição da Penguin-Companhia((Escrito por Oliveira Lima, publicado pela primeira vez n’O Estado de São Paulo no lançamento da primeira edição do livro de Lima Barreto)) essa qualidade da prosa de Lima Barreto era vista naquele momento como um defeito, ao qual o autor do prefácio justifica de forma precisa e corretíssima: “antes, mil vezes antes, singelo, familiar mesmo, do que pernóstico“.

Considerando que quase todo brasileiro acabou cruzando com Policarpo Quaresma enquanto estudantes, a verdade é que falar do enredo é até desnecessário: temos o protagonista que empresta o nome ao título, tentando colocar para funcionar três projetos de cunho nacionalista: mudar a língua falada no Brasil para o Tupi, plantar em um sítio e participar da revolta da Armada. O livro é dividido em três partes, cabendo a cada uma um desses projetos desta personagem quase quixotesca.

O tom da narrativa é leve, tendendo algumas vezes para o cômico e ficando mais pesado apenas ao chegar na terceira parte, aproximando do final trágico da protagonista. Mas é importante ressaltar que por “leve” não se quer dizer sem valor algum, já que todo o livro vem recheado de críticas ao Brasil daquela época que – talvez o mais chocante – em determinados momentos caberia muito bem para nosso país atualmente.

E retomando a questão da releitura, a verdade é que muito dessa crítica pode acabar passando batido pelo leitor, até por desconhecimento de peculiaridades do Brasil da época de Lima Barreto. É por conta disso que a edição de Penguin-Companhia chega como um verdadeiro presente para quem está disposto a reencontrar Policarpo Quaresma: com notas de Lilian Moritz Schwarcz, Lúcia Garcia e Pedro Galdino, a leitura torna-se muito mais completa, e ainda mais gostosa. Há páginas que são ocupadas quase que só pelas notas de rodapé (que eu falhei miseravelmente na tentativa de fotografar para ilustrar esse artigo). Como já havia dito sobre Papéis Avulsos (Machado de Assis) e O Amante de Lady Chatterley (D.H. Lawrence) o trabalho da editora com os títulos desse selo se compara a oferecer ao público um DVD recheado de extras. É livro para quem gosta de livro, para quem gosta de saber sempre mais.

O que traz à memória um trecho de uma coluna de André Conti no Blog da Companhia, no qual ele comenta da questão de ter títulos como o de Lima Barreto entre os lançados pelo selo Penguin-Companhia:

O nacionais são ainda mais complicados. Com exceção dos volumes organizados por nós (seleções de contos, de peças etc.) e de algumas pérolas esquecidas, são livros de ampla circulação, com literalmente dezenas de edições, em alguns casos. De novo: não se pode ter um selo de clássicos que não inclua Machado e Lima Barreto, por exemplo.

Para que se tornem interessantes ao leitor, essas edições precisam trazer algo de novo sobre o livro, invariavelmente. Seja uma reinterpretação ou um trabalho de contextualização (nas notas de rodapé), é preciso que esses livros ofereçam uma visão diferente da que se tem da obra. Para tanto, o editor pode se rodear de bons especialistas, acadêmicos, enfim, alguém capaz de realizar essa leitura.

E tendo Triste Fim de Policarpo Quaresma em mãos, é legal perceber como eles estão levando à sério esta questão de fazer algo diferente, que interesse o leitor. Porque não é só um caso de complementar uma leitura, mas também de tirar excelentes títulos como esse de Barreto da injusta lista dos traumas da escola. Se você ainda treme ao ouvir “Triste Fim de Policarpo Quaresma” (que na sua mente vem sempre com o tom monótono de voz da sua professora), repense uma segunda chance. Um livro não é considerado um clássico à toa, e o fato de ter envelhecido tão bem já serve por si só como motivo para reler. Ou ler, caso na escola você tenha ficado só com o resumo.
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Vitor 07/03/2011

Tratado
Um dos livros mais geniais que já li. Um tratado sobre o Brasil que coloca todas as análises de sociológos e afins no chinelo. Não por acaso muitos não compreendem o alcance da obra de Lima de Barreto.
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Kiki 01/03/2011

Policarpo Quaresma
"Policarpo Quaresma um patriota que defende a mudança da língua Portuguesa para a Tupi Guarani,todos da cidade acham que ele está louco e Quaresma vira motivo de piada."
"Desgostoso pelo desinteresse do governo pela melhoria do Brasil."
Um Patriota frustado...livro escrito no século XIX mas atual para ao século XXI.
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Bit 01/03/2011

O romance retrata o início da República, celebrada como um futuro novo e progressista, mas na realidade baseado na organização social montada pelas elites escravistas da Monarquia, estruturas arcaicas e constrangedoras. Ao ficcionalizar as origens da República brasileira, o romance de Lima Barreto estabeleceria alguns padrões definitivos para o debate social por meio da arte. O romance encena o início das articulações políticas e culturais que gerariam os valores e o comportamento médio do Brasil no século XX. A vida pública não passaria de extensão de interesses privados, assim como a política seria mortalmente definida pela vocação ditatorial. Assim o romance apresentar-se-ia como alegoria das origens do Brasil contemporâneo. Policarpo encarna o ideal romântico do nacionalismo tardio, ao passo que Floriano Peixoto representa o poder facilmente mantido pela força, não tanto pela suficiência da força, mas pela inoperância da resistência. O presente texto foi estabelecido a partir da 1ª edição da obra, lançada em vida do autor. O volume traz, também, uma apresentação crítica de Ivan Teixeira e notas ao romance. As ilustrações foram executadas por Paulo Batista
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Paulo Silas 21/02/2011

100 anos depois e o mundo continua dividido entre o ideal e o real
http://semcontinuacao.wordpress.com/2011/02/21/100-anos-depois-e-o-mundo-continua-dividido-entre-o-ideal-e-o-real/



Completa-se em 2011 cem anos que o escritor fluminense Lima Barreto trouxe a lume, por meio de folhetins, o livro Triste Fim de Policarpo Quaresma. Através desta obra de indispensável leitura Lima Barreto objetivou causar impacto e grande abrimento de boca. Foi pra verdadeiramente tornar as pessoas de sua época boquiabertas perante a verdade que ninguém queria ver! Com uma irônica e bem afiada espada-palavra ele foi cortando as carnes sociais do seu tempo. Deliciando-se naquelas bonitas aparências. Gozando a bela e regrada vida das nobres famílias do Rio de Janeiro nos primeiros dias republicanos... Exaltando a sinceridade dos patriotas brasileiros, que apenas tinham por objetivo fazer alçar o Brasil ao pódio das grandes potências... Relembrando que nas Terras de Santa Cruz tudo que for plantado há de crescer... Louvando nossos guerreiros, nossos heróis que tão valorosamente entregaram a vida pela república brasileira... Mostrando com perfeição o nosso repúdio à intromissão estrangeira, pois, afinal, somente tínhamos algumas dezenas de nomes vindo do Francês e do Inglês... Louvando nossas várias faces, nossos Brasis que tão corretamente sabem lidar com etnias diversas... Homenageando àquelas corretíssimas estruturas... As perfeitas e imaculadas estruturas sociais... Ali até se mostrou a beleza do casamento de outrora e tão assustadoramente atual: aquela em que as pessoas se casam porque muito se amam e que para tanto amar tão unicamente precisam dar suaves e discretas amostras exteriores, pois, de novo afinal, que vale o interior?! O mundo é feito de exterioridades...


E no meio de toda essa perfeita sociedade republicana Lima Barreto descreve a imagem dum miserável qualquer que pensou poder transpor e destruir as pérolas excelentes da vida nobre: Policarpo Quaresma. Quem ele era!? Um louco! Um desmiolado! Uma malfeita encarnação de um índio pré-cabraliano!!!


Mas doido ou não, Quaresma foi insistindo nas suas excentricidades. Talvez ele esperasse adquirir aquela “candura e a pureza d’alma que vão habitar esses homens de uma ideia fixa”1... Ou talvez ele fosse doido e nada mais...


Todavia é uma pena que o mundo possua mais normais do que idealizadores! E é em consequencia a esta constatação que outra aparece: a constatação de que sempre as minorias padecerão da pressão que inevitavelmente a maioria em algum momento fará. Ora sutilmente, ora descaradamente. Difícil dizer qual a pior forma de pressão. Se pior é a que se faz com torcidas e retorcidas de boca, levantamentos e abaixamentos de cenho, piscadelas e olhares maliciosos, disparates e trocadilhos quase imperceptíveis; ou se pior é a pressão que se faz desbragadamente, desmedidamente, esdruxulamente, semvergonhadamente!!!


O Major Quaresma sentiu queimar na pele a segunda forma de desprezo. E o major mesmo bem conhecia aquilo pelo qual passava:


─ O major, hoje, parece que tem uma ideia, um pensamento forte.
─ Tenho, filho, não de hoje, mas de há muito tempo.
─ É bom pensar, sonhar consola.
─ Consola; talvez; mas faz-nos também diferentes dos outros, cava abismos entre os homens...2



E qual o fim do pobre coitado Quaresma? Qual o fim encontrado por este doido, desesperado e desconjuntado socialmente? A resposta resta cada um descobrir lendo o livro. Não é uma leitura cansativa, como pode alguém dizer. O interesse certamente está contido no livro, mas é imprescindível para ler Triste Fim de Policarpo Quaresma ─ assim como para a leitura de outros clássicos brasileiros ─, que a pessoa deseje e alimente alguma expectativa. Eis uma boa expectativa: você estará lendo um livro de 100 anos atrás! Isso significa voltar ao tempo. Voltar ao nosso próprio tempo brasileiro e não àquele tempo europeu! Apesar de que sempre nossos tempos foram extrangeirizados! Se isto não for suficiente para fazer uma leitura prazerosa, então se busca outras ideias... O mundo está cheio delas.



“Errava quem quisesse encontrar nele qualquer regionalismo; Quaresma era antes de tudo brasileiro. Não tinha predileção por esta ou aquela parte de seu país, tanto assim que aquilo que o fazia vibrar de paixão não eram só os pampas do Sul com o seu gado, não era o café de São Paulo, não eram o ouro e os diamantes de Minas, não era a beleza da Guanabara, não era a altura de Paulo Afonso, não era o estro de Gonçalves Dias ou o ímpeto de Andrade Neves ─ era tudo isso junto, fundido, reunido, sob a bandeira estrelada do Cruzeiro.”3


1. BARRETO, Lima. Triste Fim de Policarpo Quaresma. São Paulo: Editora Ática. 1997 – Pág. 54
2. Idem – Pág. 61
3. Idem – Pág 22
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Gláucia 17/02/2011

Pobre Policarpo.
Não foi compreendido em seu patriotismo exacerbado e acabou como acabou. Vítima de chacotas, despedido, exilado num manicômio, sozinho e finalmente morto. Vale lembrar que Lima Barreto também teve seu momento Policarpo, passou uma longa temporada num asilo de alienados.
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Evy 20/01/2011

Triste fim de Policarpo Quaresma é uma obra interessante, engraçada e um pouco triste. Quaresma é um patriota sonhador, dominado pela idéia de um Brasil acolhedor, amável, um recanto de farturas, facilidades e compreensão. Ele sonha com uma reforma nacional, cujo objetivo era "despertar a pátria do sono inconsciente em que jazia, ignorante de seu potencial, e conduzi-la ao merecido lugar de maior nação do mundo".

Mas a realidade que ele encontra é outra. Um país nada amável, nem acolhedor. Ao contrário, inóspito, cruel e opressor. Sua paixão pela lingua Tupi é tão grande, que num momento de distração, reescreve um memorando na lingua indígina. Esse fato faz com que seu superior ache que ele está subestimando sua inteligencia e o manda para casa por desacato.

Quaresma acaba num hospício por seu sonho patriota. Isso evidencia a distância entre o sonho e a realidade, critica o idealismo inconsequente e desconstrói o mito romantico de um Brasil superior.

Lima Barreto foi ótimo em sua narrativa, pois o romance transmite uma forte impressão de realidade e tem uma escrita fácil que não entrava a leitura.

"É bom pensar, sonhar consola"
"Consola, talvez; mas faz-nos também diferentes dos outros, cava abismos entre os homens...".


Leitura recomendada!
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Fábio 18/01/2011

É,sem muito o que escrever, é nacionalista de mais e de uma história boba mais é literatura nacional.
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